CAPÍTULO X

A CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO

 

Princípios gerais

Se começarmos pelo veículo denso, considerando os meios físicos de que dispomos para aperfeiçoá-lo e convertê-lo no melhor instrumento possível para o espírito, além de considerarmos os meios espirituais que conduzem ao mesmo fim, teremos que incluir também os demais veículos. Por essa razão seguiremos este método.

O primeiro estado visível do embrião humano é uma pequena substância globular, gelatinosa, semelhante à albumina ou clara de ovo. Neste glóbulo mole aparecem várias partículas de matéria mais sólida que vão aumentando gradualmente de tamanho e densidade até se porem em contato urnas com as outras. Os diferentes pontos de contato vão se modificando lentamente, em juntas e estas numa armação de matéria sólida: o esqueleto.

Durante a formação do esqueleto, a substância gelatinosa que rodeia se acumula e muda de forma, até que por fim alcança o grau de organização que conhecemos como feto. Este vai se tornando maior, mais firme e organizado, até que chega o momento do nascimento, quando se inicia a etapa da infância.

O mesmo processo de consolidação que começou com a primeira etapa visível da existência continua a seguir. O ser passa por diferentes etapas: infância, adolescência, juventude, maturidade, velhice, até chegar finalmente à mudança chamada morte.

Cada uma destas etapas se caracteriza por um aumento de dureza e solidez.

Há um aumento gradual da densidade e firmeza dos ossos, tendões, cartilagens, ligamentos, tecidos, membranas, e até da substância do estômago, do fígado, dos pulmões e outros órgãos. As articulações tornam-se rígidas e secas. Começam a racharem-se e desgastarem-se com o movimento por causa do fluido sinovial que as lubrifica e amacia, o qual vai diminuindo, tornando-se muito espesso e gelatinoso, de modo que não cumpre o seu propósito.

O coração, o cérebro, todo o sistema muscular, a espinha dorsal, os nervos, os olhos, etc., participam desse processo de solidificação, tornando-se cada vez mais rígidos. Milhões e milhões de diminutos vasos capilares, que se ramificam e difundem como os ramos de uma árvore por todo o corpo, vão secando gradualmente e se convertem em fibras sólidas, impermeáveis à passagem do sangue.

Os grandes vasos sangüíneos, tanto as artérias como as veias, endurecem, perdem sua elasticidade, encolhem-se e tornam-se incapazes de conduzir a quantidade de sangue requerida. Os fluidos do corpo ficam espessos e tornam-se pútridos, carregados de substâncias terrosas. A pele murcha, fica seca e enrugada. O cabelo cai por falta de óleo. Os dentes cariam e caem, também por falta de gelatina. Os nervos motores começam a secar e os movimentos do corpo tornam-se lentos. Os sentidos falham, a circulação é retardada, o sangue pára e coagula nos vasos. O corpo vai perdendo suas faculdades cada vez mais. Antes era elástico, saudável, alerta, flexível, ativo e sensível; depois torna-se rígido, lento e insensível. Finalmente, morre de velhice.

Surge, naturalmente, a pergunta: qual é a causa desta gradual ossificação do corpo, produzindo a rigidez, decrepitude e a morte?

Do ponto de vista puramente físico, os químicos são de opinião unânime de que isso é devido ao aumento do fosfato de cálcio (matéria óssea), do carbonato de cálcio (giz comum) e do sulfato de cálcio (gesso), com um pouco de magnésio e uma quantidade insignificante de outras substâncias terrosas.

A única diferença entre o corpo idoso e o infantil é a maior densidade, firmeza e rigidez do primeiro, causadas pela maior proporção de substâncias calcáreas e terrosas que entram na sua composição. Os ossos da criança compõem-se de três partes de gelatina por uma de matéria terrosa. Na velhice, essa proporção é inversa. Qual a fonte deste acúmulo mortal de substâncias sólidas?

Parece axiomático que todo o corpo é nutrido pelo sangue e que tudo o que o corpo contém, qualquer que seja a sua natureza, esteve primeiro no sangue. As análises demonstram que o sangue tem substâncias terrosas da mesma espécie dos agentes solidificantes. E note-se, que o sangue arterial contém maior quantidade dessas substâncias do que o sangue venoso.

Isto é muito importante, pois demonstra que em cada ciclo o sangue deposita substâncias terrosas, e é, portanto, o veículo da obstrução do sistema. Sem dúvida, seu conteúdo de substâncias terrosas vai sendo substituído pois, do contrário não poderia continuar tal processo. De onde obtém esse depósito mortal? Não há mais que uma resposta: da comida e da bebida. Não há, absolutamente, outra fonte.

As comidas e as bebidas que nutrem o corpo devem ser, ao mesmo tempo, a fonte primária das substâncias calcáreas, matérias terrosas que o sangue vai depositando em todo o sistema, causando a decrepitude e finalmente a morte. Para sustentar a vida física é necessário comermos e bebermos, mas como há muitas espécies de comidas e bebidas, devemos estabelecer, à luz dos fatos acima mencionados, quais são as que contêm a menor quantidade possível dessa substância destrutiva. Se descobrimos esses alimentos, ser-nos-á possível aumentar nossa vida, pois, do ponto de vista oculto, é desejável viver o maior tempo possível em cada corpo denso, especialmente depois que nos tenhamos iniciado no Caminho. São precisos tantos anos para educar cada corpo em que moramos, durante os anos da infância e da juventude, até que o Espírito possa pelo menos obter algum controle sobre ele, que quanto mais tempo pudermos ter um corpo já adaptado e obediente aos impulsos do Espírito, tanto melhor. Daí ser muito importante que o discípulo consuma alimentos e bebidas que contenham o mínimo de substâncias endurecedoras e que ao mesmo tempo mantenham ativos os órgãos excretores.

A pele e o sistema urinário são os salvadores do homem, evitando-lhe uma morte prematura. Não fosse por esses órgãos que eliminam a maior parte das substâncias terrosas absorvidas com os alimentos, ninguém viveria mais de dez anos.

Calcula-se que a água corrente, não destilada, que toda pessoa consome em forma de chá, café, sopa, etc., contém carbonatos e outros compostos calcáreos que em quarenta anos, formariam um sólido bloco de cálcio ou de mármore, do tamanho de um homem. É também, digno de nota que embora o fosfato de cálcio seja encontrado na urina dos adultos, não se encontra na das crianças, porque nestas, a rápida formação dos ossos requer a retenção desse sal. Durante o período da gestação, existe muito pouca substância terrosa na urina da mãe, porque quase toda ela é empregada na formação do feto. Em circunstâncias comuns porém, esta matéria terrosa é encontrada na urina dos adultos, e a isso se deve o fato de a vida alcançar a duração que tem atualmente.

A água não destilada, tomada internamente, é o pior inimigo do homem, mas usada exteriormente, é seu melhor amigo, pois mantém os poros da pele abertos, facilita a circulação do sangue e evita sua estagnação, que é a causa dos depósitos do mortal fosfato de cálcio.

Harvey, o descobridor da circulação do sangue, disse que a saúde denota uma circulação livre, enquanto que a enfermidade é o resultado de obstrução na circulação do sangue.

A banheira é um grande auxiliar na manutenção da saúde do corpo e deve ser usada constantemente pelo aspirante à vida superior. A transpiração, sensível ou não, expele mais substâncias terrosas do corpo do que qualquer outro agente.

Enquanto se forneça combustível e se mantenha o fogo isento das cinzas, continuará queimando. Os rins são importantes na função de lançar fora as cinzas do corpo, mas apesar da grande quantidade de substâncias terrosas arrastadas pela urina, sempre fica bastante, em muitos casos, para formar areias e até pedras na bexiga, causando terríveis sofrimentos e até a morte.

Ninguém deve se enganar acreditando que a água fervida contém menos substâncias calcáreas. A crosta que se forma nas paredes do recipiente em que é fervida, foi ali deixada pela água evaporada, que escapou em forma de vapor. Se se condensar esse vapor, teremos água destilada, que constitui um elemento importantíssimo para manter o corpo sempre jovem.

Na água destilada não existe, absolutamente, a menor quantidade de substâncias terrosas, como também não existe na água da chuva, na neve ou no granizo (a não ser que a tenha apanhado no contato com o telhado, etc.) mas o café, o chá ou sopa, feitos com água comum, por mais fervida que seja, não estão isentos das substâncias terrosas; pelo contrário, quanto mais fervida tenha sido a água, tanto mais carregada de depósitos ficará. Os que sofrem de enfermidades urinárias não deveriam beber jamais água que não fosse destilada.

Quanto aos alimentos sólidos, podemos dizer, de forma geral, que todos os legumes e verduras frescas e as frutas maduras, contêm a maior proporção de substâncias nutritivas e a mínima de substâncias terrosas.

O alimento adequado, tomado a tempo e nas circunstâncias apropriadas, não somente cura como evita as enfermidades.

Supõe-se, geralmente, que o açúcar ou as substâncias sacarinas são prejudiciais à saúde, especialmente para os dentes, causando cáries e dores de dentes. Isto é verdade só em certas circunstâncias. É prejudicial em algumas enfermidades, como na biliosidade e na dispepsía, ou se o mantemos muito tempo na boca, como as balas, mas se é usado com parcimônia, durante a boa saúde, e se aumentamos seu consumo gradualmente conforme o estômago for se acostumando ao seu emprego, ver-se-á que é muito nutritivo. A saúde dos negros melhora enormemente durante a colheita da cana, apesar do aumento de trabalho em que implica. Isto é atribuído à sua indulgência pelo doce caldo de cana. O mesmo pode ser dito dos cavalos, vacas e outros animais que vivem nessas localidades, que gostam muito do melaço que se lhes dá. Engordam muito durante a safra, e seu pêlo se torna brilhante e suave. Os cavalos que são alimentados com cenouras cozidas, durante algumas semanas, ficarão com o pêlo suave e lustroso como seda, devido aos sumos sacarinos desse vegetal. O açúcar é um artigo dietético nutritivo e benéfico e não contém cinzas de nenhuma espécie.

As frutas constituem a dieta ideal. Na realidade, as árvores e as plantas as produzem para induzir o animal e o homem a comê-las a fim de que suas sementes se disseminem, como as flores atraem as abelhas com propósitos similares.

As frutas frescas contêm água da mais pura e da melhor qualidade, capaz de espalhar-se pelo organismo de forma maravilhosa. O suco de uvas é um solvente maravilhoso. Estimula a fluidez do sangue, abrindo caminho através dos capilares já secos e obstruídos, sempre que este processo não esteja muito avançado. Mediante uma cura de suco de uva sem fermentar, as pessoas de olhos fundos e de pele enrugada, ficam louçãs e radiantes. A permeabilidade aumentada permite ao Espírito manifestar-se mais livremente e com renovada energia.

Considerando o corpo, do ponto de vista estritamente físico, é o que poderíamos chamar um forno químico, sendo o alimento o combustível. Quanto mais exercício faz o corpo, tanto mais combustível necessita. Seria Ioucura que uma pessoa mudasse sua dieta normal, que durante anos a tem nutrido adequadamente, adotando o novo método sem pensar bem, antes no que seja melhor para si. Eliminar a cara da dieta normal das pessoas acostumadas com ela, minaria a sua saúde. A única maneira segura de proceder é experimentar e estudar as coisas primeiramente, usando o discernimento e a devida sensatez. Não se podem estabelecer regras fixas, pois a dieta é assunto tão individual como qualquer outra característica. Tudo o que se pode fazer é descrever a influencia de cada produto químico, deixando que o aspirante determine seu próprio método.

Nem devemos permitir que a aparência de uma pessoa influencie nosso julgamento a respeito de sua saúde. Geralmente são aceitas certas idéias com relação à aparência que deve ter uma pessoa saudável, mas não há nenhuma razão válida para tal opinião. O rosto rosado pode ser indício de saúde em um indivíduo e de enfermidade em outro. Não há nenhuma regra particular mediante a qual se possa saber se existe boa saúde, salvo o sentimento de bem-estar que é experimentado pelo próprio indivíduo, sem ter em conta sua aparência.

A água é o grande solvente.

O nitrogênio ou proteína é a substância formadora da carne, mas contém algumas substâncias terrosas.

Os açúcares ou hidratos de carbono são os principais produtores de força e energia.

As gorduras produzem calor e são armazenadoras de energia de reserva.

As cinzas são minerais, terrosas e obstruem o sistema. Não devemos temer que não as obtenhamos em quantidades suficiente para a formação dos ossos; pelo contrário, devemos cuidar de ingerir a menor quantidade possível.

A caloria é a unidade simples de calor. Uma libra de castanhas do Pará, por exemplo, contém 49,6 por cento de resíduos (cascas), mas o restante 50,4 por cento contém 1.485 calorias, o que significa que quase a metade do peso são resíduos, enquanto que o resto contém o número de calorias mencionado. Para conseguirmos a maior energia dos nossos alimentos, temos que prestar atenção ao número de calorias que contenham, pois delas conseguiremos a força necessária para realizar nossas tarefas diárias.

O chocolate é um dos alimentos mais nutritivos, mas o cacau em pó é um dos mais perigosos, pois contém quase três vezes a quantidade de cinzas que têm outros alimentos e geralmente dez vezes mais que a maioria. É um alimento poderoso, mas é também um poderoso veneno, pois obstrui o sistema mais rapidamente do que qualquer outra substância.

É claro que no princípio é preciso algum estudo para determinar a melhor alimentação, mas vale a pena, pois assegura saúde e longevidade e o emprego livre do corpo, permitindo nossos estudos e dedicação às coisas elevadas. Depois de algum tempo, a pessoa se familiariza tanto com o assunto que geralmente não precisa dar-lhe nenhuma atenção especial.

Deve-se lembrar, todavia, que nem todas as substâncias químicas contidas nos alimentos são utilizáveis para seu emprego no organismo, porque existem certas porções que o corpo se nega a assimilar.

Dos vegetais digerimos somente uns 83% das proteínas, 90% das gorduras e 95% dos carboidratos. Das frutas assimilamos 85% das proteínas, 90% das gorduras e 90% dos carboidratos.

O fósforo é o elemento particular mediante o qual o Ego pode exprimir o pensamento e exercer sua influência no corpo físico. Também é fato que a proporção dessa substância no corpo corresponde ao grau de inteligência do indivíduo. Os idiotas têm muito pouco fósforo, ao passo que os grandes pensadores têm muito. Também no Reino Animal o grau de consciência e inteligência está em proporção com a quantidade de fósforo contida no cérebro.

Por conseguinte, é da maior importância que o aspirante que usa seu corpo para trabalhos mentais e espirituais, forneça a seu cérebro a substância necessária para esse fim. A maioria dos vegetais e frutas contêm certa quantidade de fósforo, mas é curioso que a maior proporção seja encontrada nas folhas, que, em geral, são desprezadas. É encontrado em quantidade considerável nas uvas, nas cebolas, no feijão, no ananás, nas folhas e talos de muitas verduras, no caldo da cana de açúcar, mas não no açúcar refinado.

A seguinte tabela mostra a quantidade de ácido fosfórico de alguns artigos:

O conteúdo de ácido fosfórico em cada 100.000 partes de:

 

Artigos

Partes

Cevada seca

210

Feijões

292

Beterraba

167

Beterraba (folhas)

690

Centeio

170

Cenoura seca

395

Cenoura (folhas)

963

Semente de linho

880

Talo de linho

118

Pastinaca

111

Pastinaca (folhas)

1.784

Ervilhas

190

 

 

Em conclusão, cada aspirante deve escolher os alimentos que digira com mais facilidade, porque quanto mais facilmente os digira, tanto maior energia extrairá deles e tanto mais tempo passará sem que o organismo necessite novo suprimento. O leite nunca deve ser bebido como se bebesse um copo d'água. Tomado dessa maneira forma no estômago uma bola de queijo, quase impenetrável à ação do suco gástrico. Deve ser sorvido lentamente, porque assim irá formando pequenos glóbulos no estômago, que são facilmente assimilados. Os frutos cítricos são poderosos antissépticos e os cereais, especialmente o arroz integral, são antitóxicos de grande eficácia.

Tendo explicado, do ponto de vista puramente material, o que é necessário para o corpo físico, consideraremos agora o assunto do lado oculto, tendo em conta o efeito que se produz nos dois corpos invisíveis que interpenetram o corpo denso.

A fortaleza particular do corpo de desejos está nos músculos e no sistema nervoso cérebro-espinhal, como já sabemos. A energia despendida por uma pessoa quando trabalha em meio a grande excitação ou sob a influência da ira, é um bom exemplo do que dizemos. Nesses momentos todo o sistema muscular está em tensão e não há trabalho que esgote tanto o indivíduo como um acesso de cólera. Estes acessos deixam, às vezes, o corpo exausto durante semanas inteiras. Vemos, portanto, a necessidade de dominar o temperamento, evitando ao corpo denso os sofrimentos ocasionais pela ação desenfreada do corpo de desejos.

Observando o assunto do ponto de vista oculto, toda consciência no mundo físico é o resultado da guerra constante entre o corpo vital e o corpo de desejos.

A tendência do corpo vital é de suavizar e construir. Sua principal expressão é o sangue, e as glândulas, bem como o sistema nervoso simpático, tendo conseguido acesso à fortaleza do corpo de desejos (o muscular e o sistema nervoso voluntário), quando começou a desenvolver o coração como músculo voluntário.

A tendência do corpo de desejos é a de endurecer e, por sua vez, invadir os domínios do corpo vital, obtendo a posse do baço e fabricando os corpúsculos brancos, que não são, como acredita atualmente a ciência, "os policiais do organismo", mas destruidores. Os corpúsculos brancos - estes minúsculos destruidores - são levados pelo sangue ao corpo inteiro. Passam assim pelas paredes das artérias e das veias, cada vez que alguém está irritado, e especialmente nos momentos de forte cólera. Então a avalanche das forças do corpo de desejos entumece as veias e as artérias dando passagem aos corpúsculos brancos que penetram nos tecidos, onde formam bases para a substância terrosa que destrói o corpo.

Tomando a mesma quantidade e qualidade de alimento, a pessoa serena e jovial viverá mais tempo, gozará melhor saúde e será mais ativa que a pessoa cheia de preocupações ou que perde o domínio de si com facilidade, porque esta última difunde por seu corpo mais corpúsculos brancos destruidores do que a primeira. Se um cientista analisasse os corpos desses dois homens, veria que na pessoa bondosa existe muito menos substâncias terrosas do que na irascível.

Esta destruição progride incessantemente e é impossível manter todos os destruidores afastados, nem tampouco isto é conveniente. Se o corpo vital não fosse obstado na sua ação, construiria continuamente, utilizando todas as energias para esse fim. Não haveria consciência nem pensamento. É devido a que o corpo de desejos endureça as partes internas, que se desenvolve a consciência.

Houve um tempo no passado em que exteriorizávamos as coisas concretas, como o fazem os moluscos, deixando o corpo flexível macio e sem ossos, mas nesse tempo também tínhamos a consciência obscura e vaga que têm os moluscos hoje em dia. Antes de podermos nos adiantar foi necessário que retivéssemos essas concreções, e não é difícil comprovar que o desenvolvimento da consciência de qualquer espécie está em proporção direta com o desenvolvimento do esqueleto interno. O Ego tem que possuir os ossos sólidos com sua medula semifluida e vermelha, para poder formar os corpúsculos vermelhos necessários à sua expressão. Esse é o mais elevado desenvolvimento do corpo denso.

Razões para adoção de uma dieta vegetariana.

A maior parte das pessoas pensa que uma refeição sem carne está incompleta, pois, desde tempos imemoráveis, considera-se axiomático ser a carne o alimento mais revigorante que possuímos. Todos os outros alimentos são considerados como simples acessórios de um ou mais pratos de carne no cardápio. Nada é mais errado, porque a ciência demonstrou experimentalmente, que a nutrição obtida dos vegetais tem maior poder alimentício, e a razão não é difícil de ver quando observamos o assunto do ponto de vista oculto.

A lei da assimilação é que nenhuma partícula do alimento pode vir a formar parte do corpo, a menos que suas forças tenham sido absorvidas pelo Espírito interno porque ele deve ser o regente absoluto e incontestável do corpo, dominando a vida das células, como um perfeito autocrata, pois, do contrário, cada uma delas seria independente, como ocorre quando o Ego abandona o corpo por ocasião da morte.

É evidente que quanto mais obscura seja a consciência de uma célula, tanto mais fácil é sobrepor-se a ela e tanto mais tempo permanecerá sujeita. Os diferentes reinos têm distintos veículos e por conseguinte consciência diferente. O mineral só tem o corpo denso e sua consciência é semelhante à do transe profundo. Por isso é mais fácil assimilar os alimentos do Reino Mineral porque suas células permaneceriam no corpo por mais tempo, evitando-se a necessidade de comer freqüentemente. Mas, infelizmente, o organismo humano vibra com tal intensidade que não pode assimilar diretamente as inertes substâncias minerais. O sal e outras substâncias semelhantes saem logo do organismo sem ser assimilados. O ar está cheio de nitrogênio de que necessitamos para reparar os desgastes e o aspiramos continuamente no nosso sistema mas não podemos assimilá-lo, nem a nenhum outro mineral, enquanto não for primeiramente transmutado no laboratório da Natureza por intermédio dos vegetais.

As plantas têm um corpo denso e um corpo vital o que lhes permite realizar este trabalho, sendo sua consciência como sono profundo, sem sonhos. Desta maneira é fácil para o Ego absorver as células vegetais e conservá-las por longo tempo; daí o grande poder alimentício dos vegetais.

Nos alimentos animais, as células se individualizaram mais e como o animal tem um corpo de desejos que lhe dá uma natureza passional, é fácil compreender que, comendo carne, é muito mais difícil vencer essas células, cuja consciência animal é idêntica à do sono com sonhos, e, além disso, essas partículas não permanecerão muito tempo em sujeição. Por esse motivo a dieta carnívora exige maior quantidade de comida e refeições mais freqüentes do que a dieta vegetal ou frugívora. Se déssemos um passo mais e comêssemos a carne dos animais carnívoros, estaríamos continuamente famintos, porque nesses animais as células alcançaram um alto grau de individualização e tratariam de obter sua liberdade muito mais depressa. Que isto é verdade, o demonstra bem o caso do lobo, do abutre e do canibal, cuja fome é proverbial, e como o fígado humano é pequeno até para cuidar adequadamente das comidas de carne usuais, é evidente que se o canibal vivesse somente de carne humana em vez de usá-la como ocasional "guloseima", logo sucumbiria porque embora o excesso de carboidratos, açúcares, amido e gorduras, causem pouco dano ao organismo, sendo exalados pelos pulmões sob a forma de gás carbônico, ou saindo em forma líquida pelos rins e pela pele, um excesso de carne também é queimado, porém deixa o venenoso ácido úrico. Portanto, já se reconhece que quanto menos carne e comer tanto melhor para o nosso bem-estar.

É natural que desejemos o melhor como alimento, mas todos os animais têm em si os venenos da putrefação. 0 sangue venoso está cheio de substâncias venenosas que ele vai adquirindo no seu caminho através de todo o organismo e que normalmente deveriam ser expelidas através da urina e da transpiração. Estas substâncias repugnantes se encontram em todas as partes da carne, e quando comemos esses alimentos enchemos nosso corpo com essas toxinas venenosas. Muitas enfermidades são devidas ao nosso emprego da carne.

Existem provas abundantes de que a dieta carnívora estimula ferocidade. Podemos mencionar a conhecida ferocidade das bestas-feras e a crueldade dos índios americanos, comedores de carne, como exemplos típicos. Por outro lado, a força e a docilidade prodigiosa do boi, do elefante e do cavalo, mostram os efeitos da alimentação herbívora nos animais. As nações vegetarianas do Oriente são um argumento incontestável contra os que defendem a dieta carnívora.

Tão logo adotemos a dieta vegetariana, escapamos a uma das mais sérias ameaças à saúde, isto é, a putrefação das partículas de carne incrustadas entre os dentes. Este não é dos menores argumentos para adotar a dieta vegetariana. As frutas, os cereais e demais vegetais são de decomposição lenta e cada partícula contém uma enorme quantidade de éter que a mantém viva e fresca durante longo tempo, ao passo que o éter que interpenetra a carne e compõe o corpo vital de um animal, desaparece conjuntamente com o espírito que o animava, ao produzir-se a morte. Logo, o perigo de infecção pelos alimentos vegetais é pequeno, sendo muitos deles antissépticos em alto grau, em vez de venenosos. Isto se aplica particularmente às frutas cítricas: laranjas, limões, toronjas, etc., para não falar do rei dos antissépticos, o ananás, que tem sido empregado freqüentemente para curar uma das enfermidades mais mortais, a difteria, que não é senão outro nome para qualificar a dor de garganta séptica. Assim, pois em vez de envenenar o sistema digestivo com elementos putrefatos das carnes, as frutas limpam e purificam o sistema e o ananás é um dos melhores digestivos que o homem conhece. É muito superior à pepsina e não há necessidade de se empregar nenhuma crueldade para obtê-lo.

Existem doze sais no nosso organismo que são vitais e representam os doze signos do Zodíaco. Esses sais são indispensáveis para a formação do corpo. Não são minerais como geralmente se supõe, mas vegetais. Não é possível assimilar diretamente os minerais porque estes não possuem o corpo vital e este corpo é indispensável para que uma substância possa ser incorporada ao nosso organismo. Assim sendo, só poderemos obter os sais minerais através do reino vegetal que os contém.

Há médicos que mandam fazer isto mas não percebem que o fogo que utilizamos no preparo dos alimentos expulsa e destrói o corpo vital das plantas, da mesma maneira que a cremação que deixa, somente, as cinzas ou parte mineral dos nossos corpos. Portanto, se quisermos renovar o suprimento de qualquer sal em nosso corpo, é necessário que o obtenhamos das plantas cruas. Assim é que deveriam ser administrados aos enfermos.

Não devemos, todavia, chegar à conclusão de que cada um de nós teria que deixar de comer carne e dedicar-se a comer vegetais crus. Em nosso estado atual de evolução são muito poucos os que podem fazê-lo. Temos que cuidar de não elevar muito rapidamente as vibrações de nossos corpos porque para continuarmos nosso trabalho nas condições atuais, precisamos ter um corpo apropriado para as tarefas que devemos realizar. É necessário conservarmos sempre presente este pensamento.

No crânio, na base do cérebro, existe uma chama. Arde continuamente na medula oblongada no extremo da medula espinhal e, como o fogo do altar do tabernáculo, é de origem divina. Este fogo emite um som como o zumbido de uma abelha e constitui a nota-chave do corpo físico. É o arquétipo que o faz soar. É o construtor e unificador das massas de células que conhecemos como "nosso corpo".

Esse fogo arde com chama alta ou baixa, clara ou opaca, conforme o alimentemos. O fogo existe em toda a natureza, com exceção do Reino Mineral. O mineral não tem corpo vital e carece, portanto, do condutor para o ingresso do Espírito de Vida, o fogo. Renovamos continuamente esse fogo sagrado parcialmente com as forças do Sol que penetram no corpo vital através da contraparte etérea do baço, passando daí ao plexo solar onde toma cor, dirigindo-se logo para cima pelo sangue. Também alimentamos esse fogo com o fogo vivente que absorvemos dos alimentos crus que comemos e assimilamos.

Observando o assunto do carnivorismo do ponto de vista ético, vemos que o fato de matar para comer é contra os nossos mais elevados sentimentos. Nos tempos antigos o homem ia caçar como qualquer animal de presa, insensível e rude. Atualmente realiza sua caça no açougue, onde não tem que suportar as cenas repulsivas do matadouro. Se tivesse que ir a esses lugares sangrentos, onde todos os dias se cometem horrores para poder satisfazer os costumes anormais e daninhos, que causam muito mais vítimas que a sede de álcool; se tivesse que manejar o cutelo impiedoso e mergulhá-lo nas carnes palpitantes de suas vítimas, quanta carne comeria? Muito pouca. Mas para fugir desse trabalho repugnante, obrigamos nossos semelhantes a trabalhar nos sangrentos matadouros, matando milhares de animais dia após dia. Eles ficam tão brutalizados que as leis não permitem que tomem parte como jurados em casos sujeitos e pena capital, porque perderam todo sentimento a respeito da vida.

Os animais que matamos também elevam seu grito de protesto contra esse assassinato e forma-se uma nuvem de horror e de ódio sobre as grandes cidades onde existem matadouros. A lei protege os cães e os gatos contra as crueldades. Todos nos alegramos quando os pequenos esquilos, nos parques das cidades, vem apanhar as guloseimas que lhes oferecemos, em nossa própria mão; mas desde que haja possibilidade de ganhar dinheiro com a carne ou com a pele de um animal, o homem perde todo o respeito por sua vida e se converte no ser mais perigoso da terra, alimentando-os e criando-os para ganhar dinheiro, impondo sofrimentos e tormentos a um ser com direito à vida, para amontoar ouro. Temos que pagar uma pesada dívida para com as criaturas inferiores das quais deveríamos ser mentores, mas ao contrário, nos convertemos em seus assassinos e a boa lei que sempre age para corrigir os abusos, a seu devido tempo relegará o hábito de comer animais mortos, como já relegou o canibalismo às práticas obsoletas.

É natural nos animais de presa comer qualquer outro animal que atravesse o seu caminho. Seus órgãos estão constituídos de tal forma que necessitam essa espécie de alimento para sobreviver, mas tudo está em desenvolvimento, sempre mudando para algo superior. O homem, em suas primeiras etapas de desenvolvimento, era também como os animais de presa, em muitos sentidos. Porém, deve converter-se em um deus e, portanto, deve deixar de destruir em tempo oportuno para começar a criar.

A alimentação carnívora estimulou o engenho humano de ordem inferior no passado e portanto já serviu ao seu propósito na evolução; mas agora estamos no umbral de uma nova etapa evolutiva na qual, o serviço abnegado e o sacrifício de si mesmo produzirão o crescimento espiritual da humanidade. A evolução da mente proporcionará uma sabedoria muito superior as nossas mais grandiosas concepções atuais, mas antes de que nos seja conferida essa sabedoria, temos que nos tornar tão inofensivos como pombas pois, do contrário, existiria o perigo de que a utilizássemos com fins egoístas e destrutivos, o que seria grave ameaça para nossos semelhantes. Para evitar tal contingência, é necessário adotar-se a dieta vegetariana.

Não existe outra vida no Universo além da vida de Deus; e "nEle vivemos, nos movemos e temos o nosso ser". Sua Vida anima tudo que existe e por isso é fácil de compreender que quando tiramos a vida estamos destruindo uma forma de vida que foi criada por Deus para Sua manifestação. Os animais inferiores são Espíritos em evolução e têm sensibilidade. Seu desejo de experiência é que os faz construir suas várias formas; e quando as destruímos, privámo-los da oportunidade de obter essa experiência. Retardamos sua evolução em vez de ajudá-lo e chegará o dia em que sentiremos profunda repugnância ante o pensamento de converter nossos estômagos em cemitério de cadáveres dos animais assassinados. Todos os verdadeiros cristãos se absterão de comer carne por pura compaixão e compreenderão que toda vida é a Vida de Deus e que é errado causar sofrimento a qualquer ser sensível.

Em muitos lugares da Bíblia fala-se da "carne" mas é evidente que não faz referência à carne como alimento. No capítulo do Gênesis onde se determina pela primeira vez o alimento para o homem, é dito que comerá de toda árvore e de toda erva que tenha semente, "e será para ti como se fosse carne". As pessoas mais evoluídas de todos os tempos se, abstiveram de comer carne. Vemos, por exemplo, Daniel, que era um santo e um sábio, pedir para não ser forçado a comer carne pedindo que dessem legumes a ele e a seus companheiros. Também fala-se dos filhos de Israel no deserto, dizendo que sentiam falta de comer carne, e que seu Deus se irritou contra eles por esse motivo.

Há um significado esotérico no que seja alimentar a multidão com peixe; mas se nos limitamos ao ponto de vista estritamente material, podemos resumir tudo que dissemos reiterando que chegará o tempo em que nos será impossível comer carne ou peixe, da mesma maneira que já passamos da etapa do canibalismo.

Sejam quais forem as tolerâncias que se tenham permitido no bárbaro passado, todas elas desaparecerão no futuro altruísta, quando uma sensibilidade mais refinada despertará em nós um sentido mais profundo dos horrores que implicam na gratificação dos nossos gostos carnívoros.

Necessidade de uma Dieta Atraente e Equilibrada

Na mais sublime de todas as orações é-nos ensinado pelo Cristo a rogar por nosso pão de cada dia, mas nas condições contemporâneas. quantas vezes conseguimos em vez de pão uma pedra!

Devido à nossa civilização materialista com os seus frigoríficos e outras formas artificiais de conservação, os nossos alimentos são de tão má qualidade que em vez de nutrir o corpo como deveriam, esgotam-no e tornam vulnerável às enfermidades. A palavra "indigesto" seria um qualificativo muito suave para a comida que se serve nos lugares destinados à alimentação pública.

Até no próprio lar, o que se põe na mesa para nutrir e sustentar o corpo com boa saúde, não é mais do que uma simulação alimentícia, mascarada com vários temperos e molhos para torná-lo agradável, porque geralmente comemos mais para satisfazer o paladar do que para nutrir nossos corpos.

Por outro lado, não se pode negar que algumas pessoas que dizem cozinhar cientificamente, que professam ser vegetarianos e rigorosos em sua noção de como o alimento deve ser preparado, parecem desconhecer o fato de que a comida pode ser apetitosa e ao mesmo tempo nutritiva e que não existe incompatibilidade entre a exigência de cozinhar adequadamente e o prazer proporcionado ao paladar. Na realidade se poderia dizer que a menos que o alimento seja preparado de forma que agrade o paladar e seja ao mesmo tempo sadio e nutritivo, não satisfará seus propósitos. O sentido do gosto nos foi dado para que possamos desfrutar de nossa comida, para que possamos recebê-la com alegria e dar-lhe as boas-vindas ao nosso corpo, porque isso favorece a assimilação e a nutrição, ao passo que os alimentos desagradáveis são prejudiciais para quem os recebe e não se assimilam facilmente. Este fato deve ser tido sempre em conta: não importa o quanto comamos mas o quanto assimilemos.

Algumas pessoas que não receberam instruções adequadas sobre este importante assunto da nutrição e às quais se tem dito que os legumes, ervilhas, feijões, etc., podem substituir a carne, começam a devorar estes vegetais em grandes quantidades, depois de abandonar o regime carnívoro. É verdade que os feijões contêm mais proteínas do que os bifes; mas a proteína contida nos feijões não é assimilada com facilidade. Fica sempre uma grande quantidade de resíduos e de ácido úrico nesses alimentos, o que se deve ter em conta porque se sua ação não for equilibrada com boa quantidade de verduras, produzir-se-ão resultados desastrosos. Importa recordar também que não se deve comer verduras na mesma refeição com os legumes mais pesados. Outros há que, depois de abandonar a dieta carnívora, começam a viver de pão, batatas e outros alimentos similares que contêm muito amido, com o resultado de que ficam desnutridos e anêmicos.

Uma dieta satisfatória tem que ser equilibrada em todos os sentidos e não podemos esperar os devidos resultados a menos que estudemos com cuidado a dieta requerida para manter o corpo em bom estado de saúde.

A dieta, como a saúde, tem que se determinar individualmente e não se podem estabelecer normas gerais para todos. Ao mesmo tempo podemos dizer que quanto menos carne comamos, tanto melhor será nossa saúde. Mas se queremos abster-nos dela por completo, é absolutamente essencial que estudemos uma boa tabela de valores alimentícios, de modo que possamos obter as proteínas necessárias dos vegetais que comermos. Ninguém pode sentar-se à mesa e obter suficiente alimento se ingere só os vegetais que se fornecem como acessórios dos pratos de carne; tem que consumir também feijões, ervilhas, nozes e alimentos idênticos, ricos em proteínas, que substituam a carne, pois do contrário, sentirá fome.

O papel dos estimulantes na evolução

O espírito alcoólico, que é fermentado fora do corpo, está sendo substituído pelo açúcar, que fermenta dentro. No passado era indispensável um estimulante para levantar o Espírito do homem da letargia que lhe produzia a dieta carnívora e as orgias e bacanais que se celebravam nos templos antigos, que atualmente nos enchem de horror, eram de imenso valor ao desenvolvimento humano. Conforme vá aumentando o consumo de açúcar, diminuirá o do álcool e concomitantemente o nível ético irá se elevando. O homem torna-se mais altruísta e mais semelhante a Cristo em proporção ao emprego que faça do estimulante que não embriaga, sendo por isso o movimento de temperança um dos fatores mais poderosos para apressar a volta do Cristo.

É evidente que o progresso evolutivo eleva os reinos inferiores bem como a humanidade. Os animais, especialmente as espécies domésticas, já estão alcançando a individualização, já se tendo iniciado sua retirada da manifestação atual. Como resultado, em breve não será possível obter alimento carnívoro. Então terá soada a hora do álcool, porque só os que comem carne necessitam bebê-lo.

Entretanto a vida vegetal está se tornando mais sensível. Os ramos laterais das árvores produzem mais do que os verticais, porque nas plantas, assim como em nós, a consciência é o resultado das atividades antagônicas das correntes dos corpos vital e de desejos. Os ramos horizontais são percorridos pelas correntes de desejos que circundam nosso planeta e que agem tão poderosamente na espinha dorsal horizontal dos animais.

As correntes de desejos vão despertando a adormecida vida vegetal nos ramos laterais para um grau de consciência mais elevado do que os dos ramos verticais, os quais são atravessados em todo o seu comprimento pelas correntes vitais que se irradiam do centro da terra. Desta maneira, a seu tempo, as plantas também se tornarão demasiado sensíveis para alimento e o homem terá que ir buscá-lo em outra parte.

Hoje possuímos considerável capacidade para trabalhar com as substâncias químicas minerais; modelamo-las em forma de casas, navios e outras construções que evidenciam nossa civilização. Somos os donos dos minerais que se encontram fora do nosso organismo, mas falta-nos o poder para assimilá-los até que as plantas transformem os cristais em cristalóides.

Nosso trabalho com os minerais exteriores está elevando sua vibração continuamente, o que os prepara para serem usados internamente.

Mediante a alquimia espiritual podemos construir o templo do Espírito, conquistar o barro de que fomos feitos e qualificar-nos como verdadeiros Mestres Maçons, preparados para trabalhar nas esferas elevadas.

O jejum como meio de cura e de crescimento anímico

Não é difícil conceber que no Ocidente, mais pessoas morram por comer demasiado do que comer pouco. Em certas condições, o jejum durante um ou dois dias é, sem dúvida, benéfico; mas assim como há glutões, também há outros que vão ao extremo oposto, jejuando em excesso. Aí reside o grande perigo. O melhor sistema é comer moderadamente e tomar os alimentos adequados. Então, não haverá nenhuma necessidade de jejuar.

Se estudarmos a química da alimentação, saberemos que certos alimentos têm propriedades valiosas para o organismo em caso de se produzir alguma desordem, e então tais alimentos têm o valor de remédios. Todas as frutas cítricas, por exemplo, são magníficos antissépticos, com os quais se evitam doenças. Todos os cereais, especialmente o arroz, são antitóxicos; destroem a enfermidade e os germes da putrefação. Assim, pois, conhecendo estas propriedades medicinais dos diferentes alimentos, podemos facilmente obter o que queremos para curar nossas doenças mais comuns, em vez de jejuar.

Na Antiga Dispensação eram exigidos sacrifícios de bois e bodes para obter-se o perdão dos pecados, porque o homem estimava suas posses materiais mais do que atualmente, e sentia agudamente a perda desses animais quando era obrigado a dá-los para esse fim. Os homens eram obrigados a oferecer no altar de sacrifícios suas mais queridas posses, para cada violação que cometiam aparecendo-lhes Deus como um amo e senhor muito severo, sendo perigoso incorrer em seu desagrado. Mas em tudo isso havia um significado esotérico que atualmente começa a ser difundido exotericamente, e esse ensino não aceita sacrifícios de animais, nem dinheiro nem nenhuma outra posse; exige que cada um faça sacrifício de si mesmo. Era isto o que se ensinava aos aspirantes nas Antigas Escolas de Mistérios quando estavam preparados para o ritual místico da Iniciação.

Explicava-se-lhes o mistério do corpo vital, como era composto de quatro éteres, etc., ensinando-lhes as funções dos dois éteres inferiores, comparadas com as dos dois superiores. Aprendiam, assim, que todas as funções animais do corpo dependiam da densidade dos éteres inferiores e que os dois éteres superiores constituíam o corpo-alma, que é o veículo do serviço. Aspiravam então, naturalmente, cultivar essa gloriosa vestimenta mediante a abnegação, dominando as tendências da natureza inferior, como o fazemos atualmente.

Estes fatos eram mantidos no maior segredo para as massas em geral, ou melhor, deveriam ser mantidos em segredo; mas alguns neófitos se esqueceram, com grande anseio de chegar à realização de que somente mediante o serviço desinteressado e a mais completa abnegação se consegue o Traje Dourado Nupcial, composto pelos dois éteres superiores. Acreditavam que a máxima oculta encerrada nos seguintes versos:

 

"Ouro no cadinho,

Trabalhado ao fogo;

Leve como os ventos,

Cada vez mais puro"

significava somente que logo que a natureza inferior, isto é, a escória era expulsa - não importando como se descobrisse algum meio fácil para consegui-lo - ficaria somente o outro composto dos éteres superiores, o corpo-alma no qual poderiam entrar nos mundos invisíveis sem tropeços nem obstáculos. E raciocinavam dizendo que como o éter químico é o agente da assimilação, podiam eliminá-lo do corpo, não alimentando convenientemente o veículo físico.

Porém, o resultado obtido por essas pessoas mal guiadas e seus seguidores estava muito longe de ser o que buscavam e obtinham os que eram preparados nas Escolas de Mistérios. Nela ensinava-se aos candidatos, antes e sobretudo, que o corpo é o Templo de Deus, e que profaná-lo, destruí-lo ou mutilá-lo de qualquer forma, é grande pecado. A satisfação dos apetites corporais é um pecado, certamente uma profanação que envolve certa retribuição, porém, não é mais repreensível do que a prática do jejum com vistas ao crescimento anímico. O reto viver não consiste nem em jejum nem em banquetes, mas em dar ao corpo os elementos necessários para mantê-lo com saúde, com toda sua força e eficiência como instrumento do Espírito. Portanto, o jejum como meio de crescer animicamente, é um mau sistema que produz, precisamente, os efeitos contrários aos que desejam conseguir seus pouco esclarecidos seguidores.

O valor saudável dos alimentos indigestos

Parece absurdo, à primeira vista, dizer que quanto mais indigestos são os alimentos tanto melhor será nossa saúde; mas, se esta afirmação não é tomada literalmente, é uma verdade. Os alimentos que geralmente consideramos indigestos, porque sentimos um certo desconforto depois de comê-los, geralmente nos incomodam porque foram completamente digeridos, enquanto que outros alimentos, que são praticamente indigeríveis e, portanto, em certo sentido não são realmente alimentos, nos fazem sentir em perfeito bem-estar.

A falta de apreciação destes fatos essenciais constitui o fundamento das dificuldades que muitas pessoas experimentam quando adotam o que chamam de regime vegetariano. Na maioria dos casos sofreram perturbações digestivas antes de deixar de comer carne, e em sua maioria adotaram uma dieta sem carnes com a esperança de que se produza um milagre e recuperem a saúde. Por conseguinte, sentem-se amargamente decepcionadas, porque longe de experimentar alguma melhora, sentem-se, em muitos casos pior, pois continuam com seus erros dietéticos em todos os outros sentidos, de modo que seu novo regime, do ponto de vista da saúde é mil vezes pior que a dieta mista comum; e, sabe Deus, se essa já não era muito ruim. De fato, em vez de se admirar de que o corpo enfraqueça sob o esforço causado pela imprudência dietética, realmente é maravilhoso que consiga se manter apesar dos abusos e maus tratos a que está submetido.

Ocorre frequentemente que as pessoas que nos procuram em busca de saúde, admitem que cometem os erros dietéticos mais atrozes, completamente ignorantes de que estão procedendo mal. Comem quatro ou cinco vezes por dia pastéis, ovos, carne, café, pão branco, batatas, tortas, queijo, etc., e logo se espantam por não se sentirem bem. Estas pessoas julgam que não têm maus hábitos. Fumam uns tantos cigarros, bebem alguns copos de cerveja, talvez um ou dois coquetéis; vivem sujeitas ao que chamam uma "dieta natural"; deitam-se às dez ou onze horas da noite, e se congratulam por se julgarem modelos para os demais. Regra geral, quando são advertidas de que estão cometendo sérios erros, ficam estupefatas e não acreditam. Parecem duvidar de seus próprios sentidos quando se lhes diz que estão se matando com seus alimentos. Verdadeiramente estão cavando sua própria sepultura com seus dentes.

E assim é, não porque seus alimentos sejam indigestos, mas justamente porque faltam em sua alimentação substâncias indigeríveis que se misturem com os alimentos superconcentrados que constituem os principais elementos dessa dieta. A esse respeito, tais pessoas não são piores do que as que vivem à base de uma dieta composta de alimentos concentrados como as ameixas secas, nozes, passas, etc..

Elas comem também alimentos altamente concentrados; obtêm proteínas das nozes e carboidratos das passas, mas falta-lhes a indispensável, embora indigerível celulose, que proporcione o volume necessário, causando a excitação do conduto intestinal, indispensável para provocar o peristaltismo e as secreções dos fermentos digestivos necessários.

Não há dúvida de que o trigo integral é muito mais nutritivo, agradável ao paladar e saudável do que a farinha do trigo comum que é composta somente de uma porção do amido do grão. Seu valor, do ponto de vista da saúde, não se deve ao fato de ser digerível com mais facilidade do que o pão branco, pois, na realidade, não o é. Nem o grande benefício do pão integral é devido aos sais minerais que contêm e que são indispensáveis para a formação do corpo, sais estes que estão ausentes do pão branco. Convém lembrar que assim como uma parte das proteínas contidas na carne e do fósforo contido no peixe ficam sem digerir, assim também acontece com o fósforo e as proteínas contidos no pão de trigo integral. Não assimilamos todas as proteínas e sais minerais contidos nas partes mais grossas do trigo integral. Mas embora o pão branco seja completamente digerível e deixe pouca cinza, sempre que seja bem feito, as partes mais grossas da farinha de trigo integral passam pelo trato intestinal sem ser digeridas, mas dão-lhe suave massagem que, de certo modo, estimula o intestino, provocando um fluxo de sangue que o mantém limpo e sadio. Não se forma um bolo tão pequeno e quase sem resíduos como acontece com os alimentos muito concentrados e, portanto, tampouco se formam gases nocivos, deixando o sistema intestinal puro e limpo.

Compare-se a ação nos intestinos de alimentos tais como os ovos, a carne e o queijo, que se assimilam quase por completo e não deixam resíduos volumosos que sirvam para limpar o conduto uma vez assimilada a comida, com a ação de vegetais como os legumes (empregados parcimoniosamente) nabos, cenouras, aipo, cebola, etc., que contém todos os elementos da carne, além do volume indispensável, composto de substâncias fibrosas, que são as únicas que podem limpar o conduto intestinal, eliminando todos os produtos deletérios e deixando o organismo em condições saudáveis.

O arquétipo determina a forma e o aspecto de uma pessoa os quais serão conservados enquanto for mantido o estado de saúde normal; mas, com os nossos desmandos dietéticos, freqüentemente mudamos a forma e o aspecto, de tal maneira que a energia do corpo é usada no processo de eliminar uma enorme quantidade de alimentos que não podemos assimilar e assim emagrecemos. Acontece o contrário quando a capacidade de eliminação é pobre. Sobrevem então a obesidade com a formação de tecidos adiposos, devido a uma dieta antinatural. Ouando se adota uma dieta científica, as pessoas excessivamente magras devido a um regime errôneo, engordam e as obesas, cujo excesso de carnes se deve à mesma causa, perdem peso.

Resultado das refeições muito freqüentes

Outra causa de desordens digestivas é o hábito de comer a toda hora. As pessoas que têm o hábito de comer cinco ou seis vezes por dia, dizem que tem fome e tem que comer ou se sentem mal. Na realidade, esse apetite resulta de uma perturbação estomacal e o alívio que se experimente se deve ao peso dos alimentos que dificultam as secreções do estômago.

Se dizemos que é criminoso dar morfina a uma pessoa viciada pelo simples fato de desejá-la, embora isso proporcione um alívio temporário dos seus sofrimentos, deveríamos aplicar a mesma lógica às pessoas que estão habituadas ao excesso de alimentos. Isto não é simples teoria mas o resultado de experiências efetuadas em animais e em seres humano, nas quais a incidência de sofrimentos revelou a predominância de condições digestivas antinaturais. Não existem barreiras para os que possuem visão espiritual e que podem ver a ação peristáltica do estômago e dos intestinos, quando o sistema tenha sido sobrecarregado. Vê-se que os alimentos exudam um gás venenoso que é lançado para a periferia da aura pelo corpo vital do homem, enquanto está com saúde. Mas quando sua vitalidade se debilita e o fluxo das forças solares através do baço está abaixo do normal, este gás venenoso se mantém em torno da região abdominal como uma larga faixa negra que envenena todas as atividades orgânicas do corpo enquanto estiver ali. Quando uma pessoa faz três refeições diárias, há uma pequena oportunidade para que se dissolva essa faixa venenosa, gerada por uma refeição, antes de se tomar a seguinte. Mas, se as refeições são tomadas com intervalos de poucas horas não há a menor oportunidade de que o paciente se livre dessa nuvem venenosa e por conseguinte, o seu estado vai se agravando cada vez mais. Isso contribui para encurtar a duração da vida a um ponto tal que o próprio indivíduo se surpreenderia se pudesse avaliá-lo.

Por estas razões, todos os que desejam obter e conservar uma saúde normal, devem se acostumar a comer somente duas ou três vezes por dia, frugalmente, tendo cuidado em assegurar antes nutrição do que um grande volume, pois a amarga verdade é o fato de que mais pessoas morrem por comer demais do que por comer de menos.

 

 

Voltar para o Índice

Capítulo XI - A Astrologia como Auxiliar na Arte de Curar

 


 Max Heindel

 Princípios Ocultos de Saúde e Cura

 Adquira a versão impressa deste livro na

Loja Virtual da Fraternidade Rosacruz Sede Central do Brasil


[Home] [Fundamentos] [Atividades] [Literatura] [Temas Rosacruzes ] [Biblioteca Online] [Max Heindel] [Informações]

 Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Centro Autorizado do Rio de Janeiro

Rua Enes de Souza, 19 Tijuca,  Rio de Janeiro, R.J. Brasil  20521-210

Telefone celular:  (21) 9548-7397  -  E-mail: rosacruzmhrio@gmail.com

Filiada a Rosicrucian Fellowship

2222 Mission Avenue, Oceanside, CA 92054-2399, USA PO Box 713, Oceanside, CA 92049-0713, USA (760) 757-6600 (voice), (760) 721-3806 (fax)

www.rosicrucian.com

 www.rosicrucianfellowship.com

 www.rosicrucianfellowship.org

Invisible Helper

Arabic

Bulgarian

Deutsch

Dutch

English

Español

Finnish

Français

Italiano

Polish

Português

Rumanian

Russian

Svenska

Copyright(c) The Rosicrucian Fellowship.  All rights reserved.

_________________________________________________________________________________________________________________________________