Príncipe Ragoczy da Transylvania
CONDE DE SAINT GERMAIN
Segundo Max Heindel o Conde de Saint Germain foi uma das últimas reencarnações de Christian Rosenkreuz (1)
Se é extremamente difícil levantar a biografia do fundador da Ordem da Rosa Cruz, a deste enigmático gentil homem não o é menos; não se sabe quando nasceu; não se sabe quando morreu, se é que de fato morreu; não se sabe qual a sua família; não se sabe qual o seu verdadeiro nome; enfim, o que se sabe sobre o Conde de Saint Germain é muito pouco.
Sabe-se que era um homem forte, de estatura média, testa ampla, rosto oval, sempre elegantemente vestido, embora com simplicidade, mas algo extravagante no que respeitava a diamantes. Sentia-se totalmente à vontade onde quer que estivesse e tratava a nobreza em pé de igualdade. Possuía uma riqueza incalculável, mas vivia com a maior das simplicidades; era de uma probidade absoluta e senhor de uma cultura inigualável; era poeta, músico, escritor, médico, físico, químico, mecânico, pintor, mas o seu grande talento era como alquimista.
Sabe-se que tinha um particular apreço por elegantes jantares, não pela comida, já que nunca comia nem bebia em público e apenas se alimentava com uma mistura de farinha de aveia e sêmola que ele mesmo preparava, mas pelo convívio, pois era um incansável e excelente conversador; falava fluentemente francês, inglês, espanhol, português, alemão, italiano, boémio, árabe, grego, latim, sânscrito e chinês, e a sua prodigiosa memória permitia-lhe contar pormenores de episódios de um passado longínquo como se os tivesse vivido, o que alimentava os rumores sobre a sua extraordinária longevidade.
De facto, diz-se que ao longo de mais de dois séculos Saint Germain esteve em diversos países europeus, conviveu com a mais alta nobreza, tendo privado com Luís XV de França e madame Pompadour, mantendo sempre o mesmo aspecto, o de um gentil homem de quarenta e cinco ou cinquenta anos.
Quanto às datas do seu nascimento e morte, a maioria dos seus biógrafos situa a primeira em 1710, ano, porém, em que dois amigos afirmam tê-lo encontrado em Veneza já com o seu aspecto de sempre; quanto à sua morte, a mesma é oficialmente situada em 27 de Fevereiro de 1784, sobre a qual Mirabeou compôs um curioso epigrama: "Foi sempre um tipo descuidado e, por fim, tal como os seus predecessores, esqueceu-se de não morrer".
Porém, Saint Germain continuou a ser visto um pouco por toda a parte; logo no ano seguinte representou os maçons franceses na convenção de Wilhemsbad; em 1786 foi recebido por Catarina a Grande, em S. Petersburgo; em 1788 terá sido embaixador da Itália em Portugal (!); em 1793 assistiu em Paris à execução de Jeanne Dubarry, amante de Luís XV, e de Maria Antonieta; em 1798, usando o nome de Hompesch, era o grão-mestre de uma loja militar dos Cavaleiros de Malta onde Napoleão Bonaparte terá sido admitido durante a sua campanha no Egipto; em 1821 assistiu às negociações do Tratado de Viena, e o conde de Chalons, embaixador francês em Veneza, afirmou que, pouco tempo depois, falara com ele na Praça de S. Marcos, em Veneza; mais de um século depois, concretamente em 1939, um aviador americano cujo aparelho se despenhou nas imediações de um mosteiro tibetano, contou que entre os monges havia um europeu que lhe disse ser o conde de Saint-Germain.
Quanto à sua origem a opinião mais generalizada considera-o o filho mais velho do príncipe Francis II Rákóczy, da Transilvânia (1676-1735), e da sua primeira mulher, Charlotte de Hesse-Rheinfels (2), e que ele e os seus irmãos tinham sido levados para Viena a fim de serem criados pelo imperador austríaco; porém, aos sete anos foi dado como morto para poder ser entregue aos cuidados de João Gastão de Médicis, grão duque da Toscânia; o nome de Saint Germain, terá sido adoptado porque passou alguns anos da sua infância em San Germano, uma vila situada a cerca de 60 quilómetros a oeste de Milão. Quando a princesa Amélia, da Prússia, lhe perguntou de onde era, respondeu ser de um país que nunca tivera por soberanos homens de origem estrangeira; a outra senhora que pretendia saber as suas origens, disse que tudo quanto lhe podia dizer era que, aos sete anos, vagueava pelas florestas com o seu preceptor, que tinha a cabeça a prémio e que, na véspera da fuga, a mãe, que não tornaria a ver, lhe metera o retrato debaixo do braço, confissão esta que nos transporta, fatalmente, à fuga pelas florestas da Turíngia, do pequeno Christian Germelshausen e do seu preceptor P.a.l.
Em 1908 Max Heindel escreveu que Christian Rosenkreuz "está hoje encarnado - um alto Iniciado, um activo e poderoso factor em todos os assunto do Ocidente - embora desconhecido do Mundo"(3), mas, por não ser permitido, não revelou o seu nome. Algum tempo depois confessou que admitira a hipótese de esta última encarnação ter sido como Rasputine, que pouco antes fora assassinado, o que à primeira vista é no mínimo surpreendente (4). De facto, a ideia que geralmente se faz de Rasputine (1869-1916) é a de um falso monge, iletrado, semilouco, depravado, que dominou a família imperial russa graças a um estranho poder que lhe permitia estancar as hemorragias do pequeno tsarevich que sofria de hemofilia; esquece-se, porém, outra faceta, a que levou milhões de russos a venerarem Rasputine como um santo, que sempre fez tudo para ajudar quem se lhe dirigisse com seriedade, sem nada pedir em troca.
Outros autores, porém, inclinam-se para um descendente dos Rákóczy ou para o próprio Francis II Rákóczy, da Transilvânia, o que no entanto pode não passar de um equívoco resultante da possível origem do Conde de Saint Germain, equívoco esse de que Max Heindel não se terá apercebido ou não terá querido esclarecer. Recorde-se que em 1908 o "homem que tudo sabe e que nunca morre", como disse Voltaire, estaria, provavelmente, nos Himalaias, para onde teria ido nos finais do século XVIII a fim de descansar, como confessou aos seus amigos Rudolf Gräffer e barão Linden. (5).
António Monteiro, Janeiro de 2007
O autor é estudante rosacruz, associado ao Centro Rosacruz Max Heindel, em Portugal.
Notas:
(1) The Rosicrucian Cosmo-Conception, p. 433.
(2) Os Rákóczy são uma velha e nobre família húngara que desempenhou um papel importante na história da Transilvânia e da Hungria, a partir da eleição, em 1630, de George I Rákóczy (1591-1648) como príncipe da Transilvânia, o qual, aliado a estados protestantes, extremou a política contra os Habsburg, tendo-lhes declarado guerra e invadido a Hungria em 1644; a paz de Linz, assinada no ano seguinte, concedeu liberdade religiosa aos húngaros e vastos territórios aos Rákóczy. O seu filho, George II Rákóczy (1621-1660) foi deposto em 1657 em virtude do insucesso militar contra a Polónia e acabou por ser morto pelos Otomanos quando invadiram a Transilvânia. Sucedeu-lhe o filho, Francis I Rákóczy (1654-1676) que tentou prosseguir a política de hostilidade para com os Habsburg, mas sem sucesso, o que levou à sua substituição por Francis II Rákóczy (1676-1735), seu filho.
Francis II Rákóczy, apoiado por Luís XIV de França, encabeçou o movimento de rebelião dos húngaros contra os Habsburg; em 1704 foi eleito príncipe governante da Hungria e em 1707 a nobreza húngara depôs a dinastia Habsburg e proclamou a república. Porém, Francis II Rákóczy sofreu algumas derrotas militares que levaram húngaros e austriacos a negociar a paz em 1711, mas cujos termos foram rejeitados por Rákóczy, que preferiu exilar-se na Polónia, depois na França e, por fim, no Império Otomano, onde faleceu. Mal grado este final pouco feliz, Francis II Rákóczy é considerado o maior herói nacional da Hungria.
(3) The Rosicrucian Cosmo-Conception, p. 518.
(4) A Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, vol II, perg. 157, pp. 457 a 461.
(5) O Enigmático Conde S. Germain, p. 319
O Cavaleiro Polonês. , Pintura de Reembrandt,1655.
Retrato atribuído ao Grande Mestre Rosacruz, o Conde de St. Germain, que segundo Max Heindel foi uma das últimas encarnações de Christian Rosenkreutz.
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