ESPIRITUALISMO – CIÊNCIA
Ideação e Espiritualidade
Ideação é a capacidade de
formar novos conteúdos, na consciência, à custa dos elementos que nos chegam
através de percepção e que são conservados e fixados pela memória. É esta uma
das definições de ideação, a qual se pode aplicar aos nossos estudos
espiritualistas.
Precisamos, mesmo, formar
novos conteúdos de consciência, dirigindo-a dos objetos materiais e egoístas
para outros espirituais e altruístas. É através da capacidade de ideação que
poderemos realizar os nossos exercícios e procurar contato com os nossos
companheiros e mestres em planos mais sutis.
À ideação, está intimamente
ligado o mecanismo de associação de idéias, muito utilizado na psicoterapia, o
qual se pode desenvolver nas esferas intelectual, emotiva e volitiva.
Interessa-nos, especialmente, esta última, pois é pela vontade que poderemos
atingir o objetivo que temos em vista. Devemos associar as nossas idéias,
voluntariamente, para os fins do bem, da purificação, do amor e da
harmonia.
A ideação está também
ligada ao pensamento que é a atividade intelectual pela qual fazemos juízos e
tiramos conclusões.
O pensamento pode estar
perturbado por várias formas: inibição, fuga de idéias, perseveração,
estereotipia, prolixidade, confusão, interceptação, desagregação e
compulsão.
Não vamos definir todas
essas formas de perturbação. Elas são citadas apenas para despertar o interesse
dos estudiosos que poderão, futuramente, observar como certas manifestações,
exuberantes ou reticentes, correspondem a estados mórbidos de maior ou menor
gravidade.
As idéias em si também
apresentam perturbações, podendo assumir formas: delirantes, deliroides, com
erros passageiros ou transitórios, prevalentes, de grandeza, de autoacusação,
hipocondríacas, de negação, fixas e obsessivas.
Muitas pessoas se fixam em
algumas destas variedades, que passam a constituir fatores de sua personalidade.
Uns têm idéia de grandeza e julgam-se discípulos aceitos, já perto do mestrado,
e passam então a exortar os companheiros a seguir sua senda, julgada como única
que conduz à perfeição. Outros são auto-acusadores e consideram-se indignos de
serem reconhecidos como seres capazes de evoluir. São pecadores pela própria
vontade e procuram deprimir-se em vez de elevar-se. Nunca podem realizar coisa
alguma porque acham não estar à altura. São as pessoas que passam pelas salas de
aula, ouvintes, sempre ouvintes, inibidos para qualquer outra coisa que não seja
ouvir. Os sentimentos de ação, poder e vontade acham-se adormecidos por
mecanismos desconhecidos e que, talvez dificilmente possam ser
despertados.
Precisamos , portanto,
educar o pensamento. Entregue a si, pode chegar a ser um elemento destrutor,
produzindo o mal e a intranquilidade. Dominado, educado, poderá ser um manancial
de bem, de amor e de bênçãos divinas.
O domínio do pensamento
pode ser conseguido pela ideação. É aceitando ou recusando idéias que podemos
dar largas as pensamento ou restringi-lo.
A ideação pode ser um
empecilho quando é dirigida para obstáculos e dificuldades. Precisamos idealizar
os objetivos altruístas, os contatos com os seres superiores, fugindo às
finalidades egoístas e aos desejos mesquinhos.
O conhecimento do mecanismo
da ideação é muito útil para os exercícios espirituais. Auxilia não somente o
estudante, durante a meditação, a formar melhor idéia de si, atraindo
capacidades de energia, tranquilidade, amor e eficiência no serviço, como,
também, aumenta a sua possibilidade de se pôr em contato com os seres
superiores.
Devemos idealizar muito no
nosso caminho para a realização. Todas as coisas têm um significado oculto que
precisamos descobrir à custa da ideação, da associação de idéias e do
pensamento. A imagem mental deve ser clara e precisa para que possamos atingir a
nossa finalidade.
Quanto mais nos firmarmos
nestes mecanismos, maior será a corrente que poderemos canalizar. É por meio
deles que poderemos verificar a realidade de muitos fenômenos psíquicos,
incríveis para os leigos. É por meio deles, e pela nossa ação correta e pura,
que poderemos atrair as divinas presenças no trabalho árduo, difícil e penoso de
despertar o nosso Deus interno.
A glória da realização, a felicidade do próximo, através do serviço que prestamos, e a felicidade perdurável, resultante da consecução dos ideais por que lutamos, constituem a merecida recompensa de todos aqueles que lutam e sofrem no caminho do conhecimento.
-
Dra. Ophelia Guimarães.
Fonte: Correio Rosacruz, abril-maio de 1960.
Documento Histórico Edição do CORREIO ROSACRUZ divulgando um Ciclo de Conferências Públicas Rosacruzes. Na foto, palestrando, a Dra. Ophélia Guimarães, compondo a mesa com a Sra. Irene Gómez Ruggiero, ao centro, e o Sr. Roberto Ruggiero, a direita. Na coluna da equipe do Correio, a Dra. Ophélia Guimarães compõe com a Sra. Irene Gómez Rugiero, a equipe de redatores principais. |
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