João Amós Coménio
Por Delmar Domingos de Carvalho
Se somos cidadãos de um só Mundo,porque não, um Dia,
vivermos num Estado comum e livrepara toda a Humanidade?
João
Amós Coménio
A 28 de Março de 1592, sob as influências cósmicas de Áries, o Cordeiro, eis que de novo veio ao mundo um Ego ao qual lhe foi dado o nome de Jan Komenský.
Quanto ao sítio, tudo leva a crer que terá sido em Uberský Brod, embora também a localidade de Nivnice, ambas na Morávia, seja uma hipótese.
Seu pai, Martinho Segues Komenský era moleiro na região do sudoeste da Morávia, mais precisamente na localidade onde terá nascido o seu filho Jan, a primeira acima focada. Era um dos protegidos pelos Irmãos Unidos, Unitas Fratrum.
Sua mãe, Ana, tinha recebido um nome bíblico que, em hebraico, significa Graça.
Na realidade obteve a graça de ser a escolhida para receber em seu ventre um Ego evoluído, o que nos faz recordar outra graça maior o de Santa Ana, esposa de S. Joaquim, cujo ventre recebeu outro Ego muito avançado, Maria que viria a ser a mãe de Jesus, nosso querido Irmão Maior.
Ora os nomes não são dados por acaso. Cada ser humano recebe um de acordo com a sua especificidade singular, por isso não existem seres humanos anónimos.
No caso, João, relacionado em parte com o grande filósofo João Huss, profundo reformador da religião cristã, cujos ideais e ensinamentos encerram a pureza do cristianismo primitivo; como pode ter sido também relacionado com João Evangelista, Cristão Rosacruz, o Discípulo amado de Cristo.
Mais tarde recebe o sobrenome de Amós. Outro nome bem escolhido porque tal como o profeta Amós natural de Tecoa, ver Profecias de Amós, perto de Jerusalém, (seu nome surge na genealogia de Jesus) ver Lucas III , 25, viria a ser o pai de outro profeta, Isaías, chamara a atenção para a degradação religiosa socioeconómica e moral do seu país, Israel, também João Amos Coménio iria lançar profundas reformas e alertar para os numerosos erros políticos, religiosos e socioeconómicos em diversos países do seu século.
Em hebraico, a palavra Amós significa Forte. E ambos possuíam as forças poderosas do Amor, da Fé, da Luz.
Na realidade, quão forte não foi, face às numerosas perseguições dos inquisidores, aos diversos cálices amargos que sua vida lhe deu a beber e que procurou transmutar em limonadas com o néctar melífero, às injustiças que foi alvo, enfim, pesada cruz teve de levar ao Gólgota ou a sua alma não fosse um Gólgota, como rosacruz em que só havia um Ideal: Cristo.
Face à sua vida e obra, d’Ele terá recebido as maravilhosas e as mais honrosas palavras que algum ser humano pode ouvir: Coménio, meu bom e fiel Servidor; és digno que te saúde: Meu Amigo.
De acordo com os ensinamentos da Escola Rosacruz, confirmados pela ciência académica, a educação nos 3 primeiros anos da nossa vida no mundo físico formam a base para o futuro. Ela abrange tudo o que vemos, ouvimos, os diversos meios que nos rodeia desde familiar, à vida em sociedade, às imagens, daí a grande responsabilidade dos órgãos de comunicação social, como dos pais e dos educadores e de todos nós no contacto com as crianças até aos brinquedos que cada qual recebe.
Ora Coménio nasceu numa fértil região, pertencente ao Principado da Morávia, onde viviam gentes hospitaleiras, amantes da tolerância e da liberdade, pessoas com uma grande riqueza cultural, factores que terão influenciado positivamente a sua mente subconsciente, base para o progresso evolutivo.
Contudo, pouco tempo duraram estas suaves brisas da bonança, cheias de serenidade e acolhedoras, logo os ventos da discórdia, da intolerância, dos fanatismos, geraram tempestades de ódios e guerras, ainda por cima oriundas de pessoas e instituições que acreditavam em Cristo!!! Só que, como é evidente, tal Cristo jamais existiu, por isso as atitudes inquisitórias são anticristãs venham elas donde vierem.
Enquanto nesta área os ensinamentos do puro cristianismo dos Hussitas encheram as mentes e os corações das pessoas, nela viveram em paz, várias correntes religiosas desde católicos às diversas correntes protestantes e ao culto judaico. Também era este o ambiente no Reino da Boémia, com sede em Praga, capital das correntes esotéricas, e tudo isto entre uma população multiracial, embora de maioria checa.
Daí que a vida de João Huss tenha tido influência não só nesta região como em Coménio que viria a ser o último Bispo dos Irmãos Unidos. Ele foi um exemplo de cristão, serviu com humildade, embora tenha sido professor da Universidade em Praga, mas as pessoas de real valor são humildes, só que acabaria por ser vítima da fogueira da Inquisição numa união entre os Habsburgos e os religiosos fundamentalistas.
Tudo isso viria a exercer influência na formação integral de Coménio. Tal como Luís de Camões iria sofrer cálices amargos dos invejosos, dos ditadores, dos fanáticos; tal como ele teve de sair da sua região o que acabaria por enriquecê-lo interiormente, pois as provas vencidas são sempre fonte de sabedoria.
No período que vai dos 7 aos 14 anos eis que Coménio começa a receber os nefastos efeitos das guerras em seu ambiente natural e social. Valeu-lhe a boa educação ministrada por seus pais e pelos membros da Unidade dos Irmãos.
As lutas fratricidas generalizam-se, gerando uma guerra civil, na qual perde os seus queridos pais, mais precisamente em 1604, tinha ele 12 anitos.
Uma tia paterna recolhe-o, em Stráznice, nos anos de 1604 e 1605. Mas os pobres senhores da guerra continuam pela obtenção dos poderes efémeros, pelo domínio dos outros, o oposto ao cristianismo. Pilham e destroem, acabando por saquear a sua propriedade em Uherský Brod.
Nesta fase em que entra a puberdade Coménio passa por períodos difíceis. Em 1608, vai para Prerov a fim de continuar os estudos ainda no seio dos Membros da Unitas Fratrum.
Num período em que o corpo de desejos está mais activo e a mente ainda não nascera, Coménio passa por uma crise de puberdade, acabando por desabafar: Não sei o que fazer.
Embora com todas as pessoas se aprenda, a Escola de Prerov estava algo cristalizada. Comenio aspirava por luz mais rica e diversificada. Aprende latim que viria a ser-lhe útil.
Graças ao reconhecimento do seu valor tanto mental como de carácter, espiritual, passa a ser chamado de: AMÓS.
A partir daqui: João Amós Coménio.
Dois dias depois de fazer 19 anos, matricula-se na Universidade de Herbon em Nassau, na Alemanha. Aqui tem dois bons mestres: Johannes Fischer – Piscator, defensor do milenarismo, o V Império, e Joahnnes H. Alsted, cujos conhecimentos iam da alquimia, à cabala, à astrosofia, até às ciências naturais.
Lança os seus primeiros trabalhos.
Na Primavera de 1613 visita Amesterdão, na Holanda; nesse ano acaba por se matricular na Universidade de Heidelberg, onde estuda teologia.
Coménio tem agora 21 anos. Sua mente de elevado quilate já tinha nascido. O seu evoluído Ego já estava possuidor de todos os veículos para dar nova luz ao mundo.
No seu interior ardia o fogo do misticismo ecuménico, donde saíam chamas originais que iriam iluminar muitas mentes nos séculos seguintes.
Podemos ver não só o rio Neckar como a velha ponte sobre este rio cujas margens estão cheias de romantismo. Nos tempos de Coménio era um Palatinado governado por um Eleitor com autonomia e num ambiente cultural aberto e rico.
Embora em plena idade primaveril Coménio está doente. Acaba por regressar a Praga, pelos seus próprios meios, na Primavera de 1614.
Só que em Praga o ambiente cultural estava decadente, mas tem ainda o ensejo de estar com os seus irmãos hussitas.
Vai para a sua Morávia e aqui, com outros membros procura conceber uma reforma profunda, cultural, social, política, religiosa, que fosse um meio aglutinador e libertador do martirizado povo checo como de outras pessoas de povos diferentes também escravizados.
Desde então e até 1618 dá aulas na Escola de Prerov, lançando as bases de uma reforma interna educativa. Escreve um trabalho que facilitava o ensino do latim, mas dele nada existe.
Outros trabalhos são lançados.
Em 1616 é ordenado sacerdote da Unidade dos Irmãos. Na sua obra Do Papado chama a atenção para os perigos das ideias anticristãs.
O ano de 1618 seria um ano ledo e triste. Ledo porque casa com Madalena Vizovská em 19 de Junho; é nomeado reitor na Escola de Fulnek; triste porque começa a guerra dos 30 anos, com atitudes selvagens sobre alguns martirizados checos.
Coménio continua trabalhando para a construção de um mundo melhor para todos.
Como S. Francisco de Assis é um grande amante da Natureza, na sua visão panzoísta ama os outros reinos, numa dinâmica ecologista espiritualizada. Ainda hoje se mantém o local que, segundo a tradição, dava aulas ao ar livre, debaixo de um carvalho frondoso.
Entretanto, esta região é alvo de bárbaros atentados contra os apoiantes do príncipe Frederico de Palatino.
Fulnek é incendiada e os hussitas expulsos, entre eles Coménio.
Em 1622 sua esposa e dois filhos morrem vítimas de peste. Desse ano até 1628 vai viver escondido na Boémia Oriental, escrevendo temas conciliatórios. Contudo, muito embora fosse um profundo amante da paz e do amor fraterno, suas obras são queimadas em Fulnek.
Entretanto escreve a sua maravilhosa obra Labirinto do Mundo e Paraíso do Coração que está traduzida nos principais idiomas de todo o mundo, em que aponta os alicerces para um futuro Governo Mundial sob a Égide de Cristo, ideais em sintonia com os do rosacruz J.V. Andrea.
Em 3 de Setembro de 1624 casa em segundas núpcias com Doroteia, filha de João Cirilo, Bispo da Unidade dos Irmãos.
Começa a sua carreira diplomática como Anjo da Paz e da Fraternidade. Vai até à Polónia, a Berlim e até à Holanda para pedir apoios, incluindo asilo para os seus irmãos checos.
Após os contactos com a jovem Cristina, filha de um sacerdote, começa a defender os ideais do V Império.
Carregando pesada cruz ei-lo a caminho do exílio na Polónia onde vai realizar obra meritória no campo do ensino até 1642.
Capa de um folheto ligado à sua obra “O Labirinto do Mundo e Paraíso do Coração”,
em que surgem as numerosas traduções desta obra de cosmocraciarosacruciana.
Vamos procurar resumir ainda mais os elementos que temos sobre a sua vida e obra.
Obrigado a exilar-se porque ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, por seguir Cristo em Obras e em Verdade, eis Coménio peregrino no Mundo, levando a luz às pessoas com mente aberta e livre.
São numerosas as obras que lança neste período. Destacamos a Didáctica, a Via Lucis, Caminho da Luz, A Consulta Universal sobre a Emenda das Coisas Humanas, entre muitas outras de enorme valor.
Ajuda a reformar o ensino em diversos países desde a Inglaterra até à Suécia.
Em 1644 toma parte activa numas negociações em Orla, para o entendimento entre as diversas correntes cristãs. Pioneiro do ecumenismo religioso, não consegue resultados positivos.
Morre sua esposa em 1648, em Lezno, onde fica até 1650.
Continua escrevendo e trabalhando. Casa pela 3ª vez com Juana Gajus.
Também aqui a sua vida lhe estava dando provas dolorosas.
Usa o teatro no ensino, com a sua obra Schola Ludus.
Em 1650, deixa de novo Lezno, para aqui voltar em 1654. Porém, em 1656 é obrigado a sair. Seus bens são pilhados, sua casa incluindo a biblioteca.
Parte para Silésia, região da Europa Central e em parte Oriental levando a família, andando de terra em terra, perseguido por vários herodes.
De novo surge-lhe a Luz ao fundo do túnel. Lourenço de Geer, embaixador da Suécia em Amesterdão, ajuda-o monetariamente e oferece-lhe asilo na Holanda, que viria a ser a sua segunda Pátria.
1656-1670
Recebido com honras, em Amesterdão, é-lhe concedido o título honorífico de “GIMNASIUM ILLUSTRE”.
Instala uma tipografia onde com dois exilados checos consegue editar as suas obras.
Continua escrevendo trabalhos libertadores e aquarianos. Eles só serão devidamente entendidos depois do século XXVII, e a seguir concretizados.
Em 1657 sai “Luz nas Trevas” uma obra que visa a cúria papal e os Habsburgos.
Nesse ano e no seguinte publica em 4 volumes: “OPERA DIDACTICA OMNIA” que incluía a famosa “Didáctica Magna”.
Ainda em 1658 sai a primeira obra em que são usadas as imagens como meio pedagógico: “Orbis Pictus”, o Mundo em Imagens.
De novo Coménio é pioneiro, agora, no uso dos meios audiovisuais no ensino.
Defende que para seguir os estudos nas Academias devia ser necessário uma boa formação de carácter, caso contrário o desenvolvimento intelectual iria gerar orgulho e egoísmo.
Está mais que actual.
Profere várias conferências para reconciliar as igrejas entre si.
A partir de 1662 começa a ser editado: De Rerum Humanarum Ememdatione Consulatito Catholica, isto é, Consulta Universal para a Emenda das Coisas Humanas.
Esta obra tinha sido iniciada em 1645.
Nela há directivas para a política, para as religiões, para os filósofos, para os pedagogos, para os historiadores, para os sociólogos, para outras áreas.
No campo político defende a criação do Tribunal Internacional da Paz para resolver os problemas entre os Estados e assegurar a Paz Mundial.
Dos cargos com responsabilidade para educar, governar, etc, devem ser banidos todos os aduladores, os hipócritas, os déspotas, aqueles são as pessoas mais prejudiciais que existem.
Por fim a visão do V Império como a criação do Governo Mundial e um Consistorio Mundial em que votariam todas as pessoas de todo o mundo e cuja sede mudaria de 10 em 10 anos de Continente.
Entre 1665 e 1670 sai o manuscrito O Clamor de Elias, esperanças na emenda da humanidade, uma Europa Fraterna Unida, onde todos conviviam desde católicos, protestantes, ortodoxos, judeus, muçulmanos, etc.
Em 1667 é editado o Anjo da Paz para que os povos se entendam, especialmente a Inglaterra e a Holanda o que consegue com a assinatura de um tratado de paz assinada em 31 de Julho.
Em 1688 lança o seu Uno é Necessário em que apela de novo à Paz e à harmonia.
A 15 de Novembro de 1670 nasce para os mundos superiores.
Ao longo da sua vida toma parte activa no movimento rosacruciano não só com todo este seu trabalho, como aluno do rosacruz de Andrea, como na actividade específica em defesa da Escola Rosacruz, como acaba por chamar aos Irmãos Unidos de Fraternitas Rosaecrucis.
Em vários itens desta página surge Coménio, especialmente, no relacionado com Exposições.
Muito há que focar neste campo.
Aqui fica um resumo dos resumos.
Cada vez mais se reconhece o valor dos seus ideais e das suas ideias desde a pedagogia à política.
No campo da pedagogia permitam-me recordar um trabalho feito por Jean Piaget para a UNESCO, que o considera como seu patrono, em 1957, trezentos anos após a edição da Opera Didáctica Omnia.
O título da obra é: Páginas Escolhidas. Não conhecemos edição em português.
Depois de afirmar que a obra de Comenio está ainda actualizada, do seu valor, eis que Piaget diz que só lhe vê um senão: a sua concepção neoplatónica.
Bem, com o devido respeito pelas opiniões dos outros, as suas teorias neoplatónicas que no fundo são rosacrucianas vão ser a base da educação do futuro, como na psicologia, na medicina, etc.
Sem elas não haverá uma educação integral, libertadora, sábia.
Outro tema relaciona-se com o projecto Coménio da União Europeia.
É muito positivo escolher este arauto da pedagogia moderna, contudo não devia ser mais profundo e abrangente?
Para a construção da UE não devia ser mais lido e seguido?
Para os processos para a Paz Mundial, como para a solução dos problemas mais ou menos graves entre os povos e as diferentes culturas Coménio não devia ser mais estudado e aplicado?
Começa a ser tempo de se concretizarem alguns dos ideais de Coménio desde o uso de um idioma supranacional até a melhores estruturas internacionais para a Paz, Educação, Saúde, Justiça, Ambiente.
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