Max Heindel

Um Estudo Biográfico

Carl Louis Fredrik von Grasshoff ( MAX HEINDEL )

[1865-1919]

 

 

por António Monteiro

 

 

 

Aarhus, a segunda maior cidade da Dinamarca, onde nasceu Carl Louis Fredrik Grasshoff

 

“Tudo tem seu tempo determinado,

 e há tempo para todo propósito debaixo do céu:

Há tempo de nascer, e tempo de morrer;

Tempo de plantar, e tempo de colher...”

- Eclesiastes, Cap.3, vers. 1 e 2

 

 

Carl Louis Fredrik von Grasshoff, nome de baptismo de Max Heindel, nasceu em Aarhus,  Dinamarca, em 23 de Julho de 1865.

 

 

Pórtico da Catedral Luterana de Aarhus

 

Interior da Catedral Luterana de Aarhus, onde foi batizado em 15 de outubro de 1865

 

 

Com oito anos de idade sofreu um acidente que o iria afectar para sempre: ao saltar uma vala de água, bateu violentamente com o calcanhar esquerdo e feriu a perna com gravidade, pelo que teve de ser sujeito a várias intervenções cirúrgicas, o que, porém, não evitou uma perna defeituosa para toda a vida.

 

Copenhagen, onde cresceu e passou sua infância e adolescência

 

 

Mapa da Dinamarca, mostrando Aarhus, sua cidade natal e também Copenhagen

 

Mapa Astrologico de Carl Louis

 

 

Glasgow, a maior cidade da Escócia, onde iniciou seus estudos de engenharia naval

 

 

Em 1884 emigrou para a Grã-Bretanha, e empregou-se numa tabacaria em Glasgow, ao mesmo tempo que estudava engenharia de máquinas nos estaleiros locais.

 

Liverpool, Inglaterra

 

 

 
 
 Liverpool  Moonlight, 1887,  pintura a óleo  de Atkinson Grimshaw

No ano seguinte casou e mudou-se para Liverpool, onde nasceram duas filhas. Entretanto alistou-se na marinha mercante, e,  posteriormente como engenheiro-chefe de um navio da Cunard Line, viajou um pouco por toda a parte.

 

Carl Grasshoff, com cerca de 21 anos,  sua primeira esposa Cathy, e sua filha
 Wilhelmina
 

 

Nos finais de 1888 regressou à Dinamarca e instalou-se, com a família, em  Copenhague, onde se associou a um irmão numa firma de importações, tendo atingido um bom nível de vida. Aqui nasceu a sua terceira filha e o único filho varão.

 

 
Copenhagen, Dinamarca
 

 

 

Porém, o casamento não era feliz e Carl divorciou-se decidindo emigrar, sozinho, para os Estados Unidos, a fim de refazer a vida.

 

Nos Estados Unidos

 

 Somerville, MA, cerca de 1896, onde Heindel trabalhou como engenheiro numa fábrica de cerveja

 

Terá sido em 1896  que chegou a Nova Iorque, onde, como outros imigrantes, adoptou um novo nome, o de Max Heindel. Trabalhou,  como engenheiro, numa destilaria em Boston, Massachusetts, viveu cerca de um ano com uma senhora dinamarquesa, mãe de quatro filhos, e, face às boas perspectivas de futuro, mandou ir os seus filhos para os Estados Unidos. Mas o  casamento com esta senhora também não foi feliz.

 

 Great Lake Steamer, sua última viagem marítima
 
 

 Em 1903 partiu para Los Angeles, Califórnia, onde ocupou um lugar de engenheiro consultor; porém, este lugar foi extinto e Max Heindel atravessou um período de grandes dificuldades e privações.

 

 

A Sociedade Teosófica

 

Charles Leadbeater, que o iniciou nos estudos teosóficos

 

 

Em Dezembro desse ano assistiu, casualmente, a uma conferência de Leadbeater e interessou-se, vivamente, pela Teosofia, a tal ponto que se inscreveu na loja de Los Angeles de que chegou, pouco depois, a ser vice-presidente. Entretanto conheceu Augusta Foss, também membro da Sociedade Teosófica, que o despertou para la Astrologia. O excesso de trabalho e a vontade de adquirir mais e mais conhecimentos espirituais afectaram gravemente o seu coração e, durante os meses do Verão de 1905, a sua vida correu sérios riscos.

 Primeiro ciclo de conferências

 

No Outono de 1905, Max Heindel iniciou, por sua conta, um ciclo de conferências sobre misticismo cristão e astrologia. Em Seattle, o coração voltou a obrigá-lo a novo período de hospitalização, mas mal se sentiu recuperado foi para Duluth, Minnesota, onde as suas conferências foram muito bem acolhidas.

 

Na Europa

 

De pé, sua irmã Anna Emilie e seu irmão Louis Julius August. 
Sentada, sua mãe Anna Sorine Withen Grasshoff

 

 

 

Entretanto, uma sua grande amiga, Alma von Brandis, foi para a Europa a fim de assistir às conferências de Rudolf Steiner, na época membro da Sociedade Teosófica. Entusiasmada, escreveu a Max Heindel pedindo-lhe que viesse ter consigo; porém, nem a saúde, nem o trabalho, nem as finanças permitiam essa viagem. Mas Alma estava determinada a dar a conhecer ao seu amigo os ensinamentos de Steiner, que ela seguia com todo o fervor, pelo que, nos princípios do Outono de 1907, foi buscá-lo a Duluth e trouxe-o, por sua conta, para a Europa.

Rudolf Steiner,

a quem dedicou a primeira edição do "Conceiro Rosacruz do Cosmos",

pois muitas de suas investigações  foram confirmadas pelas instruções

 recebidas através do Irmão Maior  que o iniciou nos Mistérios Rosacruzes

 

 

Usando, de novo, o seu nome de baptismo, aproveitou a oportunidade para visitar a mãe, em Copenhaga, após o que, em princípios de Novembro, seguiu com a sua amiga para Berlim, onde se encontrava Rudolf Steiner.

Durante cinco meses, Max Heindel estudou, afincadamente, os seus ensinamentos, assistiu às suas conferências  e encontrou-se com Steiner, em privado, umas seis vezes.

 

O Irmão Maior

 

Quando, nos princípios de Abril de 1908, Max Heindel se encontrava no seu quarto, sentiu, de súbito, uma presença e, apesar da sua visão etérica ser ainda muito incipiente, viu um homem em corpo vital, que o informou de que desejava ajudá-lo a solucionar os problemas que o tinham trazido à Europa. Esta visita repetiu-se por vários dias, ao longo dos quais a misteriosa personagem foi respondendo às questões que Max Heindel levantava, em termos absolutamente lógicos, claros, precisos e concisos.

Em dada altura, o seu visitante disse-lhe que a ordem a que pertencia tinha uma solução para os mistérios do Universo, muito mais completa e abrangente do que todas as que até então tinham sido tornadas públicas, e que estava pronto a compartilhá-la com ele, com a condição de a manter no mais inviolável segredo; Max Heindel, que sempre ansiara por levar ao conhecimento público tudo quanto pudesse aliviar o sofrimento humano e satisfazer a necessidade de saber, recusou, asperamente, a oferta. O visitante deixou-o.

Em princípios de Maio, comprou o bilhete de regresso aos Estados Unidos, mas ao regressar ao quarto deparou, de novo, com o seu visitante, que, uma vez mais, se prontificou a instruí-lo caso prometesse guardar segredo. Max Heindel reagiu de forma ainda mais rude, mas desta vez, e para sua surpresa, o seu interlocutor não se foi embora, antes respondeu com toda a cordialidade:

“- Estou contente por ouvir a tua recusa, meu irmão, e espero que sejas sempre tão zeloso na disseminação dos nossos conhecimentos, sem receio nem favores, como foste na tua recusa. É esta a verdadeira condição para receber os ensinamentos”.

É fácil imaginar a imensa alegria de Max Heindel ...

 

No Templo da Rosa Cruz

 

O visitante, um Irmão Maior, chamado São Jorge e que iria ser o seu Mestre, instruiu-o sobre a forma de chegar ao Templo da Rosa Cruz, uma construção etérea, invisível para as pessoas da região, que não podiam imaginar-se tão próximas da Grande Escola da Sabedoria Ocidental, situada na Boémia, perto da fronteira entre a República Checa e a Alemanha.

Durante a sua permanência de mais de um mês no Templo, Max Heindel recebeu a sua primeira iniciação e escreveu, em alemão,  o rascunho de Conceito Rosacruz do Cosmo.

 

À despedida, os Irmãos Maiores deram-lhe o seguinte conselho:

 

- Nunca tentes angariar dinheiro, nem mesmo para a construção da Ecclesia ou do Sanitarium. Os edifícios são mortos, não importa quão belos possam ser; assim, procura interessar homens e mulheres de almas nobres que possam doar as suas vidas a este movimento, pois somente assim poderá ser um factor vivo de trabalho do mundo. Se seguires esta política, virão edifícios dignos e adequados, consoante as necessidades de trabalho, mas se entregares estes inestimáveis ensinamentos a Mammon, a luz enfraquecerá e o movimento falhará. 

 

 Regresso aos Estados Unidos 

 

Capa do Conceito Rosacruz do Cosmos, desenhada por Max Heindel,

Representando a união da mente e do coração no Caminho Rosacruz

 

 

No Verão de 1908 Max Heindel estava de regresso aos Estados Unidos. Logo em Nova Iorque iniciou a redacção final do Conceito Rosacruz do Cosmo, tendo terminado o manuscrito em Novembro desse ano, em Buffalo, NY, para onde se mudara e onde criou o primeiro Centro Rosacruciano. Foi um seu velho e grande amigo, William Patterson, que vivia em Seattle, WA, quem financiou a impressão do livro, bem como a de vinte conferências subordinadas ao tema Cristianismo Rosacruz, que Max Heindel, entretanto, proferira em diversas cidades do oeste.

  Neste ínterim, Max Heindel, graças à sua simpatia natural e ao seu ar de clérigo - um possível vestígio da sua anterior encarnação como sacerdote católico, na França do século XVI – ia conseguindo que alguns jornais publicassem artigos seus, apesar de contrários às ideias então prevalecentes, e escreveu outro livro, Astrologia Científica Simplificada.

 Finalmente, em 14 de Novembro de 1909, saíram os primeiros exemplares de Conceito Rosacruz do Cosmo, encadernados em tela; na mesma altura foram, também, publicadas, mas em folhetos, as vinte conferências com o título original de The Rosicrucian Christianity Lectures.

 

A Fraternidade Rosacruz

Max Heindel, sua esposa Augusta Foss Heindel e amigos

 

Entretanto, Max Heindel tinha criado, em Seattle, WA, um segundo Centro Rosacruciano, com cerca de cinquenta membros. Em 8 de Agosto de 1909, durante o encontro dominical, perguntou se todos estavam dispostos a unir-se para difundir os ensinamentos; perante a resposta unânime e afirmativa, Max Heindel declarou:

"- Formámos, agora, a Fraternidade Rosacruz!".

Em princípios de 1910 Max Heindel criou novo Centro Rosacruciano em Los Angeles, e proferiu outras conferências em diversas cidades, até que voltou a adoecer.

Na noite do dia 9 de Abril, o seu Mestre apareceu-lhe no quarto do hospital e disse-lhe que tinha começado uma nova década, durante a qual Max Heindel teria o privilégio de transmitir ao mundo uma nova ciência de cura, que mais tarde lhe seria ensinada, e que a Fraternidade iria formar os auxiliares para esse grande trabalho. Convidou-o, então, a acompanhá-lo ao Templo da Rosa Cruz, onde lhe foi exposto o esquema do trabalho que devia ser levado a efeito pela Fraternidade.

Com uma pequena ajuda, Max Heindel pôde desenvolver a sua visão espiritual até à quarta região do Mundo do Pensamento Concreto e viu os arquétipos da sede da Fraternidade, onde, uma multidão oriunda de todas as partes do mundo, ia receber os seus ensinamentos e proporcionar, aos que sofrem, o bálsamo que os aliviaria. Max Heindel recebeu, assim, a sua segunda iniciação. Antes de deixar o Templo, os Irmãos Maiores disseram-lhe que na sede devia ser construída uma igreja, ou templo, onde se prepararia a Panaceia.

Max Heindel regressou ao seu corpo denso e, contrariamente ao prognóstico  médico, recuperou rapidamente a saúde.  Em meados desse ano proferiu novas  conferências em diversas cidades, mas o seu coração fraquejou uma vez mais e obrigou-o a regressar a Los Angeles. Durante três meses ficou de cama, numa das duas pequenas casas de praia que Augusta Foss, com quem casou em 10 de Agosto de 1910, possuía em Ocean Park, junto a Santa Monica.

 Nessa altura  recebeu a sua terceira iniciação.

Em Fevereiro de 1911, William Patterson ofereceu-se para comparticipar na aquisição de um terreno onde se pudesse instalar a sede da Fraternidade. Depois de algumas tentativas falhadas na região de Los Angeles, Max Heindel e Augusta Foss partiram para o sul da Califórnia, onde a abundância de éter na atmosfera facilitaria o trabalho espiritual.

 Numa manhã de domingo chegaram a Oceanside, uma pequena povoação costeira, então com cerca de 600 habitantes, onde havia para venda um terreno com cerca de 16 hectares. Mal chegaram, Max Heindel exclamou:

- Oh! É este o local!

  Mount Ecclesia

Cruz trifoliada dedicada à Christian Rosenkreuz

Em 3 de Junho  de 1913   a cor da Cruz de Rosas

dedicada ao Fundador da Antiga Irmandade Rosacruz,

Christian Rosenkreutz foi alterada, de preto para branco

 

 

No dia 28 de Outubro, em Mount Ecclesia, como Max Heindel passou a designar o terreno em causa, teve lugar, na presença de nove membros da Fraternidade e três Irmãos Maiores, estes nos seus corpos vitais, a cerimónia das primeiras escavações e da colocação de uma cruz trifoliada negra, com as letras C, R, e C em cada um dos braços superiores.

        Maio de 1916 - Publicação da revista Rays from the Rose Cross.

Echoes from Mt. Ecclesia
Rays from the Rose Cross Magazine
1913-1919

Edited by Max Heindel

 

 

Dois dias depois iniciou-se a construção do edifício da administração, mais tarde biblioteca, a que, tal como os Irmãos Maiores haviam predito, outros se seguiram, "dignos e adequados, conforme as necessidades de trabalho", como os da enfermaria, da pro-ecclesia, etc. As melhores condições de trabalho permitiram a publicação regular, a partir de Junho de 1913, de um pequeno folheto, Echoes from Mount Ecclesia, que dois anos depois passaria a ter quarenta páginas e a designar-se Rays from the Rose Cross, bem como a realização, em 1914, dos primeiros serviços.

Em 27 de Agosto de 1914, Max Heindel recebeu a sua quarta iniciação.

 

 Max Heindel (1865 -1919)

 

A Fraternidade Rosacruz prosseguia, com regularidade, os seus cursos por correspondência, a emissão de cartas e lições mensais, a realização dos diversos serviços, nomeadamente os de cura, e ainda a publicação de outros livros, até que, na tarde de 6 de Janeiro de 1919, Max Heindel sofreu uma síncope cardíaca; apesar do serviço de cura em sua intenção, feito de imediato  na Pro-Ecclesia, cerca das vinte e trinta terminou a sua existência terrena.

 

Capela, em Mount Ecclesia, Sede da The Rosicrucian Fellowship, fundada por Max Heindel

 

 

  

   

FONTE:  http://centro-rosacruz.com

 

 

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