Resposta da Pergunta Nº 11:

Há duas atividades distintas no Purgatório. Primeiro, a erradicação dos maus hábitos. Por exemplo, o bêbado anseia pela bebida tanto quanto o fazia antes da morte. Mas, ele não tem mais o estômago e o canal alimentar para conter o álcool. Embora possa rondar todos os bares, e até penetrar nos tonéis de whisky e encharcar-se com a bebida, não sente qualquer satisfação nisso, pois não há as emanações emitidas pela combustão química que ocorre no estômago. Assim, ele sofre o suplício de Tântalo - "Água, água por toda a parte e nenhuma gota para beber".

Mas, como todo desejo neste mundo se extingue quando compreendemos que não pode ser satisfeito, com o tempo, o bêbado livra-se da ansiedade pela bebida já que não pode consegui-la, e assim nasce inocente do pecado relacionado a esse vício. No entanto, deverá dominar esse vício conscientemente, mas, a uma certa altura, a tentação cruzará o seu caminho. Quando tornar-se adulto, um companheiro poderá "convidá-lo a tomar um drinque". Dependerá só dele ceder ao apelo ou não. Se o fizer, pecará novamente e, em conseqüência, terá que expiar novamente até que as penas cumulativas da existência do purgatório provoquem nele uma aversão pela bebida. Então, ele dominará conscientemente a tentação e não lhe advirão mais sofrimentos por essa fonte.

Quanto ao mal que tivermos causado a outros, por exemplo, quando tratamos cruelmente uma criança colocada sob nossos cuidados, quando batemos nela, fazemo-la passar fome ou a maltratamos, as cenas nas quais agimos erradamente estão gravadas sobre o átomo existente no coração. Em seguida, a gravação transfere-se para o corpo de desejos, e o panorama da vida, que se desenrola para trás, trará novamente estas cenas diante da nossa consciência. Nós próprios sentiremos o que a nossa vítima sofreu: nós sentiremos as pancadas exatamente da forma que a criança as sentiu; nós sentiremos a angústia mental e a mortificação; nós sofreremos por cada golpe infligido. Ao renascer, encontraremos a nossa vítima e teremos a oportunidade de fazer-lhe o bem, ao invés de causar-lhe qualquer mal. Se assim o fizermos, estaremos agindo corretamente. Mas, se a nossa antiga inimizade perseverar, acarretará mais sofrimentos no próximo Purgatório, os quais nos levarão finalmente a entender que temos de ser misericordiosos com os que estão sob os nossos cuidados. Desta maneira, não sofreremos novamente por pecados de uma vida anterior; nasceremos inocentes pelas experiências abençoadas do Purgatório, onde aprendemos que todo ato nocivo que cometemos é por nossa livre vontade. Mas, as tentações são colocadas em nosso caminho para avaliarmos se a purificação foi suficiente para ensinar-nos as lições necessárias, e só dependerá de nós entregarmo-nos às tentações ou permanecer firmes e fortes na prática do bem.


 
V O L T A R
 

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