Alimentar, Curar, Ensinar :

 - Os Três Exemplos deixados por Cristo e o Domínio do Corpo de Desejos

Por  Roberto Gomes da Costa

 

Max Heindel nos disse que a vida descrita nos Evangelhos como a Vida de Cristo é a vida que está reservada a cada aspirante no caminho espiritual, pois somos Cristos em formação. O tema escolhido pela XI Reunião Internacional Rosacruz, título deste trabalho, refere-se a ações e processos adotados por Cristo e que servem como exemplos a serem seguidos por nós, na busca de nossa evolução espiritual.

Cristo nos deu, como mandamentos, os de pregar o Evangelho e de curar os enfermos e que constituem a missão da The Rosicrucian Fellowship.

 

 

 

Pregar o Evangelho ou disseminar os Ensinamentos para a Nova Idade que se aproxima é, sem dúvida, um dos processos principais da Escola Rosacruz, que cumpre esse Mandamento através da divulgação da Filosofia Rosacruz. Igualmente importante, curar os enfermos é o processo que complementa a divulgação dos Ensinamentos, dentro do princípio que a fé necessita ser convertida em obras para manter-se viva.

Cristo, a verdadeira Luz, pregou o Evangelho da redenção do pecado por meio do amor, para se contrapor ao que foi criado pela influência de Lúcifer, a falsa Luz, que promoveu o pecado e, conseqüentemente, o sofrimento, a dor e a morte. O processo de cura é, portanto, voltado à regeneração do ser humano em seu caminho ascendente para a Luz.

A ação de alimentar, tema também da Reunião, está presente em todo o Evangelho, não só em sua concepção natural, como forma de manutenção da vida do corpo físico, como também em sua concepção simbólica, como forma de manutenção dos outros veículos e como forma de crescimento anímico. Uma das referências feitas por Cristo sobre a alimentação de nossos corpos, ainda que simbólica e por isso nem sempre compreendida, é aquela em que Ele diz aos judeus que se eles não comerem de Sua carne ou beberem de Seu sangue, não viverão a Vida. Na crucificação, o grande Espírito Solar de Cristo penetrou a aura da Terra e, a cada ano, Ele entra completamente em nosso planeta e faz frutificar todas as sementes que se convertem na comida que comemos. Assim, literalmente, estamos nos alimentando do corpo e do sangue de Cristo.

 

  Santa Ceia, Óleo sobre tela, Salvador Dali

 

 

A nós está reservado o papel de liberar Cristo desse trabalho e da prisão em que está encerrado em nosso planeta. Ele aguarda a manifestação dos filhos de Deus de modo a que possamos suportar, em Seu lugar, essa carga que recai agora sobre Seus ombros.

A divulgação dos Ensinamentos Rosacruzes tem por objetivo contribuir para a regeneração do ser humano e, para que possamos proceder de forma inteligente, é importante que tenhamos algum entendimento sobre o processo. Isso é mostrado de forma simbólica em Mateus, cap. 3: “Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus, porque este é o referido por intermédio do profeta Isaias: Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.” João Batista representa a mente ou a iluminação mental. Por isso é que é dito que ele veio primeiro, para que pudéssemos ter algum entendimento sobre o processo de regeneração. Precisamos despertar através de nossas faculdades mentais, antes de levantarmos a Força Crística em nós. João (a mente) prega às várias faculdades do corpo não regenerado ou “deserto”, de modo a transformar esse deserto no Reino dos Céus. João diz que devemos preparar o caminho do Senhor, ou seja, o caminho que a Força Crística deve tomar e endireitar as veredas. Devemos purificar nossos corpos adequadamente e então dirigir a Força da Vida para cima, no caminho reto da regeneração.

  

Muito ilustrativa quanto ao processo de purificação envolvendo a mente é a passagem descrita exclusivamente em João, cap. 8. Os escribas e fariseus trouxeram à presença de Cristo uma mulher surpreendida em adultério dizendo que, segundo a Lei de Moisés, ela deveria ser apedrejada. Esse incidente é suposto ter tido lugar no Templo, ou seja, o nosso corpo. Os escribas e fariseus representam estágios da mente e a mulher o coração. Os atributos mentais promovem um julgamento severo do fato, pois vêem somente a letra da Lei. Mas Cristo vê somente com os olhos do Amor e se recusa a ouvir as coisas ditas pelos escribas e fariseus. Isto significa que a Consciência Crística quando está vivificada, não quer saber dos pensamentos maus e os trata com indiferença, que é a forma adequada para combatê-los.. Cristo percebeu que praticamente todo o mal se origina na mente, pois a formação do cérebro e da laringe, como suportes das atividades da mente, foi feita a partir da divisão das forças criadoras. Ele sabia que, se os escribas e fariseus não estivessem tão intensamente interessados no mal, não estariam tão ávidos em criticar aquela mulher. Por conseguinte, quando escreveu no chão que “aquele que estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra”, nenhum dos escribas foi capaz de acusar a mulher.

A mente costuma culpar a natureza emocional por suas falhas e problemas e Cristo mostrou que isso não é justo. Nessa passagem simbólica somos ensinados que, se a mente estiver limpa, não condenará o coração. Cristo diz ao final: vá e não peques mais. O coração não pecará mais se estiver sob a influência Crística, mas o Cristo não pode reger o homem até que a mente esteja limpa ou, em outras palavras, alimentada por pensamentos puros.

   

 

 

 O Evangelho de João nos transmite outro valioso ensinamento quanto à formação do Cristo Interno, na parábola de Cristo e a samaritana (Cap 4), junto à fonte de Jacó, que simboliza o canal espinhal. O fato de Cristo sentar-se junto à fonte significa que a Força Crística elevou-se ao topo do canal espinhal. Cristo demonstra ter sede e pede à samaritana para dar-lhe de beber. Isto significa que essa força deve ser continuamente levantada de modo a “alimentar” a consciência crística permanentemente. Quando cessamos de alimentar o Cristo Interno, voltamos à condição anterior, à vida comum.

Após a mente ter realizado seu trabalho no processo de iluminação, o coração, simbolizado por Cristo, toma a seu cargo o trabalho e torna-se Luz.

O domínio do corpo de desejos, assunto que integra também o tema da XI Reunião, é tratado na parábola da cura do paralítico, no Cap. 5 do Evangelho de João, de grande interesse para os que seguem preferencialmente o caminho do misticismo, mas igualmente importante para todos.

Na parábola existia um tanque, chamado em hebraico de Betesda, com 5 pavilhões. Em intervalos, um anjo vinha agitar suas águas. A primeira pessoa que entrava no tanque uma vez agitadas suas águas, curava-se de qualquer doença. Havia ali um homem enfermo há 38 anos, que nunca tinha sido capaz de ser o primeiro a entrar no tanque. Sempre outro homem entrava no tanque antes dele. Cristo curou o homem e disse para seguir seu caminho e não pecar mais, para que coisas piores não lhe acontecessem.

 

 Jesus Cristo curando um enfermo, Rembrandt

 

Os 5 pavilhões representam os 5 sentidos através dos quais há o contato com o Mundo Físico e, conseqüentemente, são despertadas emoções, como resultado desse contato. O anjo que agita a água representa a força espiritual superior que, enquanto fizer parte de nossa natureza emocional, nos cura de todos os males. Assim, enquanto nosso tanque interior de Betesda estiver sendo agitado com altas vibrações ou emoções superiores, nossos males gradualmente desaparecem. Mas o homem na parábola não consegue chegar ao tanque cedo o suficiente. Ele tem momentos de atividade emocional superior, mas antes que disso possa se beneficiar, uma emoção mundana, ligada à sua personalidade, simbolizada por outro homem, chega antes dele ao tanque. Isso é comum de ocorrer conosco. Temos um elevado ideal, uma emoção sublime, mas gradualmente uma emoção inferior toma seu lugar e assim voltamos à nossa condição original de esperar que novamente o anjo agite o tanque. Daí, a importância de analisarmos sempre a natureza de nossos desejos e intenções. Max Heindel representou essa situação como a de pensarmos que temos ouro puro, mas na realidade temos muitas vezes uma liga de menor valor. Quando, entretanto, o Cristo interno se forma em nós, Ele cura nossos pecados, como na parábola, mas nos adverte que, se não cessarmos de cometê-los, coisas piores poderão ocorrer, fazendo referência à Lei de Causa e Efeito, que diz que colhemos tudo o que semeamos, pois devemos caminhar em harmonia com as leis de Deus.

O conjunto de citações bíblicas apresentadas, relativas ao tema da XI Reunião Internacional Rosacruz, nos sugere também um sistema de vida para aqueles que querem evoluir no caminho espiritual, de acordo com a Escola Rosacruz.

João Batista, ou a iluminação mental, representa o estágio da vida do aspirante em que, através dos Ensinamentos Rosacruzes, realiza seu aprendizado sobre o processo de regeneração necessário para trilhar o caminho como estudante, probacionista e discípulo. A parábola da mulher adúltera mostra a condição que terá de atingir de ter purificado totalmente sua mente para que o Cristo Interno possa efetivamente reger o seu ser. Tendo sido despertado, o Cristo Interno necessitará ser permanentemente alimentado, condição que é simbolizada na parábola da samaritana, em que a força crística que subiu pela coluna espinhal é ali mantida pelas boas obras do aspirante.

O domínio do corpo de desejos, condição essencial para que o Cristo Interno permaneça no comando do ser, é mostrado simbolicamente na parábola da cura de um paralítico. Cabe enfatizar que o método ensinado por Cristo para que as emoções inferiores não venham a aderir-se a nós é o de cultivar a indiferença em relação a elas, para que a mente, elo de ligação entre o espírito e a personalidade e normalmente a origem do mal, permaneça pura e completamente sob o domínio do espírito.

Finalmente, a consciência de que Cristo realiza o grande sacrifício de, todos os anos, penetrar a Terra para nela infundir Suas Vida e, assim, fazer florescer e frutificar o que irá se tornar nosso alimento, em uma perfeita comunhão, nos estimula a prosseguir no caminho, buscando tecer, pelo serviço desinteressado, o traje dourado de bodas, o corpo alma. Quando um número suficiente de seres humanos conseguir tecer, através do serviço, esse traje, poderemos propiciar a Cristo a Sua liberação dessa pesada carga que Ele aceita suportar por Amor.

E é o cultivo do princípio do Amor, que o Amado Discípulo João simboliza, especialmente através de obras, que fará com que não tenhamos que esperar tanto nem sentir tão difícil o nascimento do Cristo Interno.

 

- O autor ( Roberto Gomes da Costa )  é membro probacionista filiado a The Rosicrucian Fellowship e presidente da Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Centro Autorizado do Rio de Janeiro.

REFERÊNCIAS

- Max Heindel, O CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS.

- John Scott, THE FOUR GOSPELS ESOTERICALLY INTERPRETED..

 

[Home][Fundamentos][Atividades] [Literatura] [Temas Rosacruzes ] [Biblioteca Online] [Informações]

Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Centro Autorizado do Rio de Janeiro

Rua Enes de Souza, 19 Tijuca,  Rio de Janeiro, R.J. Brasil  20521-210

Telefone celular:  (21) 9548-7397

rosacruzmhrio@hotmail.com

 

Filiado a The Rosicrucian Fellowship

Mt. Ecclesia, Oceanside , CA, USA

 

Copyright(c) Fraternidade Rosacruz. Todos os direitos reservados.