PRINCÍPIOS ROSACRUZES PARA
A EDUCAÇÃO
INFANTIL


Max Heindel

 

 

SUMÁRIO

CAPÍTULO I 2

CAPÍTULO II 9

Hereditariedade e Problemas da Infância 9

CAPÍTULO III 11

A Razão para a Mortalidade Infantil 11

CAPÍTULO IV 13

A Astrologia e a Criança 13

Um Caso Específico 14


CAPÍTULO I

Talvez não haja assunto tão importante quanto a educação de crianças. Em primeiro lugar, pais sábios que desejam proporcionar à criança todos os benefícios, já começam antes do nascimento, antes mesmo da concepção, a voltar reverentemente seus pensamentos para a tarefa da qual vão incumbir-se. Cuidam para que a união que vai gerar novo ser se realize sob condições estelares apropriadas, isto é, quando a Lua estiver transitando por um signo que possibilite a construção de um corpo forte e sadio, conservando eles mesmos, tanto quanto possível, seus próprios corpos nas melhores condições físicas, morais e mentais. Durante o período de gestação devem evocar constantemente a imagem ideal de uma vida expressiva, saudável e útil para o ser que se aproxima.

Logo em seguida ao nascimento procuram fazer o Horóscopo da criança, pois pais sábios são também Astrólogos. Caso, porém, não estejam capacitados para levantar um Tema Natal, podem pelo menos estudar os signos estelares que capacitará a compreender o que o astrólogo lhes disser. Em nenhuma circunstância, contudo, devem recorrer ao astrólogo profissional que avilta esta Ciência por amor ao dinheiro, mas sim buscar a ajuda de um Astrólogo Espiritual, ainda que demoram nessa busca. No Mapa Natal da criança suas fortalezas e fraquezas de caráter podem ser identificadas muito facilmente, o que deixa seus pais em vantajosa posição para estimular o bem e adotar os meios adequados para reprimir o mal, antes que as tendências convertam-se em realidades. Desta maneira, eles podem ajudar grandemente esse ser querido a superar suas fraquezas.

Em segundo lugar, os pais precisam conscientizar-se de que aquilo que denominamos nascimento é apenas o nascimento do corpo físico visível, que nasce e chega ao seu presente estado com maior eficiência e em menos tempo do que os veículos invisíveis, porque teve uma evolução mais longa. Assim como o feto é resguardado dos impactos do mundo visível pelo útero protetor da mãe durante o período de gestação, do mesmo modo os veículos mais sutis são resguardados por um envoltório de éter e de matéria de desejos que os protegem até que estejam suficientemente amadurecidos e aptos para suportarem as condições do mundo externo.

Durante os primeiros anos as forças que atuam pelo polo negativo do éter refletor são extremamente ativas, e é nessa fase que muitas crianças ainda puras e inocentes, são clarividentes. Os Lemurianos, que eram também inocentes e puros, possuíam uma percepção interna que davam-lhes uma vaga idéia do contorno externo dos objetos. Eram contudo iluminados internamente - em proporção às suas qualidades anímicas - por uma percepção espiritual nascida da pureza inocente. De modo semelhante, em seus primeiros anos, as crianças podem "ver" os mundos suprafísicos sobre os quais, freqüentemente, falam. São porém desencorajadas de mencionar o que vêem em razão dos mais velhos não lhes darem crédito ou mesmo ridicularizarem-nas.

É deplorável que esses pequeninos sejam forçados a mentir, ou, pelo menos, negar a verdade, em virtude da incredulidade dos mais velhos, dos mais "sábios". Após investigações, a Sociedade de Pesquisas Psíquicas demonstrou que, freqüentemente, as crianças brincam com invisíveis companheiros, os quais visitam-nas assiduamente até certa idade. Durante esses anos a clarividência das crianças tem o mesmo caráter negativo da do médium.

Com as forças que atuam no Corpo de Desejos dá-se o mesmo. A capacidade passiva de sentir dor física está presente, mas a capacidade de emocionar-se acha-se quase inteiramente ausente. É natural que a criança se emocione à menor provocação, mas a duração dessa emoção é apenas momentânea e simplesmente superficial. Vimos pois que todas as qualidades negativas encontram-se ativas no recém-nascido, mas antes que ele seja capaz de usar seus diferentes veículos, as qualidades positivas precisam amadurecer.

A criança possui o elo da mente, contudo é quase incapaz de atividade mental individual. É extremamente sensível às forças que atuam pelo polo negativo da mente, daí ser imitativa e mais facilmente ensinada.

Não devemos imaginar que quando o pequenino corpo da criança nasce, o processo de nascimento completou-se. Tendo o Espírito já construído muitos corpos físicos, é lógico que tenha a necessária habilidade para fazê-los com presteza, porém o Corpo Vital é uma aquisição mais recente do ser humano, por isso não somos tão práticos na construção deste veículo. Conseqüentemente, demanda mais tempo construí-lo servindo-se de materiais ainda não utilizados no revestimento do arquétipo, e ele não nasce antes dos sete anos, época da segunda dentição. O Corpo de Desejos é uma aquisição ainda mais recente do homem composto e só nasce aos quatorze anos, na puberdade, enquanto a mente só nasce aos vinte e um anos, idade em que a lei reconhece e fixa a maioridade do indivíduo.

Com relação à influência que o nascimento dos vários veículos exercem sobre a vida, podemos dizer que não obstante os órgãos já estarem formados por ocasião do nascimento da criança, somente no espaço de tempo que vai do nascimento até o 7º ano, na ocasião da mudança dos dentes, é que as linhas de crescimento do Corpo Físico são determinadas. Os órgãos sensoriais tomam certas formas definidas que lhes dão suas tendências básicas estruturais, o que determinam suas linhas de desenvolvimento em uma direção ou em outra. Depois ainda crescem, mas sempre dentro das linhas estabelecidas nesses primeiros sete anos e os erros e as negligências de oportunidades durante esse período nunca podem ser recuperadas na vida subseqüente. Se os membros e órgãos tomarem forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houver má formação, então o corpinho crescerá deformando-se em maior ou menor grau. É dever do educador dar um ambiente adequado à criança nesse período, tal como faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.

Como o som é construtor, tanto em tom maior como em menor, podemos imaginar que o ritmo exerce uma enorme influência sobre o organismo da criança em crescimento. O Apóstolo João expressa misticamente a idéia no 1º Capítulo do seu Evangelho, com as formosas palavras: "No princípio era o VERBO... e sem Ele nada do que foi feito se fez... e o Verbo se fez carne". O "Verbo" é um som rítmico emitido pelo Criador, que repercute através do Universo ordenando miríades de átomos na multiplicidade variada de formas que vemos ao nosso redor. A montanha, a flor, o rato, o homem, todos são encarnações dessa grande Palavra cósmica, que continua soando através do Universo, ainda que imperceptível aos nossos insensíveis órgãos auditivos. Mas, mesmo que não ouçamos esse maravilhoso som celestial, podemos trabalhar o corpo das crianças valendo-nos da música terrena. Os versos e as cantigas de ninar, muitas vezes, não têm sentido, contudo são portadoras de um maravilhoso ritmo e quanto mais a criança for ensinada a recitá-las e repeti-las, a cantá-las, dançá-las ou marchar ao seu ritmo, mais música estará sendo incorporada à sua vida diária e, por conseguinte, mais forte e saudável será seu corpo nos anos futuros.

Os dois lemas que se aplicam nesse período são um para os pais e outro para a criança: Exemplo e Imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança, e sua conduta nos anos futuros dependerá dos exemplos dados por seus pais na aurora de sua vida. Tudo no ambiente da criança deixa nela uma impressão para o Bem ou para o Mal. Devemos portanto compreender que os nossos mais insignificantes atos podem causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos e que nunca devemos fazer nada na presença da criança que não desejemos que ela imite. É inútil ensinar-lhe moralidade ou racionar neste período. Ela ainda não possui mente, não possui razão. O exemplo é o único mestre de que precisa e que atende. Não pode esquivar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, posto que este é o único método de crescimento nesta fase. Instruções morais e raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-la nesses termos, agora, equivale a extrair um feto de um útero prematuramente. Se alguém tentasse forçar um parto por antecipação, arrancando o bebê do útero protetor de sua mãe antes de completar-se o tempo normal de gestação, tal atentado resultaria na morte desse bebê, uma vez que ele não alcançou ainda suficiente maturidade para suportar os impactos do mundo físico. Nos três períodos setenários que se seguem ao nascimento, os veículos invisíveis encontram-se ainda no útero da Mãe Natureza. Assim, pois, se tentamos ensinar uma criança de tenra idade a memorizar ou pensar, ou se provocamos seus sentimentos e emoções, estamos de fato violando a matriz protetora da Natureza, com resultados que podem ser tão nefastos em outro sentido, como seria um parto forçado prematuramente. Crianças-prodígios geralmente vêm a ser homens e mulheres com inteligência abaixo da mediana. Não podemos impedir que a criança aprenda ou pense por sua própria vontade, mas nunca devemos forçá-la a tal, como é comum certos pais o fazerem para gratificarem sua vaidade pessoal. Tudo o que a criança absorve em termos de pensamentos, idéias e imaginação deve vir por si mesmo, assim como os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.

Devemos dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação, algo com vida, ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo que sua dona troque as suas roupinhas sem nenhum auxílio. Deste modo ela exercita sua força construtiva de maneira correta. Ao menino dê-se ferramentas, modelos e massas. Nunca dê às crianças brinquedos terminados, de forma que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isto rouba ao cérebro oportunidades de desenvolvimento, e o cuidado e objetivo da pessoa que educa neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.

No tocante aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nessa fase pois um apetite normal ou exagerado nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui, também, o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentos prejudicam o organismo. Quanto mais simples for o alimento, quanto mais aproveitado for pela mastigação, mais o apetite se tornará saudável, o que norteará o ser humano através da vida, proporcionando-lhe um corpo sadio e uma mente sã, fatos que o glutão desconhece. Contudo, não façamos para nós um prato e outro diferente para nosso filho. Podemos impedir que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele um secreto desejo pelo alimento proibido e cuja satisfação buscará quando tiver idade suficiente para ter vontade própria. Aí sua capacidade de imitação prevalecerá. Compete, portanto, a cada pai e a cada mãe lembrarem-se, do princípio ao fim do dia, que olhos vigilantes seguem-nos o tempo todo, esperando que ajam para imitar-lhes o exemplo.

Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, para não irritarem a criança. Muito da natureza imoral que estraga uma vida tem sido primeiramente despertada pelas fricções das roupas demasiadamente apertadas, particularmente no caso dos meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes males que mancham a nossa civilização. Atentos a isso, procuremos por todos os meios manter nosso filho inconsciente de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar prematuro da natureza sexual (e que já está além do controle do rapaz em crescimento), pelo que sempre deve ser evitado.

Com relação à educação do temperamento, sabemos que as cores assumem aqui a maior importância, e sabemos também que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores, mas particularmente o efeito das cores complementares, pois são estas que atuam no organismo da criança.

Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança alcança a suficiente perfeição que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Estendendo sua capa protetora de éter sobre o Corpo Físico, começa então a viver independentemente. É aí que deve começar o trabalho do educador sobre o Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, da consciência, dos bons hábitos, e de um temperamento harmonioso. Autoridade e Aprendizado passam a ser as palavras chave dessa época em que a criança vai aprender o significado das coisas. Se temos um filho precoce, procuremos não estimulá-lo a cursos que exijam esforços mentais extremos. Criança-prodígio, conforme já dissemos, geralmente vêm a ser homens e mulheres de inteligência abaixo do normal. Neste particular deve-se permitir à criança seguir as suas próprias inclinações. Sua faculdade de observação precisa ser ensinada especialmente através dos exemplos. Mostre ao menino uma pessoa embreagada e também o vício que a deixou em tão lastimável estado. Em seguida, mostre-lhe um homem sóbrio, e apresente-lhe idéias elevadas. Neste período pode-se começar a prepará-lo para economizar a força que principia a despertar em si, e que vai capacitá-lo a reproduzir a espécie ao fim do segundo período de sete anos. Que ele nunca busque informar-se a esse respeito através de fontes duvidosas porque seus pais, muitas vezes, tolhidos por um falso senso de pudor, evitam esclarecê-lo devidamente. É dever do educador o esclarecimento apropriado da criança. A omissão nesse ponto equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas, com advertência de não tropeçar nelas. Ora, ao menos tirem-lhe a venda. Ela já terá dificuldades suficientes mesmo sem ela.

A flor pode servir como lição objetiva, e todas as crianças, das maiores às menores, devem receber as mais belas instruções em forma de um conto de fadas. Pode-se ensiná-las que as flores são como as famílias, sem precisar confundi-las com termos de botânica. Mostrem-lhes então algumas flores, dizendo: "Aqui está uma família-flor em que todos são meninos (as estaminas); e aqui está uma outra onde estão meninos e meninas (uma flor que tem tanto estames como pistilos). Mostrem-lhes o pólen nas anteras. Digam-lhes que estas flores são idênticas aos meninos nas famílias humanas; que são destinados e estão sempre desejosos de sair pelo mundo afora e lutar na batalha da vida. Mostrem-lhes as abelhas com as cestas de pólen em suas pernas e contem-lhes como os meninos-flores cavalgam nesses corcéis alados, tal como os cavaleiros de antanho iam pelo mundo em busca da princesa aprisionada no castelo encantado (o óvulo oculto no pistilo); mostrem-lhes também como o polensinho - cada cavaleiro - abre caminho através do pistilo até alcançar o óvulo. Digam-lhes, então que esse encontro significa o casamento da flor-homem com a flor-mulher, os quais daí em diante viverão felizes e se tornarão pais de muitas flores-meninos e flores-meninas. Quando elas compreenderem isto perfeitamente, estarão também sabendo bastante sobre o acasalamento nos reinos animal e humano, uma vez que não existe diferença, pois a geração em um reino é tão casta, pura e santa quanto nos outros. A criança educada desta maneira sempre olhará a função criadora com reverência. Cremos que não há melhor modo de introduzi-la no assunto.

Esta narrativa pode variar e ser enriquecida de acordo com a fantasia do educador, como ainda pode ser suplementada por histórias de pássaros e outros animais. Isto despertará na criança a compreensão da origem do seu próprio corpo e emprestará ao amor mútuo dos pais todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, além de prevenir o mais leve pensamento de repulsa associado ao parto, que possa surgir na mente da criança. Quando assim preparada, ela estará pronta para o nascimento do Corpo de Desejos, na ocasião da puberdade.

No entanto, para que a criança possa melhor colher os benefícios da orientação e ensino dos seus pais e de seus mestres, é fora de dúvida que precisará tê-los na maior veneração e sentir admiração por sua sabedoria. Cabe a nós, portanto, conduzir-nos à altura desse conceito, pois se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la do mais forte apoio na vida que é a fé e a confiança em seus semelhantes. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e teremos de responder perante a Lei de Conseqüência por termos negligenciado a grande oportunidade de guiar os primeiros passos de um ser no caminho certo. O exemplo é sempre melhor do que um conselho.

Há também a considerar a questão dos castigos corporais, os quais são importantes fatores no despertar da natureza sexual e assim este castigo deve ser cuidadosamente evitado. É um crime infligir castigos corporais à criança, seja qual for sua idade. A força nunca foi um direito, e os pais, como os mais fortes, sempre devem ter compaixão pelo débil. Não há criança, por mais indócil que seja, que não reaja ao método de recompensa pelas boas ações e à supressão de privilégios como conseqüência da desobediência. Coloquemo-nos no lugar de uma criança: gostaríamos de viver agora com alguém de cuja autoridade não pudéssemos escapar, que fosse muito maior do que nós, e que nos batesse quase todos os dias? Ponhamos de lado essa prática, e notaremos que muitos dos males sociais desaparecerão em uma geração. Reconhecemos o fato de que o chicote dobra o espírito de um cão, ao mesmo tempo que deploramos os indivíduos sem fibra e de vontade fraca. Deve-se isto aos açoites impiedosos a que foram submetidos na infância. É deplorável que certos pais considerem como sua missão na vida quebrantar o espírito de seus filhos pela lei da vara. Como pais podemos e devemos orientar e sanar o mal guiando a vontade de nossos filhos por linhas que a nossa própria razão amadurecida possa indicar. Deste modo ajudamo-los a cultivar a fortaleza de caráter, ao invés da fraqueza e subserviência, que infortunadamente afligem muitos de nós. Por conseguinte, nunca bata numa criança. Quando a correção se fizer necessária, retire uma concessão ou suspenda um privilégio.

O Corpo de Desejos nasce por volta dos quatorze anos, na época da puberdade. Quando o Ego encerra seus dias na Escola da Vida, a força centrífuga de Repulsão separa-o do veículo denso por ocasião da morte e, em seguida, do Corpo Vital. Depois, no Purgatório, a grosseira matéria de desejos mais inferiores, é purgada por esta força centrífuga. Nas regiões superiores somente a força de Atração é atuante, retendo o bem pela força centrípeta, a qual tende a atrair tudo da periferia para o centro.

Esta força centrípeta de Atração também atua sobre o Ego por ocasião do renascimento. Sabemos que podemos lançar mais longe uma pedra do que uma pena. Em virtude disso, após a morte, a matéria mais densa é lançada para fora pela centrífuga força de Repulsão. Pela mesma razão, no retorno do Ego, a matéria inferior com que ele vai expressar suas más tendências é lançada para dentro pela centrípeta força de Atração, resultando disso que quando a criança nasce só o que ela tem de melhor e de mais puro transparece na superfície. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o corpo de Desejos nasça e suas correntes comecem a jorrar para fora do fígado. Esta é a época em que sentimentos e paixões começam a exercer domínio sobre o rapaz ou a moça, quando a matriz da matéria de desejos que protegia o nascente Corpo de Desejos é removida. Quando os desejos e emoções são libertados, o adolescente atinge o período mais perigoso de sua vida, aquele do ardor da juventude, entre os catorze e os vinte e um anos. O Corpo de Desejos está, então, desenfreado e a mente, como ainda não nasceu, não pode atuar como um freio. Na maioria das vezes este é um período de provas, que não chega a ser tão difícil para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais ou mestres, pois estes podem, então, ser para ele uma âncora de apoio contra a erupção de seus sentimentos. Se ele habituou-se a confiar na palavra dos mais velhos, e estes sempre lhe deram ensinamentos sábios, ele terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará com segurança. Porém, na mesma medida, se houve falha nisso, poderá estar sujeito a situações perigosas.

Nos seus primeiros anos de vida, a criança vê-se como uma propriedade de sua família, ela está subordinada aos desejos de seus pais e em maior grau do que após os quatorze anos. O motivo é que existe na garganta do feto e da criança uma glândula chamada Timo, a qual, sendo maior antes do nascimento, vai diminuindo de tamanho através dos anos da infância até desaparecer numa idade que varia de acordo com as características da criança. A finalidade desse órgão no corpo humano tem intrigado os anatomistas, que ainda não chegaram a um acordo sobre o seu verdadeiro papel. Supõem contudo que antes do desenvolvimento da medula dos ossos, a criança não é capaz de produzir seu próprio sangue e, portanto, a glândula Timo, contendo a essência fornecida pelos pais, responde pelo fabrico do sangue necessário desde os primeiros anos até a idade em que ela, já adolescente, possa produzi-lo por si mesma como parte da família e não como Ego. Mas a partir do momento em que passa a fabricar seu próprio sangue, o Ego inicia sua auto-afirmação. Deixa então de ser "o menininho da mamãe" ou "a menininha do papai", e passa a ter sua própria identidade. Chega então a idade crítica em que os pais começam a colher o que semearam. A mente ainda não nasceu; nada mais consegue deter a natureza de desejos; e tudo passa pois a depender dos exemplos ministrados por eles ao adolescente em seus primeiros anos de vida. Neste período, a fase da auto-afirmação, o sentimento de "Eu sou eu" é mais forte do que em qualquer outra idade e, portanto, as ordens autoritárias devem ceder lugar a conselhos. É o tempo em que devemos ensiná-lo a investigar as coisas por conta própria e deste modofazê-lo formar opiniões individuais a respeito. Procuremos gravar sempre nele a necessidade de investigar cuidadosamente antes de julgar, e também o fato de que quanto mais fluídicas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novas idéias e adquirir novos conhecimentos.

Durante o período da adolescência os pais precisam ser tolerantes ao máximo, pois em nenhuma outra época o ser humano necessita tanto de simpatia quanto nos 7 anos que medeiam os 14 e os 21anos, quando a natureza de desejos é irreprimível. Para o adolescente que foi educado desde criança segundo os princípios que esboçamos e enfatizamos atrás, este período não será tão crítico, uma vez que seus pais podem então significar o amparo que precisa para superar os obstáculos próprios desta fase até a maioridade, quando nasce a mente.

Quando acompanhamos o Espírito humano através de um Ciclo de Vida, do nascimento à morte e desta ao renascimento, podemos ver quão imutável é a lei que governa cada um dos seus passos e quão rodeado ele se encontra pelo mais amoroso desvelo dos grandes e gloriosos Seres que são os ministros de Deus. Esse conhecimento é da máxima importância para os pais, já que uma boa compreensão do desenvolvimento que se efetua em cada período setenário capacitá-os a trabalharem inteligentemente com a Natureza, podendo conquistar mais confiança do que aqueles pais que desconhecem os Ensinamentos dos Mistérios Rosacruzes.


 

CAPÍTULO II

 

Hereditariedade e Problemas da Infância

A pergunta é repetida freqüentemente: "Como se explica que quase sempre os filhos herdam as qualidades dos pais?" Explicamos dizendo que isso não é a realidade. Infelizmente as pessoas parecem atribuir seus maus traços à hereditariedade, culpando, assim, seus pais por suas próprias falhas, não obstante creditando a si mesmas a conquista das boas qualidades que acaso possuam. O próprio fato de diferenciarmos o que herdamos daquilo que nos é próprio mostra que a natureza humana tem dois lados: o da forma e o da vida.

Sobre o lado forma, dissemos anteriormente que na parte inferior da garganta do feto, exatamente acima do esterno, há uma glândula chamada Timo, que é maior durante a gestação e que atrofia-se gradualmente à medida que a criança cresce, e desaparece completamente depois dos quatorze anos, quando os ossos já estão devidamente formados; que a ciência tem-se confundido quanto à utilidade dessa glândula, aventando algumas teorias a respeito; que entre estas, uma insinua que ela supre a matéria para a produção da hemoglobina, até que os ossos estejam, suficientemente formados para poderem produzir esses corpúsculos sangüíneos por si mesmos. Esta é a teoria correta.

Ainda no capítulo precedente afirmamos que nos primeiros anos o Ego não desfruta da posse completa do seu pequeno Corpo Físico, reconhecendo que a criança não é totalmente responsável por seus atos até aos 7 anos, e mesmo até aos quatorze anos. Até esta idade nenhuma responsabilidade jurídica por seus atos pode ser-lhe imputada, e assim é que deve ser, pois o Ego só pode atuar completa e eficientemente no sangue que ele próprio fabrica, e sendo o estoque de sangue da criança fornecido por seus pais através da glândula Timo, a criança não pode ainda ter comando sobre si mesma. Eis por que nos primeiros anos as crianças não falam tanto de si como "Eu", mas sim identificando-se com a família. Deste modo referem-se a si geralmente como a menina do papai, ou o menino da mamãe. A criancinha dirá: "Maria quer isto", e "Joãozinho quer aquilo". Mas tão logo alcancem a puberdade e comecem a produzir seus próprios corpúsculos de sangue, então ouvimos a menina ou o menino dizer: "Eu" quero fazer isto ou "Eu" quero fazer aquilo. Daí por diante as crianças começam a afirmar sua própria identidade e começam a emancipar-se da família. Através dos anos da infância, tanto o sangue como o corpo sendo uma herança dos pais, fazem com que as tendências para as doenças também estejam presentes. Não as doenças propriamente, mas apenas as tendências. Após os quatorze anos fica dependendo, em grande parte do próprio Ego, a manifestação ou não dessas tendências em sua vida.

Quanto ao lado da vida, devemos compreender que o homem - o pensador - vem para aqui equipado com uma natureza mental e moral que são exclusivamente suas, tomando de seus pais somente o material para o Corpo Físico, conforme vimos acima. Todavia, somos atraídos a certas pessoas pela Lei de Conseqüência e pela Lei de Associação. A mesma lei que induz o músico a procurar a companhia de outro músico em salas de concerto; os jogadores a se reunirem nos cassinos e hipódromos; os intelectuais a se juntarem nas bibliotecas etc., é também a Lei que leva as pessoas de análogas tendências, características e gostos a nascerem na mesma família. Quando ouvimos uma pessoa dizer: "Sim, sei que gasto muito, mas minha família não foi acostumada ao trabalho; sempre tivemos empregados", - isto demonstra que basta a semelhança de gostos para justificar o caso. Quando outro diz: "Oh! sim, sei que sou extravagante, mas não posso evitá-lo, é mal de família", vemos mais uma vez a Lei de Associação manifestando-se. Por conseguinte, quanto mais cedo reconhecermos que, ao invés de usar a Lei de Hereditariedade como desculpa para nossos maus hábitos, devemos é procurar dominá-los e cultivar virtudes, o que é muito melhor para nós. Não consideraríamos válida a desculpa de um ébrio que dissesse: "Não, não posso deixar de beber. Afinal, todos os meus companheiros bebem!" Recomendar-lhe-íamos simplesmente que se afastasse deles o mais depressa possível e procurasse auto-afirmar-se em sua individualidade. A outras pessoas aconselharíamos a parar de escudarem-se em seus ancestrais como desculpa para seus maus hábitos.


 

CAPÍTULO III

 

A Razão para a Mortalidade Infantil

Há muitos motivos para a morte de crianças. Abordaremos aqui apenas algumas das razões principais. Em primeiro lugar, quando um Ego retorna à vida terrena, ele é guiado a certo ambiente previamente calculado para impulsionar-lhe o progresso e possibilitar-lhe liquidar uma parte de destino auto-gerado em existências anteriores. Mas quando os pais fazem mudanças radicais em suas vidas, de forma que o Ego fica frustrado quanto às exigências a adquirir e o seu destino a cumprir, então ele é retirado dali e encaminhado a outro lugar onde hajam as condições requeridas para o seu desenvolvimento. Ele pode ser retirado por alguns anos e reconduzido depois à mesma família, caso se verifique que as condições almejadas prevalecerão ali nessa ocasião posterior.

Existe outra causa responsável pela mortalidade infantil, a que foi gerada no passado, ou melhor, gerada em vidas anteriores. Para compreendê-la é necessário conhecermos algo acerca daquilo que acontece no instante da morte e imediatamente após. Quando um espírito abandona seu corpo leva consigo o Corpo de Desejos, a Mente e o Corpo Vital, sendo este último o repositório de todas as cenas passadas. Estas cenas são gravadas no Corpo de Desejos durante os três dias e meio que se seguem à morte. O Corpo de Desejos torna-se, então, o árbitro do destino do homem no Purgatório e no Primeiro Céu. O efeito doloroso causado pela purgação do mal, assim como a satisfação sentida na contemplação do bem praticado na vida anterior, passam para a vida seguinte como consciência, tanto para impedir que o homem perpetue os erros do passado, como para estimulá-lo a continuar fazendo o bem que tanto o deleitou na vida anterior.

Quando esses três dias e meio que se seguem à morte são usados pelo Ego sob condições de paz e tranqüilidade, ele pode concentrar-se muito mais na gravação da sua vida passada. Havendo essas condições, o panorama fica mais fortemente impresso no seu Corpo de Desejos, o que não aconteceria se tivesse sido perturbado pelas lamentações histéricas de seus parentes ou por outras causas. Assim, ele experimenta um sentimento muito mais intenso do mal no Purgatório e do bem no Primeiro Céu; o agudo sentimento de culpa falar-lhe-á com inequívoca voz, enquanto que o bem praticado dar-lhe-á um caráter mais nobre e altruísta. Quando, porém, uma pessoa morre em acidente, talvez numa rua apinhada de gente, em um desastre de trem, em um incêndio ou sob outras circunstâncias, é claro que ele não poderá concentrar-se devidamente. Tampouco poderá concentrar-se se morrer em um campo de batalha. Não seria justo, contudo, que ele perdesse as experiências de sua vida apenas por morrer em circunstâncias tão impróprias. Em tais casos, a Lei de Causa e Efeito compensa a perda por outro modo.

A concentração é igualmente impossível quando os parentes que ficam à volta do moribundo irrompem em dolorosos soluços e lamentos histéricos no momento do último suspiro, e continuam nessa atitude por alguns dias. O espírito, que a esta altura ainda está em estreito contato com o Mundo Físico, comove-se extremamente com a dor daqueles que lhe são caros, o que o incapacita a focalizar a atenção no panorama da sua vida que ali termina. Em conseqüência, todo o processo da gravação no Corpo de Desejos fica menos profunda, o que não ocorreria se lhe fossem proporcionados silêncio e paz. Daí não poderem os sofrimentos purgatoriais ser tão vívidos, nem os gozos celestiais ser tão acentuados quanto poderiam sê-lo em condições normais, perdendo o Ego, no seu regresso seguinte à existência terrena, considerável parte do proveito daquelas experiências anteriores. A voz da consciência não lhe falará tão forte como o faria se o espírito não tivesse sido perturbado.

Para compensar esta perda ele é levado a renascer entre os mesmos amigos que o prantearam, e deles é arrebatado na infância. Desta vez entra no Mundo do Desejo, mas não vai além do Primeiro Céu, pois não é mais responsável por seus atos do que o bebê pelas dores causadas à mãe, quando se revolve em seu útero. Portanto, a criança não tem existência purgatorial. Aquilo que não foi vivificado não pode morrer, assim o Corpo de Desejos e a Mente da criança perduram até um novo nascimento. Por tal motivo elas são capazes de recordar sua vida passada. Desde que o Ego não pode alcançar o Segundo e Terceiro Céus, porque a Mente e o Corpo de Desejos não chegaram a nascer, ele simplesmente aguarda no Primeiro Céu uma nova oportunidade para renascer. Quando uma pessoa morre sob as aflitivas circunstâncias acima referidas, ela renasce e morre logo a seguir, ainda criança, recebendo no Primeiro Céu as lições sobre os efeitos das paixões e desejos, de tal modo que é como se as tivesse aprendido na vida purgatorial. Para tais crianças, o Primeiro Céu é um lugar de espera onde permanecem de um a vinte anos, mas, na verdade, é muito mais que um lugar de espera, pois nesse espaço de tempo elas alcançam aí um considerável progresso.

Quando uma criança morre, há sempre algum parente esperando por ela ou, quando não há parentes, outras pessoas que muito amaram os pequeninos em sua vida terrena, e compraziam-se em tomar conta deles, estão a sua espera demonstrando muita satisfação em cuidar dela. A extrema plasticidade da matéria de desejos permite construir-se facilmente os mais extraordinários brinquedos viventes, o que torna a vida das crianças ali um belo recreio. Porém sua educação não é negligenciada. Elas são separadas em classes consoante seus temperamentos, nunca pela idade. No Mundo do Desejo é facílimo ministrar-se lições objetivas sobre a influência do bem e do mal, sobre comportamento e sobre felicidade. Tais lições imprimem-se indelevelmente no sensitivo e emocional Corpo de Desejos da criança e nele permanecem após o renascimento. Deste modo, ela deve renascer com o desenvolvimento de consciência apropriado, podendo assim prosseguir na sua evolução. Muitas pessoas devem ao fato de ter-lhes sido dada essa educação, a possibilidade de viver uma vida elevada.

Desde o passado, o homem tem sido excessivamente belicoso e, por causa da sua ignorância, nem sempre cuidadoso em relação à conduta a seguir com parentes que morriam, considerando débeis aqueles que morriam no leito (que eram poucos em proporção aos que morriam nos campos de batalhas). Deve-se certamente a isso, o maior percentual de mortalidade infantil. Como o homem vem gradativamente melhorando o seu entendimento, compreendendo que em nenhuma outra ocasião ele é mais guarda de seu irmão do que no instante de sua morte, e que também poderá ajudá-lo com simples adoção de uma atitude tranqüila e piedosa, a mortalidade infantil deixará de ocorrer em tão larga escala como acontece atualmente.


 

CAPÍTULO IV

 

A Astrologia e a Criança

"DEUS É LUZ", diz a Bíblia, e nós somos incapazes de conceber uma mais excelsa semelhança para a Sua onipresença e para a maneira de Sua manifestação. Mesmo os maiores telescópios têm fracassado em alcançar as fronteiras da luz, muito embora possam revelar-nos estrelas que se acham a milhões de quilômetros distantes da Terra. Podemos perguntar-nos, como o Salmista:

"Para onde fugirei da Tua Presença?
Se subo aos céus Tu lá estás;
se o meu leito no inferno eu faço,
Tu estás lá também;
se as asas da alvorada alcanço
e bem nos confins dos mares vou morar,
ainda lá reconheço
Tua mão a me guiar".

Na aurora do Ser, Deus, o Pai enunciou A Palavra, e o Espírito Santo moveu-se sobre o mar homogêneo de Matéria Virgem, e a primitiva Escuridão tornou-se Luz. Esta foi portanto a primeira manifestação da Divindade. Um estudo dos princípios da luz poderá revelar à intuição mística uma maravilhosa fonte de inspiração espiritual. Como o elucidar mais amplamente este tema nos afastaria de nosso objetivo, limitar-nos-emos a dar apenas uma idéia elementar de como a Vida divina energiza a forma humana e estimula-a à ação.

Verdadeiramente Deus é UM e indivisível. Ela encerra em Seu SER tudo o que existe, assim como a luz branca encerra todas as cores. Mas aparece tríplice em manifestação, do mesmo modo que a luz branca se refrata nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos estas cores, elas simbolizam o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Estes três raios primários de Vida Divina são difundidos ou irradiados através do Sol, e produzem vida, consciência e forma sobre cada um dos sete portadores de luz, os planetas, chamados "os Sete Espíritos ante o Trono". Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode demonstra que Netuno não pertence ao nosso sistema solar, e aqui aconselhamos o leitor a ler a obra "Astrologia Científica Simplificada", onde este autor demonstra matematicamente o argumento.

Cada um desses sete planetas recebe a luz solar em diferentes proporções, consoante a proximidade da órbita central e a constituição de suas atmosferas. Os seres sobre cada um deles, de acordo com seu grau de desenvolvimento, têm afinidade com determinado raio solar. Cada planeta absorve a cor ou cores que lhe é ou são congruentes e reflete as demais sobre os outros. O raio refletido leva consigo um impulso da natureza dos seres com quem esteve em contato.

Deste modo a Luz e a Vida Divinas vão a cada planeta, quer diretamente do Sol, quer por reflexos dos seus seis planetas irmãos, e assim como a brisa de verão que bafeja sobre os campos floridos arrebata e leva em suas silentes e invisíveis asas a múltipla fragrância de uma multidão de flores, também a sutil influência do Jardim de Deus traz-nos os impulsos combinados de todos os espíritos, e nessa luz multicolorida vivemos, nos movemos, e temos o nosso ser.

Os raios que vêm diretamente do Sol produzem iluminação espiritual; os refletidos pelos planetas adicionam consciência e desenvolvimento moral; e os refletidos pela Lua proporcionam crescimento físico.

Mas como cada planeta só pode absorver certa quantidade de uma ou mais cores, de conformidade com a sua fase evolutiva, assim também cada ser sobre a Terra, seja do reino mineral, vegetal, animal ou humano, só pode absorver e aproveitar certa quantidade dos diversos raios projetados sobre a Terra. O excedente não o afeta nem produz-lhe sensação, da mesma forma que os cegos não são conscientes da luz e da cor que existem em toda a parte ao seu redor. Portanto, quando o homem retorna à Terra para colher aquilo que semeou em vidas passadas e lançar outra vez novas sementes para a colheita de novas experiências, cada Ego é diversamente afetado pelos raios estelares. Os astros são os cronometristas celestiais que medem os anos, e a Lua indica o mês propício para colher ou plantar. Desta maneira a ciência astrológica é uma verdade fundamental na Natureza, altamente benéfica, em obtenção de desenvolvimento espiritual.

A criança é um mistério para todos nós, que só podemos conhecer suas inclinações quando elas lentamente desenvolverem suas peculiaridades, mas, então, é demasiado tarde para reprimi-las, já que maus hábitos se formam e o jovem está num grau descendente. Um horóscopo levantado logo após o nascimento, de maneira científica, mostra as tendências para o bem ou para o mal na criança. Então, se os pais quiserem ter o trabalho necessário para estudar a ciência das estrelas, poderão prestar à criança que lhes foi confiança um inestimável serviço, pois estarão em condições de poder estimular-lhe a boas inclinações e reprimir suas tendências para o mal antes que se cristalizem em hábitos.

Não pense que para levantar um horóscopo seja necessário conhecer matemática superior. Há pessoas que fazem horóscopos tão complicados, tão "terríveis e admiravelmente bem feitos", que ninguém consegue lê-los. Nem mesmo seus autores. Um mapa estelar e fácil de interpretar pode ser levantado por qualquer pessoa que saiba apenas somar e subtrair. Este método foi muito bem esclarecido no trabalho Astrologia Cientifica Simplificada, que é um compêndio completo, embora pequeno e barato. Todo pai e mãe que amam profundamente seus filhos devem esforçar-se para aprender Astrologia e fazerem um horóscopo por conta própria. Mesmo que suas habilidades não possam vir a ser comparadas a de um astrólogo experiente, seus conhecimentos íntimos sobre a criança, bem como seu profundo interesse por ele, compensarão a diferença, capacitando-os a verem mais profundamente o caráter do filho através do seu horóscopo. E, deste modo, saberão melhor como desincubir-se dos deveres de pais, fazendo com que se revelem mais abundantemente aos seus cuidados.

Um Caso Específico

(Nota do Editor. - O que se segue, escrito por Max Heindel, é uma boa ilustração da aplicação dos princípios de educação da criança a um exemplo específico. É uma reimpressão de um artigo publicado na revista "Rays from the Rose Cross"de setembro de 1916).

Pergunta:

"Achamos o horóscopo de Marjorie na revista deste mês. Estávamos a espera dele, e sentimo-nos agradecidos do que podemos dizê-lo (a criança está com três anos e meio).

"A energia que ela gasta em perdas temperamentais já é evidente ( Sol em conjunção com Marte e quadratura com Urano), e toda tentativa para acabar com isso encontra da parte dela resistência tanto mental quanto física. Como transmutar essa energia, é o nosso problema. Diz o horóscopo: esteja certo, deve começar imediatamente e comece certo! Temos estudado e tentado conseguir resultados. Mas ela não responde aos tratos carinhosos, de forma que pouco antes de conseguirmos o horóscopo havíamos decidido apelar para o castigo corporal como última solução. Pelo que me é dado saber e pelos resultados que testemunhei, a correção deve ser feita por outras maneiras. Muita coisa porém que se faz na escola é impraticável no lar, além do que, nunca soube de qualquer método aplicável a crianças com a idade de Marjorie. A Sra. R. leu o que muitas autoridades escreveram sobre a educação da criança, todas condenando os castigos corporais mas nenhuma delas mostrando uma solução adequada. Pelo raciocínio, realmente, a criança tem maior oportunidade para argumentar.

"O que devemos fazer para que nos obedeça, sem usarmos de castigo corporal? Cumprimos nossa palavra nos menores detalhes e ela não esquece isso, mas a recompensa parece-nos que gera uma forma egoística. Se for possível, dê-nos algum exemplo concreto, uma sugestão, alguma idéia de como e o que fazer. Queremos acima de tudo realizar neste mundo o milagre de sua transformação, mas, honestamente, não sabemos como agir".

Resposta:

Algumas crianças são mais difíceis do que outras quanto a forma de educá-las. Na realidade deve ser motivo para regozijo o ter-se uma como Marejorie, pois crianças assim possuem espírito e individualidade. As chamadas crianças boazinhas, que são modelos de bom comportamento e obediência, deveriam, na verdade, preocupar-nos muito mais, porque carecem de iniciativa. Crianças difíceis sempre estão fadadas a abrir caminho no mundo e colher experiências, quer diretamente por uma vida virtuosa e serviço digno, quer indiretamente por uma vida de erros, que são mais tarde corrigidos e transmutados no Purgatório. Por outro lado, a criança boazinha, que nunca incomoda seus pais, tem tudo para crescer exatamente do mesmo modo e atravessar a vida sem fazer o bem nem o mal. Lembre-se daquilo que o Espírito falou, no Apocalipse, às sete igrejas. A umas ele louvou; a outras repreendeu; porém a mais assustadora e fulminante acusação foi feita a uma igreja nestes termos:

"Quem dera fosses fria ou quente.

Mas porque és morna, e não és quente

nem fria, vomitar-te-ei da minha boca".

Se existe um caráter que esteja solidamente firmado no caminho da virtude, este é o homem mau que se converteu. Como diz o axioma: "Quanto maior o pecador maior o santo". Qualquer um que trilhe os caminhos do vicio tem sempre condições para ser forte também na virtude, quando seus pés se encaminharem para ela. Mas as pessoas mornas, que não são frias nem quentes, com essas é que devemos preocupar-nos. Portanto, não precisam recear por Marjorie. Ela se sairá bem no final de tudo. Somente uma alma forte possui tais configurações e demonstra, por conseguinte, tão marcantes características.

Agora um método para orientar seus passos no caminho do bem agir. Temos observado que o melhor é não notar as faltas MENORES, mesmo aquelas que consideramos ofensivas, ainda que ocasionalmente possamos insinuar, "Eu não faria isto, ou aquilo"; "Meninas bonitas não fazem isto ou aquilo"; "Você não vai querer que os outros pensem que você não é boazinha". Se vocês não derem liberdade à criança e não levarem em conta o fato de que o Corpo Vital está em processo de formação durante os primeiros sete anos, vocês se equivocarão. Este corpo é o veículo do hábito, portanto, a criança cria um hábito após outro, mas abandona os velhos quase tão rapidamente quanto se formam os novos.

Com isto em mente, vocês devem deixar de corrigir sua filha a todo instante, o que diminuirá o respeito dela por vocês, de modo que, quando tiverem de exigir-lhes obediência em coisas verdadeiramente importantes que ele a deve seguir para seu bem, vocês, por certo, não serão ouvidos. Ë importante saber do que ela mais gosta em relação a alimentos, brincadeiras, vestidos e também diversões fora de casa e, assim, podem começar a por em prática, suavemente a princípio, e aumentando gradativamente, este processo que vou tentar explicar-lhes, até que o objetivo em vista seja alcançado.

Nunca se priva uma criança em crescimento do seu alimento regular, porém, neste caso, seu prato pode ser-lhe entregue sem o acompanhamento esperado. Assim o "Suplício de Tântalo" é perfeitamente válido, isto é, tragam as sobremesas e deixem-na ver a mamãe e o papai saboreá-las e dizerem como são deliciosas, e também ver que estas coisas estão-lhe sendo negadas por ela não concordar em obedecê-los. Pensamos ser este um dos métodos mais eficazes para conseguir obediência. Se a menina gosta de roupas bonitas e tem um vestido que ache feio, façam-na usá-lo sempre que desobedecer. Assim vestida ela não desejará sair e ser vista pelas companheiras. E, se sair, logo será descoberto o motivo por que está vestida assim. Então, com aquela costumeira crueldade infantil, a criançada zombará da rebeldezinha que, por certo, receia mais esse tratamento do que qualquer coisa que mamãe possa fazer-lhe. Deste modo, a pressão exercida bem cedo poderá forçá-la à obediência resultando, talvez, em um pedido para que vocês livrem-na daquele vestido.

Existem vários outros métodos, dentro desta mesma diretriz, que poderão ocorrer aos pais. Tais corretivos, entretanto, só devem ser usados muito raramente e como último recurso, caso contrário, a criança poderá tornar-se insensível aos mesmos.

Em geral, ponderações sobre o amor filial e o reconhecimento do carinho com que os pais a cercam, fazendo-a compreender o objetivo da educação, é quanto basta para ajudá-la a ter uma conduta correta.

 

FIM

 

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