CENTENÁRIO DO CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS

 

Ciclo de Conferências Públicas na Sede da Fraternidade Rosacruz - Centro Autorizado do Rio de Janeiro

Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Centro Autorizado do Rio de Janeiro 

Sexta  Palestra

Realizada em 29 de Agosto de 2009

PARTE  VI – OS MUNDOS FÍSICO, DO DESEJO E  DO PENSAMENTO E O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL DO SER HUMANO.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

Em nossas palestras anteriores, visitamos os Mundos Físico, do Desejo e do Pensamento, identificamos suas características, seus habitantes e o relacionamento que estabeleceram com a nossa humanidade. Para completar essa descrição, cabe agora dirigir nosso foco para a evolução como um processo dinâmico envolvendo esses mesmos três mundos de forma integrada e interativa, especialmente durante o Período Terrestre, quando atingimos nossa individualidade e nos tornamos responsáveis por nossa própria evolução. Esse nosso aprendizado, como indivíduos, é orientado basicamente por duas Leis fundamentais, a Lei do Renascimento e a Lei de Causa e Efeito. A Lei do Renascimento nos leva a assumir uma nova personalidade a cada renascimento, contendo a essência da experiência pelas quais passamos em vidas anteriores, sob a forma de virtudes e de consciência. A Lei de Causa e Efeito nos dirige, a cada nascimento, para as condições mais adequadas e necessárias para esse nosso aprendizado. Renascemos para adquirir experiência, conquistar o mundo, sobrepormo-nos à personalidade e atingirmos o domínio próprio. Mas há uma terceira força, além das Leis mencionadas, que emana do próprio Espírito, a Epigênese, que é a capacidade de criar caminhos inteiramente novos e não a seleção entre alternativas já conhecidas.

 Uma das características marcantes do Processo Evolutivo é a recapitulação de condições análogas àquelas já experimentadas pelo indivíduo, porém, em níveis crescentes de perfeição. Por essa razão, o símbolo do processo evolutivo é uma espiral, em que cada passo, apesar de repetir condições já experimentadas, se situa em níveis cada vez mais elevados. Essas espirais se repetem no tempo  e nas diversas fases do processo, como espirais dentro de espirais.  A seguir transcrevemos um trecho da mensagem enviada pelo Centro Autorizado do Rio de Janeiro aos participantes do Sexto Encontro Rosacruz, realizado em 8 e 9 de agosto de 2009 em Assunção, Paraguai, relacionado ao tema.

 “Desde o Período de Saturno, quando recebemos o gérmen do corpo denso na primeira Revolução desse período, esse padrão de recorrência atua como suporte à Evolução. Cada primeira revolução de qualquer período é uma recapitulação do trabalho feito sobre o corpo denso. Analogamente, a segunda revolução recapitula o trabalho realizado sobre o corpo vital, cujo gérmen nos foi dado na segunda revolução do Período Solar. A terceira revolução recapitula o trabalho realizado sobre o corpo de desejo, cujo gérmen nos foi dado na terceira revolução do Período Lunar. Seguimos assim até  a sétima revolução, que desenvolve algum trabalho relacionado com o Espírito Divino, já que esse espírito foi despertado na sétima revolução do Período de Saturno. Na realidade, esse padrão de recorrência pode ser observado nos níveis mais detalhados do processo evolutivo, reproduzindo-se nas espirais dentro de espirais. A primeira revolução de qualquer período, a permanência no Globo A e a primeira época de qualquer globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período de Saturno. A segunda revolução de qualquer período, o Globo B e a segunda época de qualquer globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período Solar. Analogamente, ocorre o mesmo para todas as revoluções, globos e épocas até a sétima. O trabalho novo de um período, globo e época só se inicia após essa fase de recapitulação do que já foi realizado. Estamos vivendo, no momento, a Época Ária do Globo D do Período Terrestre, que é a quinta época desse globo. Por ser a quinta época, um trabalho está sendo realizado sobre o Espírito Humano. Recordemos que, na quinta revolução do Período Lunar, os Serafins despertaram  o terceiro aspecto  de nossa triplicidade espiritual. E temos então que é na Região do Pensamento Abstrato que o Espírito Virginal se conhece a si mesmo como um Espírito separado dos demais. Essa noção de separatividade ainda está muito forte em nossa quinta época. Ainda vivemos todos os problemas da separatividade causada pelas religiões de raça e todos os outros problemas decorrentes dessa tendência. Somente na sexta época, quando o trabalho da evolução se deslocar para o Espírito de Vida, nosso sexto veículo, despertado na sexta revolução do Período Solar, é que a noção de unidade e de fraternidade se tornará muito mais intensa, pois o Mundo do Espírito de Vida é o primeiro Mundo Universal e o mundo da Consciência Crística. Acreditamos que esse permanente processo de recapitulação objetive a construção de uma base firme sobre a qual possam ser desenvolvidas as atividades novas, resultantes da expressão de nossa natureza divina, que é a Epigênese. Certamente erros são cometidos com a expressão de nossa criatividade, como toda nossa história nos mostra, mas sempre haverá oportunidades para avaliação e correção desses erros. O processo evolutivo, concebido pela Mente Divina, provê meios para essa avaliação e correção, como provê também meios para o gozo de todas as nossas retas ações, sentimentos e pensamentos. Sabemos que após vivermos no Purgatório a expiação de nossos maus atos e hábitos, voltamos em vidas posteriores para sermos testados nessas mesmas falhas e maus hábitos, para que provemos que aprendemos a lição. É uma repetição das mesmas condições nos ajudando a crescer. Uma coisa é reconhecermos que estávamos errados. Outra coisa é provarmos que não erramos mais”.

Esse padrão de recorrência que mencionamos pode ser também observado no ciclo que o Espírito percorre a cada renascimento e morte, nos três mundos a que nos referimos acima, os Mundos do Pensamento, do Desejo e Físico. Esse ciclo é descrito no diagrama ao final do Capítulo 3 do CONCEITO ROSACRUZ, intitulado “UM CICLO DE VIDA”.

 

2. PREPARAÇÃO PARA O RENASCIMENTO

 

Após permanecer no Terceiro Céu por algum tempo, vem o desejo de novas experiências, seguido da contemplação de alternativas possíveis para o panorama de uma nova vida. São visões da futura vida em que as imagens são apresentadas na mesma ordem que poderão ocorrer nessa futura vida. O Ego escolhe então uma dessas alternativas e uma vez feita a escolha não poderá mudar de opinião.

Antes de submergir-se na matéria, o tríplice espírito está sem os veículos que formam sua personalidade, tendo somente as forças dos quatro átomos semente do tríplice corpo e da mente.

Iniciando sua submersão na matéria, são despertadas as forças da mente de sua última vida, latentes no respectivo átomo-semente. Esse átomo começa então a atrair matérias da Região do Pensamento Concreto com as quais tenha afinidade, formando-se então, com matéria das quatro regiões do Mundo do Pensamento Concreto, a nova mente daquele Ego.

O processo se repete quando o Ego chega à mais elevada região do Mundo do Desejo,  em que o átomo semente do corpo de desejos começa a atrair materiais com os quais tenha afinidade, continuando o processo até alcançar a primeira região desse mundo.

A seguir entra em atividade o átomo-semente do corpo vital. O material da Região Etérea é atraído da mesma forma que nos mundos superiores pelos quais o Ego passou, ou seja, material com o qual o átomo-semente tenha afinidade. Mas a construção do novo corpo vital e sua colocação no meio conveniente são feitas pelos “Anjos do Destino”, já que o ser humano ainda não está capacitado a realizar essa tarefa. O éter refletor é incorporado no corpo vital em formação de modo a refletir as cenas da vida que o Ego irá viver. Embora ainda não possa ficar inteiramente responsável pela construção de seu corpo vital, há espaço, no entanto, para a participação do Ego, que incorpora a quintessência de seus corpos vitais anteriores e ainda realiza um pequeno trabalho original, como expressão de sua própria epigênese.

Nesse trabalho de preparação para o renascimento, ressalta como de grande importância a escolha do ambiente e da família em que o Ego irá renascer. O Ego traz, de vidas anteriores, inúmeros relacionamentos tidos em outras vidas que irão se manifestar na próxima vida, de acordo com a escolha feita por ele mesmo ao examinar o panorama dessa vida no Terceiro Céu. O Ego então é levado a renascer na família e no ambiente que respeite esses relacionamentos anteriores e a escolha por ele feita. É importante lembrar que parte de sua nova vida será constituída por eventos que irão necessariamente ocorrer, por se tratarem de eventos estabelecidos pela Lei de Conseqüência aos quais não poderá se furtar e que formam o chamado “Destino Maduro”.

O corpo vital, conforme modelado pelos Anjos do Destino, proporcionará a forma do corpo denso, órgão por órgão, e é colocado, como matriz, no útero da futura mãe. O átomo semente do corpo denso, por sua vez, é colocado na cabeça de um dos espermatozóides do pai.

O Ego que renasce executa algum trabalho sobre o átomo semente de seu corpo denso ao incorporar a quintessência das qualidades físicas obtidas em vidas passadas e, quando capaz disso, contribuir com algo de original para seu novo corpo. Nesse trabalho, o Ego é restringido a usar materiais tomados de seus genitores. Por essa razão, o Ego renasce de pais onde possa obter os materiais compatíveis com o arquétipo de sua nova vida.

Uma vez impregnado o óvulo, o corpo de desejos da mãe trabalha sobre esse óvulo de dezoito a vinte e um dias, quando o Ego permanece de fora da matriz materna. Terminado esse período, o Ego entra no corpo da mãe e incuba seu futuro corpo até o nascimento do novo ser. Nas anotações deixadas por Max Heindel e publicadas em 1928 na revista Rays from the Rose Cross nos é dito que durante os primeiros vinte dias do período de gestação, o sangue do feto é nucleado pela vida da mãe, que regula o processo de construção do corpo. Em seguida, o Ego começa a trabalhar, de fora, sobre o feto. Então, a parte inferior do Cordão Prateado, de matéria etérea, começa a surgir do átomo semente do corpo denso, no coração. Paralelamente, a parte do cordão de matéria de desejos começa a surgir do vórtice central do corpo de desejos, aquele que está radicado no fígado, nos momentos em que o Ego está em consciência de vigília. Max Heindel nos diz também que é no quarto mês que o espírito interpenetra os veículos do feto, do mesmo modo que foi na quarta época, a Atlante, que o Ego penetrou seus veículos tornado-se ativo. Essa interpenetração do Ego é simultânea à união das partes etérea e de desejos do cordão prateado, que se dá no plexo solar, na junção dos dois seis. É nesse local do corpo vital que está localizado, durante o período de vigília, o átomo-semente do corpo vital.

 

  1. O NASCIMENTO DOS CORPOS

 

O corpo físico é o primeiro a nascer. Os veículos do recém-nascido não se fazem ativos imediatamente e a criança depende inteiramente dos adultos que dela cuidam. Os corpos além do físico, não nascem imediatamente, conforme iremos descrever. Cabe lembrar que o corpo físico está em seu quarto período evolutivo, onde alcançou a maturidade. No período seguinte, o Período de Júpiter, a alma consciente, que é o extrato das experiências obtidas com a utilização do corpo físico, será absorvida por sua contraparte espiritual, o Espírito Divino, durante a sétima revolução desse período.

Esse mesmo padrão prevalece para os demais corpos, o de serem necessários quatro períodos para um veículo chegar à sua maturidade. Assim, o próximo corpo a nascer é o corpo vital, aos sete anos de idade da criança. É interessante notar que o padrão representado pelo número sete é observado para o nascimento do corpo vital e dos demais veículos superiores. Observe-se que esse número de anos é o período em que a Terra percorre, por sete vezes, sua órbita em torno do Sol, à semelhança das sete revoluções de cada Período Evolutivo. Durante o período dos primeiros sete anos da criança, ela funciona com seu corpo vital ainda dentro da envoltória do corpo vital macrocósmico, a mãe natureza. Nesse período até os sete anos de idade, os pólos negativos dos éteres são os mais ativos. Aos sete anos, o corpo vital da criança se libera da envoltória do corpo vital macrocósmico  e passa a atuar independentemente. O corpo vital terá sua maturidade no Período de Júpiter e a alma intelectual, o extrato das experiências com o corpo vital, será absorvida pelo Espírito de Vida na sexta revolução do Período de Venus.

Dos sete aos quatorze anos, se dá o amadurecimento do corpo de desejos, seguindo o mesmo padrão estabelecido pelo número sete. O Corpo de desejos está em seu segundo período evolutivo e precisa de mais dois períodos evolutivos para chegar à maturidade. Em relação ao nascimento do corpo de desejos da criança, a liberação desse corpo do de desejos macrocósmico se dá aos quatorze anos, ou seja, mais dois períodos de sete anos após o nascimento do corpo físico. É durante esse período dos sete aos quatorze anos que se dá o amadurecimento da parte do Éter de Vida do cordão prateado, como preparação para a adolescência, sendo seu crescimento sincrônico com o amadurecimento do segmento de desejos do cordão. Aos quatorze anos nasce o corpo de desejos e, com ele, o Éter de Luz amadurece, o que ocasiona o período de “sangue quente” da adolescência, pois é através do calor do sangue, função do Éter Luminoso, que o Ego faz sentir sua presença no corpo. A criança se reconhece então como um indivíduo. A alma emocional, o extrato das experiências obtidas através do corpo de desejos, será absorvida pelo Espírito Divino, durante a quinta revolução do período de Vulcano.

Depois dos quatorze anos, a mente nutrida pela mente macrocósmica, começa a desenvolver suas possibilidades latentes para permitir a criação de pensamentos originais. O nascimento da mente dar-se-á quando o jovem ser completar vinte e um anos, após três períodos de sete anos. O Éter Luminoso estará então plenamente desenvolvido, o que permitirá a produção de sangue individual e na temperatura adequada, dando condições para que o Ego tome posse completa de seus veículos. Em paralelo ao desenvolvimento da mente individual durante o terceiro período de sete anos, observa-se o crescimento do terceiro segmento do cordão prateado, feito de matéria mental e que liga o átomo semente da mente ao átomo semente do corpo de desejos. Observa-se também, além do amadurecimento da parte de éter luminoso do segmento etéreo do cordão, o crescimento da parte de éter refletor desse mesmo segmento, crescimento esse que, segundo notas de Max Heindel, poderá continuar até a idade de vinte e oito anos. O crescimento da parte do cordão formada por éter refletor, segundo essas notas, acompanha aparentemente o crescimento do segmento mental do cordão, possivelmente pela importância do éter refletor para o processo do pensamento. A mente aperfeiçoada, encerrando tudo o que foi adquirido nos períodos evolutivos, será absorvida pelo Espírito Divino ao final do Período de Vulcano.

 

  1. O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL.

 

A descrição do processo de preparação e nascimento de nossos veículos mostra a grandiosidade e a sabedoria do Plano Divino, proporcionando a todos os indivíduos em evolução as ferramentas de que necessitam para transformar os poderes latentes que dispunham no alvorecer do Dia de Manifestação em poderes dinâmicos. Essas ferramentas são os veículos que formam sua personalidade (os corpos físico, vital, de desejos e a mente), que foram dados aos seres vivos pelas Hierarquias Divinas ao longo dos quatro primeiros períodos evolutivos. Conforme vimos na descrição acima, o produto da utilização dos corpos e a mente aperfeiçoada serão absorvidos pelo Espírito ao final do Dia de Manifestação como Poder Anímico e Mente Criadora.

O Ego tem a sua existência física para adquirir experiência através desses seus instrumentos. Ele é ajudado ao longo de todo seu caminho. Uma das principais ajudas são as religiões, que procuram desenvolver o lado devocional do ser humano, procurando dar condições para que o ser possa estar sempre em harmonia com o seu Eu Superior, a parte divina que nele habita. Esse tema sobre as religiões será desenvolvido em palestra futura.

Outro tipo de ajuda é dirigido àqueles que buscam compreender o universo e os seus mistérios por via intelectual. Esse é o campo de atuação particular das escolas de ocultismo. As escolas de ocultismo são sete, como são os Raios da Vida, os Espíritos Virginais, e cada escola pertence a um desses raios. A Escola Rosacruz é uma dessas escolas, criada especialmente para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual os faz esquecer o coração e a buscar, às vezes de maneira muito fria, uma explicação lógica para todas as coisas. Mas o objetivo final de todas as ajudas é o mesmo, a união da personalidade com o Eu Superior, estando este no comando de todas as ações.

No Evangelho de Lucas (7:1-10), que trata da cura do servo de um centurião, é feito referência ao tipo de aspirante caracterizado como o ocultista. Cristo se surpreende com a fé demonstrada pelo centurião que, na parábola, representa a mente, pelo comando que tem sobre os soldados (faculdades) sob a sua autoridade. Ele não esperava que uma pessoa que não fosse do tipo místico pudesse ter tanta fé, ao dizer que “nem mesmo em Israel achei fé como esta”.

O objetivo das escolas de ocultismo é o treinamento dos diferentes veículos do homem e que deve ser feito sincronicamente, pois as mudanças em cada veículo visando seu aperfeiçoamento não podem ser feitas sem que os demais veículos também se modifiquem. Por essa razão, uma preocupação maior do aspirante à vida superior com a higiene e a dieta, por reconhecer que seu corpo é o templo do Espírito não terá maiores resultados se a mesma preocupação não for observada em relação às suas emoções e aos seus pensamentos.

Hoje em dia é crescente o número de pessoas que buscam uma dieta equilibrada, sendo crescente também o número daqueles que seguem uma dieta vegetariana, não somente pelos benefícios que traz à saúde como também por amor aos animais.

Mas se cuidamos de nosso corpo físico pela dieta e pela higiene por ser o corpo um templo do espírito, preocupação maior deve ser dada ao que vibra e ressoa dentro desse templo, através de nossas palavras, sentimentos e pensamentos. A utilização freqüente da oração pode dar ao interior de nosso corpo o nível vibratório adequado para que a harmonia e a paz estejam sempre presentes. E a oração que o Senhor nos deixou, o Pai Nosso, é a oração ideal para ser proferida, pois ela é dirigida a todos os nossos veículos, conforme nos ensina o CONCEITO em seu capítulo XVII, subtítulo A ORAÇÃO DO SENHOR, texto que recomendamos ao leitor ler e sobre ele meditar.

O ser humano moderno está praticamente todo voltado para o mundo exterior, com o qual se comunica por meio dos sentidos. Mas em um passado remoto, o ser humano estava em contato com os mundos internos, sendo o corpo pituitário ou hipófise e a glândula pineal ou epífise os órgãos que permitiam esse contato. Estavam relacionados ao sistema nervoso simpático. Essa capacidade de ver os mundos internos foi manifesta no Período Lunar, na última parte da Época Lemúrica e na primeira parte da Atlante. Em nossa palestra anterior, dissemos que, quando houve a recapitulação do Período de Saturno na primeira revolução do Período Terrestre, os Senhores da Forma trabalharam sobre o sistema nervoso simpático herdado do Período Lunar com o objetivo de dividir esse sistema em duas partes. Assim o sistema nervoso voluntário com o cérebro frontal pôde ser criado. Desde a Época Lemúrica, a humanidade passou a trabalhar sobre o sistema nervoso cérebro espinhal, para adaptá-lo às suas necessidades e torná-lo suscetível ao controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, o sistema estava tão desenvolvido que foi possível ao Ego tomar posse plena do corpo denso.  Isto se deu quando  o ponto do corpo vital se pôs em correspondência com o ponto da raiz do nariz do corpo denso. Desde esse tempo, a conexão entre a glândula pineal, o corpo pituitário e o sistema nervoso cérebro espinhal foi se realizando lentamente e está quase completa. Para voltar a ter contato com os mundos internos essas duas glândulas citadas deverão ser despertadas, porém em um ciclo superior da espiral, porque estará em conexão com o sistema nervoso voluntário e, portanto, sob o domínio da vontade do Ego. 

Os Evangelhos fazem menção ao despertar da glândula pineal por meio de linguagem simbólica. Em Mateus (27:57-60), nos é dito que José depositou o corpo de Jesus em um túmulo novo que fizera abrir na rocha. O novo túmulo aberto na rocha representa a glândula pineal, cujo processo de espiritualização representa a construção da pedra filosofal. No Capítulo seguinte desse Evangelho é dito que um Anjo do Senhor desceu do Céu e removeu a pedra, sentando-se sobre ela, indicando que a glândula pineal, através do Poder Divino, tornou-se ativa. É importante notar que nessa descrição bíblica o despertar da glândula pineal se dá no contexto da morte e da ressurreição, que é o símbolo esotérico para o processo de Iniciação. Há uma grande analogia entre o processo de morte e  ressurreição e o processo da Iniciação. Em ambos o Espírito deixa o corpo e tem a consciência dos mundos superiores. A diferença é que, na morte, não há o retorno para o corpo. Também em Mateus (16:13-20), Jesus diz a Pedro que “tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei minha Igreja”, simbolizando o despertar da epífise.  

O despertar dos órgãos do conhecimento se dá por meio da educação ou treinamento esotérico. Mas antes de o aspirante receber instruções específicas com essa finalidade, terá que ter vivido uma vida de elevado padrão moral, dedicada a pensamentos espirituais e a serviço de seus irmãos. As forças com que o aspirante conta para seu desenvolvimento espiritual são as forças criadoras que ele não utiliza, economizando-a para seu crescimento espiritual. As forças criadoras devem ser usadas unicamente para permitir o renascimento de um ser e, nesse aspecto, aqueles que estão em melhores condições para gerar corpos densos apropriados às necessidades de seres que aguardam essa oportunidade têm o dever de fazê-lo. Muitos Egos elevados não podem nascer, por não encontrarem pais suficientemente puros para proporcionar-lhes os veículos físicos adequados. José e Maria deram o mais belo dos exemplos ao prepararem o mais puro corpo denso que era possível gerar para ser usado por um Arcanjo, o Cristo, conforme iremos tratar em palestra vindoura.

A força sexual economizada forma uma corrente que sobe pela coluna espinhal e a laringe ou pelo coração e a laringe, conforme o caminho que é seguido pelo aspirante, o de um ocultista ou de um místico. O diagrama 17 do CONCEITO mostra os caminhos seguidos pelas forças criadoras nos dois casos e também no caso de um adepto, onde se dá o equilíbrio perfeito. Sob orientação superior, exercícios são realizados pelo aspirante para por em vibração a hipófise, o que faz com que as linhas de força que constituem a corrente ascendente das forças criadoras alcancem a epífise, estabelecendo assim uma ponte entre esses órgãos. Desse modo, a percepção do Mundo Físico é ampliada para incluir a percepção do Mundo do Desejo, tornando a pessoa clarividente voluntária. Mas ver os Mundos Internos não garante agir dentro deles. Para isso, o aspirante necessita de um veículo capaz de permitir sua atuação nos Mundos Internos.

Dos veículos superiores do ser humano, apenas o corpo vital (os éteres superiores) está pronto para funcionar nos Mundos Internos, porque o corpo de desejos e a mente não estão ainda organizados para tal. Sabemos da Filosofia Rosacruz que os éteres superiores são meios para a percepção pelos sentidos e para a memorização. Isso torna possível que as recordações das experiências suprafísicas possam chegar até a memória consciente. Os éteres superiores são também a sede da Alma Intelectual, que o aspirante constrói vida após vida. Daí, sua denominação de corpo alma, ou seja, o corpo que abriga a alma. Dessa forma, os éteres superiores podem ser o suporte para o Ego nos Mundos Invisíveis enquanto os éteres inferiores permanecem junto ao corpo durante o repouso. Assim, durante o sono, o aspirante tem a oportunidade de funcionar conscientemente nos Mundos Internos, quando deixa de lado a consciência do mundo externo, ao levar consigo os éteres superiores. Recomendamos ao leitor ler o Capítulo XVII do CONCEITO, para compreender melhor o método que permite esse funcionamento. Ao final desse capítulo são descritos os exercícios que dão condições para um funcionamento adequado nos Mundos Internos. Os exercícios são a concentração, a meditação, a observação, o discernimento, a contemplação e a adoração. A esses podemos acrescentar o exercício de retrospecção, ao qual já nos referimos em palestra anterior.

O funcionamento nos Mundos Internos deve sempre objetivar a realização de serviços que estejam de acordo com as leis Divinas. Deve ser lembrado que o corpo vital é a contraparte do Espírito de Vida, o veículo inferior do Cristo. A força Crística, uma vez elevada em nosso interior, deve ser continuamente alimentada. E o alimento dessa força e que leva ao crescimento do corpo vital é o serviço realizado por amor. Max Heindel enfatiza muito que só o serviço leva a esse crescimento e que a leitura e a realização de exercícios, por eles mesmos, nada acrescentam ao corpo alma. Essa mesma mensagem nos é transmitida no Evangelho de João, no Capítulo 4, na parábola de Cristo e a samaritana. Cristo senta-se junto à fonte, no alto do poço de Jacó, demonstrando que a Força Crística chegou ao topo do canal espinhal. Pede à samaritana para dar-lhe de beber, significando que essa força deve ser continuamente levantada de forma a alimentar a Consciência Crística permanentemente. Quando cessamos de alimentar o Cristo Interno, voltamos à condição anterior, voltamos à vida comum.

 

 



Diagrama representando um Ciclo de Vida

Fonte: Conceito Rosacruz do Cosmos, de Max Heindel

 

 


BIBLIOGRAFIA

Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel, Fraternidade Rosacruz, São Paulo, Brasil

Temas Rosacruzes, Tomo II, Recopilacion de seis libros, Editorial Kier, Buenos Aires, Argentina.

The Four Gospels Esoterically Interpreted, John P. Scott, The Langford Press, Oceanside, CA, USA.


ATENÇÃO:  


POR MOTIVO DA PASSAGEM AOS PLANOS CÓSMICOS SUPERIORES DO  IRMÃO  DR. JOSÉ MARIA PREARD,  EM 25 DE SETEMBRO DE 2009 , A PALESTRA QUE SERIA REALIZADA EM 26 DE SETEMBRO DE 2009 SOBRE OS MUNDOS VÍSÍVEL E INVISÍVEIS FOI TRANSFERIDA PARA O DIA 03 DE OUTUBRO DE 2009.

PARTE  VII– OS MUNDOS ESPIRITUAIS.

 


 

OS MUNDOS VISÍVEL E INVISÍVEIS, SEUS HABITANTES E SEU RELACIONAMENTO COM A HUMANIDADE

 

 Programação do ciclo

 OS MUNDOS VISÍVEL E INVISÍVEIS, SEUS HABITANTES E SEU RELACIONAMENTO COM A HUMANIDADE

As palestras serão realizadas nos sábados, dias 28 de março, 25 de abril, 30 de maio, 27 de junho, 25 de julho, 29 de agosto, 03 de outubro, 31 de outubro e no domingo, 15 de novembro, às 17:00 horas.

Os textos relativos às palestras serão distribuídos aos participantes no mês seguinte à sua realização. Esses textos serão também publicados em nosso site seguindo o mesmo critério.

O dia 15 de novembro será dedicado a uma discussão do tema e do papel que desempenha o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS em nosso desenvolvimento espiritual.

Como todas as atividades da Fraternidade Rosacruz Max Heindel, a entrada é franca, mas para participar do evento o interessado deverá comunicar à FRMH esse seu desejo, por telefone (9548-7397), de segunda à sexta-feira, no horário comercial, ou por email rosacruzmhrio@gmail.com), dando seu nome e endereço.

 

 

 

  A Mensagem da Rosacruz destina-se à elevação dos seres humanos, por meio do aperfeiçoamento individual, que se conseguirá pela cultura da mente e do coração, visando a um intelecto equilibrado, harmonioso, justo; um coração terno, bondoso, caritativo; um corpo são, puro e forte. A sua divisa é SERVIR.

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