Francisco Phelipp Preuss
Irmão Probacionista da Rosicrucian Fellowship
AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE
Interpretação esotérica do significado das
Sete Cartas dirigidas às Sete
IGREJAS DO APOCALIPSE
por João de Patmos
Primeira
Edição
Rio de Janeiro - Est. da Guanabara.
1963
Edição Online
2009
Em comemoração ao I Centenário da Rosicrucian Fellowship (1909-2009)
Capa da edição original, 1963.
Contra capa, com dedicatória ao irmão Armando Tempera, da Fraternidade Rosacruz - Centro de Santo André
As interpretações dadas à luz neste livro, são formuladas de acordo com os conhecimentos do autor sobre as Verdades
ensinadas
pelo Rosacrucianismo e divulgadas pelo Místico MAX
HEINDEL, Irmão Leigo da ORDEM ROSA +
CRUZ
PRÓLOGO
Ao falar sobre o
APOCALIPSE, deseja o autor destas linhas esclarecer aos leitores que, se reúnem
neste último livro do Novo Testamento, todos os conhecimentos iniciáticos até
hoje conhecidos e que, literalmente, podem ser entregues ao público. A Justiça
divina colocou este incomparável LIVRO dos sagrados conhecimentos, no fim dos
quatro Evangelhos, antepondo ainda a estes o Velho Testamento com os seus
incomparáveis ensinamentos das Leis da antigüidade.
A mais elevada Luz Espiritual foi posta por João de Pátmos sobre o pergaminho, quando recebeu do Mensageiro de Deus, o Arcanjo Miguel, os ditames sobre o Apocalipse.
Para aqueles que procurarem conhecer este livro tão somente através da inteligência, jamais o conseguirão, pois, ser-lhes-á fechado com sete selos. Neste sentido, pode-se dizer que o Arcanjo, com seu Senhor, o Cristo, não desejavam intencionalmente utilizar-se apenas da inteligência. Queriam muito mais. Desejavam dos leitores dos versículos que soubessem interpretar no Céu a crônica da Terra. Por isso que, foi escrito tão só para aqueles cuja inteligência já se tenha libertado do ilogismo e do dogmatismo. Em verdade, o Apocalipse, em sua estrutura figurada, mostra, incontestavelmente, o ilogismo a todos aqueles que procuram conhecê-lo tão sómente pelo intelecto. Entretanto isto não acontece com o estudante que tenha conhecimentos espirituais, cuja lógica mental não o desvia da sabedoria, pois, obterá esclarecimentos acima da inteligência comum que o ligam às Verdades Superiores contidas nas letras que não foram escritas. Um Escriba ou um Fariseu, jamais poderá penetrar na compreensão da Escritura, pois, sabe ler somente a letra. O Espiritualista sabe que os enigmas ilógicos são fontes de grande sabedoria, chaves para a lógica transcendental. É de se admirar que este monumental livro não tenha sido destruído pelos Escribas e Fariseus, que se entitulavam doutores das Escrituras. Não foi queimado tão importante livro, porque sabiam ser o autor do Apocalipse o mesmo que se recostava no peito do Senhor, e ainda mais, o escritor do Evangelho, João.
Disse o ex-monge agostiniano Martinho Lutero, em alemão Martin Luther, líder do movimento que tentou reformar a Igreja Católica no século XVI, eminente personalidade da teologia no seio do catolicismo agostiniano e mais tarde no protestantismo, quando traduzira os sagrados livros e chegando ao Apocalipse : «SERIA MELHOR NÃO MENCIONAR ESTE LIVRO POR FALTAR-LHE TODA A LÓGICA». Lutero falou a verdade, visto tratar-se de um teólogo e se perguntássemos a qualquer componente de uma escola teológica, receberíamos a mesma resposta.
O místico e o ocultista dispensam a este livro a máxima reverência. Estes, como sabem perfeitamente tratar-se de um livro iniciático-místico-espiritual, desejam antes de tudo perceber a aparente irrealidade, isto é, a parte mística de sua forma enigmática, para depois, pela inteligência, transformá-la em lógica. Para o Ego as verdades são perfeitas e claras, o que, entretanto, não acontece com o intelecto. O que para o intelecto não é lógico e cabível nos planos espirituais, devido à sua falta de comunicabilidade com os superplanos, isso mesmo é para o Ego compreensão e facilidade. O Ego trata da luz espiritual e o intelecto somente da luz refletora, a inteligência humana não divina.
Assim pode-se dizer que o Apocalipse não foi escrito para aqueles que se limitam a julgá-lo tão somente pelo intelecto. Para esse fim, é necessário uma inteligência lúcida, facilmente desdobrável, não acorrentada aos limites de qualquer direção, como o faz a lógica intelectual. O Ego está sempre desejoso de se expandir em todas as direções de seu hemisfério, que se constitui na soma da Universalidade -- DEUS.
Deve-se dizer, ainda, sobre este livro que além de revelar-nos o passado, mostra-nos, também, cronologicamente, os acontecimentos passados, presentes e futuros. O grande ensinamento em torno das revelações do Apocalipse é este: «livrar a humanidade, dos pensamentos caóticos em favor dos de caridade; pôr um freio à dasagregação moral, em prol da libertação benfeitora dos homens de sentimentos religiosos e nobres.» Os Céus aguardam a firmesa dos Espiritualistas porque o diabo foi solto. Isto podemos ver todos os dias. Os tempos mudaram rapidamente para a decadência nestes últimos cem anos, formando uma Babilônia bem pior do que a antiga. Esperam as Hierarquias o esclarecimento de uma inteligência espiritualizada da humanidade desta época; este é o objetivo do Apocalipse em seus enigmas para que sejam inteligentemente decifrados, compreendidos e aplicados devidamente.
A esta altura, deve-se dizer que, afinal, não foi outro o objetivo dos Irmãos Maiores, senão, pôr em atividade os Mestres do Esoterismo que conhecemos pelos nomes de: Helena Petrovna Blavatsky (1831 - 1891), Annie Wood Besant (1847–1933) , Charles Webster Leadbeater (1847–1934) , Franz Hartmann (1838-1912) , Rudolf Steiner (1861-1925), e finalmente, Max Heindel (1865-1919), a se obrigarem a transmitir aos seus discípulos os ensinamentos recebidos dos Irmãos Maiores do Além e daqui. Não teriam tais Mestres do Esoterismo valor algum, se os Hierarcas Universais não vissem neles elementos favoráveis para manter vivas as partes superiores nas inferiores da alma humana. Todos fizeram jus a grande mérito, pois, deixaram alunos e escolas superiores à posteridade em forma espiritual e material.
Em seguida, o autor destas páginas, desenvolve seus conhecimentos obtidos pelos Mestres já mencionados, após haver meditado sobre os mesmos, incluindo seus próprios conhecimentos para poder, assim, cooperar com o leitor em seus estudos esotéricos, O autor parte do princípio de que a VERDADE deve ser transmitida, custe o que custar. Os mestres não desejam que se faça segredo de seus conhecimentos. Todos os homens têm o direito de receber o Maná dos Céus. Mesmo assim, não se atem à vanglória de ensinar a última palavra neste assunto, pois, outros poderão atingir maiores Alturas. Afirma porém, que empregou o melhor de sua sinceridade nos seus estudos e meditações, e se sentirá bem recompensado se assim o for entendido.
O
AUTOR
EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
Tendo apreciado o que se
lê no prefácio, seguimos no estudo dos versículos 12 e 13 do primeiro capítulo
do Apocalipse que assim diz:
«Voltei-me para ver quem
falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro, e no meio dos candeeiros,
um semelhante ao Filho do Homem, com vestes talares, e cingido à altura do peito
com uma cinta de ouro ».
Vejamos o que o Apocalipse explica nestas duas frases: Explica a involução humana desde o princípio de sua manifestação, quando tudo era matéria-espiritual; quando Deus manifestou-se como o VERBO nas diversas densidades evolucionantes, aperfeiçoando a alma humana ao máximo de sua qualidade, para depois, uma vez alcançado tal grau de perfeição, adquirir pela força de seu espírito, que dissolve todas as inferioridades, o ingresso no Corpo de Deus com seu próprio corpo divino, que é o seu Ego.
Analisando o versículo 12 que diz: « Voltei-me para ver quem falava comigo », verificamos em que estado de consciência se achava o Apocalíptico. Ele diz que desejava ver a voz que falava. Não se diz que se quer ver a voz; pode-se ouvir uma voz, Nesse ponto está caracterizada a faculdade que João possuía. Claro é que a voz partia de uma entidade espiritual para a parte espiritual daquele que a ouvia. Nos planos superiores, vê-se a voz ao mesmo tempo que se ouve, pois, ali não existem olhos e nem ouvidos terrenos, tratando-se tão somente de ouvidos e de olhos espirituais. Eis a razão porque João diz que «voltou-se para ver a voz«. Ver e ouvir os planos da Cor e da Harmonia Celestiais que se constituem nas regiões superiores do Mundo do Desejo e da mente.
Segue a frase: « e, voltado, vi sete candeeiros de ouro ». Vejamos o que se pode dizer sobre esta frase. Não se deve dizer: « voltado » e sim « inspirado pelas circunstâncias profundas num ambiente espiritual, vi sete Candeeiros ». Porque devíamos dizer assim? Porque a alma e o Espírito não necessitam de se voltar para ver. O Espírito não tem olhos físicos. A direção das dimenções tem aspecto diferente. O que está aqui, pode estar lá como em cima ou em baixo, dependendo apenas experimentarmos com inteligência o que se quer pesquisar. Claro é que o Apocalíptico usa uma linguagem que só pode ser compreendida pelo pesquisador que possua meios para se infiltrar em sua mente, embora seja uma linguagem enigmática. Este fato explica o versículo 3, que diz assim:
«Bem-aventurados aqueles que lêm e aquêles que ouvem as palavras da profecia e guardam as cousas nelas escritas, pois o tempo está próximo»-
Expliquemos: nem todos sabem ler o
sentido educacional dos mistérios do Apocalipse, razão porque fala com realce:
«Bem-aventurados aqueles que lêm, possuidores que são da sabedoria para lerem
aquilo que se esconde atrás da palavra». Devem-se, também, guardar as cousas que
se ouvem para vivermos nos mistérios do VERBO, pois, o tempo está próximo. Qual
é o tempo próximo para o Iluminado? O passado revelou-se a ele no presente, como
também o futuro. Para o inteligente que saiba ler ou ouvir as palavras que
guarda, os tempos estão presentes, porém, «presentes» não no sentido literal da
palavra e sim que o futuro já lhe foi revelado no presente. Vira o Apocalíptico
aquilo que é do futuro e, assim, todos nós recebemos o conhecimento sobre o
futuro, no
presente.
Ao Esoterista foi reservado o conhecimento daquilo que é do futuro. Bem-aventurado ele é, portanto, pela razão de se aventurar ao estudo para que a alma ouça e sinta a luz que atravessa a palavra. O Verbo de Deus manifestou-se a João, e João a nós.
A seguir, procuremos dar explicações sobre os sete Candeeiros de ouro. « Ouro » sempre significa a máxima pureza e, em nosso caso, a espiritualidade. Encontramos 7 Espíritos. 7 Candeeiros que guiam a humanidade através de 7 Períodos, ou Dias de Manifestação, cada um com 7 Revoluções e cada Revolução com 7 Épocas do nosso Globo Terrestre. Sete Espíritos Arcangélicos dirigem a humanidade desde o princípio até o fim pelos eons dos tempos, alcançando, assim, a sua perfeição. João vê, nessa visão, o Filho do Homem, o HOMEM PERFEITO em forma de Arquétipo.
O versículo 13 afirma do seguinte modo o que foi exposto acima:
« E no meio dos candeeiros, um semelhante ao Filho do Homem, com vestes talares, e cingido à altura do peito com uma cinta de ouro ».
Lembremo-nos da palavra de Cristo:
«A Terra e o Céu passarão, porém minhas palavras ficarão». Desta maneira, o
Arquétipo foi formado antes que a Terra surgisse juntamente com o homem. Passará
em seu curso evoluinte pela mística contagem rosacruz dos 7x7x7. O Arquétipo do
Homem da Terra ou Filho do Homem Perfeito, é o protótipo humano, o Espírito do
Homem, ADÃO. Terá que passar por Períodos, Revoluções e Épocas alcançando,
assim, a perfeição individual para novamente ingressar como Filho do Homem no
Espírito Universal.
Três importantes acontecimentos aguardam ao peregrino em sua caminhada evolucionante, a saber:
1. - Aperfeiçoamento na
peregrinação.
2.- Encontro com o Filho de Deus em seu próprio íntimo. As Núpcias com Cristo.
3.- Após a união com Cristo, reencontra-se com o Pai, ingressando no seu Corpo Universal no Período de Vulcano.
Aprofundando-nos em nossa contemplação sobre esta espiritualidade, perguntamos: qual é o caminho que nos conduzirá a esse ponto? Respondemos: O Apocalipse mostra-nos um Ritual fundado em tempos remotos que nunca foi esquecido pelas religiões avançadas e que jamais o será, em virtude de seu valor divino, pois, está no próprio Corpo de Deus. E como se manifesta Deus no Seu Ritual entregue à humanidade? Vejamos o que foi ordenado a MOISÉS: Colocar 7 Candeeiros de Ouro na Casa de Deus, no Tabernáculo. O caminho da oração passava pelo Candelabro de 7 braços para o encontro, mais tarde, com o SHEKINAH, a LUZ ETERNA em cor vermelha, ou seja, a Luz Criadora, do Espírito Santo, a parte feminina da onipotência, tal como denominação dos Cabalistas. A oração fervorosa ante o Candelabro, resultava no transporte do seu íntimo às Alturas. Lembremo-nos dos tempos de Moisés, quando o corpo etérico não estava ainda tão firmemente ligado ao corpo denso, como em nossos dias. Existia ainda uma ligação com os planos superiores, porque a parte etérica se achava ainda em atividade com os mesmos. O desligamento do corpo etérico durante a oração, processava-se com mais facilidade do que hoje e o Ritual procurava infundir a sua ação espiritual naquele que se achava em oração, porque o laço existente entre o corpo etérico e o denso, diminue durante a oração.
Os Rosacruzes têm em seu Emblema, 7 Rosas fulgurantes representando os 7 Candeeiros de Ouro do Apocalipse. A Estrela de Ouro com cinco pontas fala da Pureza. A cor de ouro simboliza a espiritualidade, qualidade futura do corpo perfeito. Coincide isto com o fato de que os antigos Rosacruzes eram chamados «CAVALHEIROS DE OURO», ou como Cristian Rosenkreutz os denominava: «CAVALHEIROS DA PEDRA DE OURO». As 7 Rosas ligam-se a uma coroa em cujo centro, pela peregrinação, se desenvolve o homem invisível, o «FILHO DO HOMEM», o «Lápis Filosoforum» dos Alquimistas. Assim, pode-se dizer que, mais tarde, pelos próprios sacrifícios em seu corpo, os Candeeiros lentamente concentrarão as suas faculdades dominantes no Espírito e apagar-se-ão no exterior para se iluminar no interior, invisivelmente. Os 7 Candeeiros no altar do corpo serão sublimados a favor do nascimento da Rosa Branca, invisível na Cruz do Corpo.
A seguir transcreveremos novamente o versículo 13 para entrarmos em maiores detalhes sobre o mesmo:
«E no meio dos candeeiros, um semelhante ao Filho do Homem, com vestes talares, e cingido à altura do peito com uma cinta de ouro».
Devemos dar maior expressão a respeito dos Candeeiros. Sem Altar, não existe o Candeeiro, nem Sacerdote e nem Ritual. Os Rosacruzes têm no seu Templo um Altar com as 7 Rosas, e o seu Ritual com o celebrante, achando-se este, pela recitação do Ritual, à disposição de Deus para transmitir as Forças Divinas àqueles que se encontram no Templo. Claramente ensina o versículo para que se una aos 7 Candeeiros ou às 7 Rosas, alguém semelhante ao FILHO DO HOMEM trajado com vestes talares. Sabemos que só um Sacerdote pode usar vestes talares. O Talar em perfeita brancura e na altura do Peito cingido com uma cinta cor de ouro, obtém-se pelas purificações constantes no curso de sucessivos renascimentos. A cinta com a cor do SOL, demonstra a Força Universal Solar em transmissão à Terra, captada na hora do Ritual pelo Sacerdote e entregue à multidão. Devemos lembrar-nos de que o TEMPLO ETÉRICO INVISÍVEL alimenta-se constantemente das forças cósmicas de onde, por sua vez, são transmitidas para o mundo visível àqueles que se acham congregados a esse Templo. Assim sendo, não existe duvida sobre o ponto em que deve haver Sacerdotes, Afirmamos isto baseados no versículo 6, que diz o seguinte:
«E nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a Ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém».
Cristo manda dizer a João por seu Mensageiro Solar Miguel, que escreva essas ordens. Não temos mais dúvidas de que devemos ter Sacerdotes a quem precisamos respeitar. Viu João o Sumo-Pontífíce com uma peculiaridade imprecionante. Ele o descreve no versículo 14, assim:
«A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos como chama de fogo».
Em seguida, diz o versículo 15:
«Os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como voz de muitas águas»
O versículo 16 fala ainda sobre o Sumo-Pontífice com tremenda magestade:
«Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saia-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força».
Passo a passo, inteirando-nos da significação dos versículos, encontramos as seguintes explicações: «Temos os cabelos como o branco da neve», um ancião de quem não se sabe a idade; «os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha» sem cinzas, pois, passara pelos séculos dos séculos, de Globo em Globo, chegando à Terra e tornando-se Deus-Homem. «Tem a voz de muitas éguas» -- a sonoridade das Harmonias das Esferas.
O Apocalíptico achava-se à frente do Sumo-Pontífice, o Cristo-Solar. Este tem como sinal de S e u Reino, a coroa dos mundos - o SOL. Em Sua magestade, dirige a evolução e tem por símbolo de Sua dinastia, domínio e justiça - as 7 estrelas em Sua mão direita. Cristo domina desde o Período de Saturno até o de Vulcano, desde o começo até o fim. Dirige os 7 Períodos onde Ele se acha como doador da Luz e da Vida. Sumo-Pontífice Ele é pois, e tem em Si a voz de muitas águas - a Harmonia das Esferas - com dupla ação: a Harmonia que edifica, e destroi a desarmonia. Da boca, saia-lhe uma afiada espada de dois gumes, isto é, o Verbo cheio de entusiasmo e de Força Criadora, constante e dinâmica.
Os olhos são incomuns, fogosos, vendo tudo, ultrapassando as deficiências das criaturas; olhos que não perdoam a malignidade mental, a hipocrisia e a mentira, por serem opostas à Verdade. Olhos que fulminam o mal, mesmo tendo por Lei a tolerância. São olhos dos quais ninguém pode se ocultar. O FILHO mostra na espada flamejante de Sua boca o Poder Criador e a vontade pelos olhos cheios de LUZ. Este é o protótipo de Sacerdote que João viu, o Sumo-Sacerdote que constitui Sacerdote na Terra. Onde estão estes Sacerdotes? Poucos se encontram. Os Templos estão cheios de Escribas e Fariseus, de ídolos mortos vivos; bonecos vivos e mortos vestidos com panos de seda de cores múltiplas e de ouro puro. O Sumo-Pontífice, porém, está vestido simplesmente com panos brancos e com uma cinta cor de ouro, e nada mais. O resto é vitalidade. Se um verdadeiro Sacerdote se levanta contra os Fariseus cegos, guiando outros cegos, o que fazem dele?
Enxotam-no do seu lugar, do seu Templo e crucificam-no. Acontece que, embora crucifiquem o Cristo todos os dias, a espada de dois gumes persiste nos escolhidos do Sumo-Pontífice. Estes continuam a sacrificarem-se, como fizera Cristo pela Humanidade. A sua linguagem é Fogo cheio de Vida e de Entusiasmo, pois, sem estes atributos não existe sacrifício, nem instituição sacerdotal. Isto mostra o que João viu, com referência ao Supremo Sacerdote, cujas qualidades devem estar nos que são os responsáveis pelo culto do Templo. Entusiasmo é o Verbo pronunciado com poder criador adquirido dos Planos Superiores em transmissão aos homens, purificando-os de seus pecados. O Templo do Senhor é o Cosmos e cada sacerdote deve ser uma pedra no Templo Universal de seu Mestre. Bem fez Cristo ao responsabilizar o apóstolo Pedro, pela Sua Igreja Universal. O que foi feito na Igreja Universal, já sabemos. Quem passar com Cristo pelo fogo da fornalha purificadora da evolução, conseguirá o sacerdócio por força do Verbo Divino que fala em seu coração, ou seja, o Templo Invisível de Deus. O resto será posto fora de ascenção, por falta do Verbo Vivificador. A espada de dois gumes bem afiada vem dar-nos como advertência uma ordem no sentido de que nos inteiremos da espiritualidade, para que possamos dar ao nosso EGO um ambiente Divino. Caso contrário, este sucumbirá, retardando-se a uma época anterior. Hoje seremos ensinados pelo Verbo Divino do Sumo-Pontífice e pelos Seus Sacerdotes, no sentido de que ambientemo-nos e alimentemos do CORPO DIVINO DE CRISTO. Este é o milagre que se opera em todo aquele que se beneficia da espada e dos olhos flamejantes em si mesmo, pela unificação das forças procedentes de seu corpo.
O Apocalíptico é muito claro em sua expressão. Ele não nos ensina a nos tornarmos «doutores feitos em seminários e academias», doutores de religião, títulos auferidos pelos homens. Estes já conhecidos antes da era do Senhor. Ele dizia conter ninhos de víboras em seus corações. Destes jamais se necessitam em nossos tempos. Chegou o momento dos espiritualistas. A atividade do Verbo Divino deve ser demonstrada, assim como a sua Justiça e a sua Verdade. O Batismo de fogo do Espírito Santo cheio de entusiasmo da Páscoa, descrito nos Livros Sagrados, a vida íntima de cada cristão esclarecido, deve, como mais tarde poderemos verificar pela descrição das Cartas às 7 Igrejas, acabar com a maldade da indiferença da raça humana. Os espiritualistas sabem e não se cansarão jamais de ensinar que Cristo é um Ser Vivo, pois, aquele ídolo semelhante a um homem crucificado, não existe. Cristo vive e sempre será o soberano, tendo por Trono o Globo Solar. Diz João: «O SEU ROSTO BRILHA COMO O SOL EM SUA PLENITUDE». Estamos convencidos da presença de Cristo junto a João ao pronunciar essa verdade.
Sabem perfeitamente os espiritualistas que, quando se fala de Jesus, não se refere a Cristo. Jesus é o filho de Maria e de José. Jesus ó a reincarnação do Espírito de Salomão. Aceitamos o ensinamento, segundo o qual o corpo de Jesus, aos 30 anos de idade, se achava a tal altura de desenvolvimento para receber a Iniciação antiga pelas águas do Rio Jordão e logo sentir o Batismo de Fogo do Espírito Santo que nunca mais o abandonou. Desde então, o Guia do Sol e da Terra, CRISTO, passou a viver no corpo de Jesus. Compreendemos que, na morte de Jesus, os sofrimentos deste foram sentidos por Cristo, uma vez que estava intimamente ligado com ele, Cristo não podia morrer, pois, possuía, como possue realmente, o poder da vida; era e é o Espírito da Vida, e não da morte. Tem em Si o poder da transformação da morte em vida, como muitas vezes lemos nos Evangelhos. Explica isto o versículo 18:
«E aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno».
Cristo em Jesus teve ou sentiu a morte igual à dos homens da terra. O corpo de Jesus era feito de barro, ao passo que Cristo é do Sol, onde não existe a morte. Assim, pela Sua transferência a uma criatura terrena, transmutou as disposições biológicas, espiritualizando o corpo de Jesus ao ponto de transformá-lo em incorruptível, o que não se verifica geralmente com os corpos dos homens. ELE mudou completamente as densidades físicas do corpo de Jesus, razão pala qual, como já sabemos, não mais foi achado esse corpo denso, depois da crucificação, Cremos, então, como o versículo 18 diz: «Estive morto, mas eis que estou vivo peles séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno», que, não podendo Cristo e nem Jesus morrer, logicamente acham-se Eles constantemente em nossas vidas e em atividade vivificante, e ninguém mais pode morrer ou seja aniquilado no inferno. Afirma isto o versículo 17:
«Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém, ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último».
Cristo ensina-nos algo imensurável,
mostra-nos o Seu Poder infinito. Um círculo sem começo e sem fim, o Alfa e
Omega... constante; tudo que era, tudo que é e tudo que será. A sempre
existência e a impossibilidade da morte. «João caiu a Seus pés como morto». Não
pôde suportar a formidável visão, e o que fez Cristo? Colocou a Sua mão direita
sobre João, uma benção equivalente a um Batismo Espiritual, a transmissão de
poderes espirituais, ordenando-lhe não mais temer. Na mesma hora, sentira João a
perda da sensação da morte, e ressuscitou. Soube, daí, a não existência da morte
e do Hades, pois, lhe disso o
Supremo:
«EU SOU O PRIMEIRO E O ÚLTIMO». Significa isto evidentemente que ELE salvará a todos e só depois será o «ÚLTIMO».
Após essa visão, João saiu fortalecido, escrevendo o versículo 19 que Cristo lhe ordenara:
«Escreva pois, as cousas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas».
Averiguemos o que João teria visto na presença de Cristo. Por força de sua consciência interna, foi transportado e ensinado a ver os acontecimentos do passado, do presente e do futuro. Passaram-se ante a sua visão os panoramas dos Períodos, das Revoluções e das Épocas, desde o começo até o fim. E porque lhe foram ensinadas estas cousas? Foi ditado a João que ensinasse os acontecimentos futuros. Os Ensinamentos do Apocalipse devem ser ensinados aos Esoteristas e a todos aqueles que, de boa vontade, se tornem capazes de utilizar tais prescrições em suas almas, aprimorando, assim, seus renascimentos em tempos futuros. As religiões futuras não mais ensinarão a necessidade do sofrimento para se alcançar o Reino de Deus. A aceitação da Força Divina de Cristo por si só destroi o sofrimento e um novo Ser se levanta dos escombros do passado. Aquilo que hoje se refere à morte, deve ser destruído, diz Cristo, pois, «estive morto, mas eis que estou vivo». Vivo dentro de cada um. Sois ressuscitados desde que Eu ressuscitei da morte, e cada um ressuscitará a seu tempo, pois, «EU SOU O PRIMEIRO E SEREI O ÚLTIMO».
1a. C A R T A
(À Igreja de Éfeso)
As 7 Igrejas do Apocalipse
Francisco Ph. Preuss, Irmão Probacionista
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