Irene Gomez Ruggiero

Sra. Irene Gómez Ruggiero

 (+ 15 de setembro de 1961)

Fundadora do primeiro núcleo rosacruz do Rio de Janeiro. Natural do Uruguai, migrou para o Brasil em 1940, a conselho da Sra. Augusta Foss-Heindel, onde fundou a Fraternidade Rosacruz Max Heindel. Ministrou inúmeras conferências no Brasil e em diversos países latino-americanos. Manteve durante várias décadas um programa radiofônico na antiga rádio Copacabana, chamado A VOZ ROSACRUZ. Prestou assistência espiritual a presidiários em institutos penais do Rio de Janeiro. Promoveu diversos conclaves rosacruzes. Autora de inúmeros artigos, editou durante várias décadas o CORREIO ROSACRUZ. Oficiou durante cerca de meio século serviços esotéricos e palestras para adultos e jovens na Escola que estabeleceu, até ser chamada para um trabalho maior nos mundos invisíveis. Todos aqueles que tiverak o privilégio de compartilhar sua presença e assistir suas palestras são testemunhas de seu profundo conhecimento espiritual, carisma, eloqüência, inquestionável clarividência, raro misticismo e de uma vida consagrada absolutamente ao idealismo rosacruz.



A Páscoa e o Homem do Cântaro II

 

 

 

A  PÁSCOA  DO  SENHOR  E  O  HOMEM  DO  CÂNTARO  
 

Tudo está maravilhosamente preparado e anunciado para que a humanidade possa alcançar o caminho da redenção, o que não pode acontecer em algumas horas, dias, meses, nem em anos às vezes. Querer encontrar a espiritualidade de um dia para o outro ou culminá-la em uma vida é mera ilusão. Os assuntos espirituais são muito sérios, delicados, profundos e geralmente para espíritos sérios e capazes. 

Analisaremos uma passagem da Páscoa do Senhor e, para compreendê-la é preciso que quem a leia tenha chaves para tanto ou, caso contrário,  lerá como um simples relato. Milhares de vezes, os humanos percorrem os Evangelhos e os utilizam de forma benfeitora e mística. Mas, daí chegar  à Verdade, há uma grande distância. 

Disse o Senhor aos Doze Discípulos que perguntaram-lhe: “Onde realizaremos a Páscoa?” 

Ele respondeu: 

“Ide pelo caminho adiante e onde encontreis um homem com um cântaro, ali realizaremos a Páscoa.” 

O Senhor Cristo não veio cuidar de nossas necessidades materiais, pois, não era possível a um ser arcangélico descer à Terra para ocupar-se de assuntos dos quais todos nós, por instinto, iríamos tratar. Quando o Senhor fala do homem do cântaro , exprime-se por parábolas para as massas, aqueles não aptos a compreender a verdade. Ele veio ser a luz do mundo e não poderia lançá-la em fortes raios para mentalidades carentes de evolução, de capacidade para compreender e, muitas vezes, de força para viver, humanidade que, de tanto andar erradamente quase se desintegra com seu próprio mundo. Para o homem de hoje foi que o Senhor veio falar, precisamente sobre um futuro que não seria material.  

A Bíblia recomenda que, para a Páscoa poder ser realizada, deveremos encontrar o Homem do Cântaro. O Homem do Cântaro é a Idade de Aquário, e o Senhor, apesar de ter inaugurado, naquela época, a Idade de Peixes, já comunica aos capazes que procurem dentro dela preparar a humanidade, e, como precursores, prepararem-se para chegar a este Homem do Cântaro  -  a Idade de Aquário. 

Da Idade de Aquário se fala tal como do Cristianismo e a humanidade percorre ociosamente as escolas, os grupos, absorve livros e permanece quase sempre no mesmo estado. É uma metafísica mórbida a que se submetem os humanos por incapacidade de entender e de ter forças para viver. Assim, em todos os tempos, os Rosacruzes, não nós, nem os aspirantes que lêem a Filosofia Rosacruz, se não os Rosacruzes que foram capazes de ultrapassar até o Período Terrestre, provocaram, nos primórdios deste século a expansão de uma força pela Terra que levou a inaugurar e reverberar escolas que preparem a humanidade para encontrar o Homem do Cântaro. 

Coube a um homem simples, uma renúncia verdadeira, em busca de seu Eu superior, de seu Mestre, de sua Luz, porque somente assim poderia ele realizar a busca e a conquista para aquele aviso de Cristo Jesus. 

Max Heindel já sabia o que significava o Evangelho, principalmente o Homem do Cântaro. Sobrava-lhe o espírito da verdade que o tornava humilde e, como era pleno de humildade, sentia que o que sabia até então não o conduziria. Era preciso uma renúncia maior e um esforço mais capaz. Compreende que, a fim de converter-se no Homem do Cântaro, não podia estar dividido. Sente que um homem de quarenta e poucos anos não pode perder tempo e levar de escola em escola uma metafísica em busca de um misticismo. 

De conhecimentos estava bem munido, pois havia passado por várias escolas e na Escola Teosófica alcançara a vice-presidência. Mas, à medida que se aprofundava, viu que por esse caminho “perderia” a vida e não atingiria o Homem do Cântaro. Decidiu buscar e renunciar. Engenheiro, abandona a carreira. Calcula o que ainda viverá, pois já dominava o conhecimento da Astrologia. Descendia de nobres e compreende que essas honras e as dos títulos terrestres eram nada. Sua sede ia se convertendo em fogo de ânsias. Renuncia a tudo, toma uma pequena mala, um baratíssimo despertador e umas mudas de roupa. Embarca para lugares distantes onde lhe dizem que poderá encontrar quem o ajude a preparar-se para ver e sentir o Homem do Cântaro. 

Rendamos uma homenagem a este ser, não somente pela Filosofia, se não pela têmpera de espírito, pela força e lealdade, pela verdade e humildade de que estava revestido, pois, sabendo muito, não queria ser mestre, não desejava ser um cego conduzindo cegos. Queria ter olhos para dizer a seus irmãos: “ Não ponhas o pé aí; não toques nisto, porque te trará esta e aquela consequência.” Um homem desprendido que poderia ter se levantado como mestre e quis ser o último dos discípulos, quis aprender humildemente para chegar às entranhas do saber. 

Ele buscou incansavelmente, mas ainda não tinha conseguido encontrar o que procurava. Um dia, triste, pois já cinco anos eram passados, resolveu que se não conseguisse o que buscava, declararia a todos que sua busca às entranhas da luz tinha fracassado. Meditava ele, dando corda no seu despertador, seu velho companheiro, quando sente que não estava só.  Um Ser, que mais tarde soube que era um Irmão Maior da Ordem Rosacruz e que depois tornou-se seu Mestre, apareceu-lhe em corpo vital e ofereceu-se para ajudá-lo  a conhecer certos assuntos de natureza oculta e para dar-lhe todos os ensinamentos que ele desejasse, desde que os guardasse em segredo. 

Max Heindel respondeu: 

“Não me servem nem tua chave nem tu, porque o que busco não é para mim. Procuro desvendar as palavras do Evangelho, pois estou seguro de que são chaves iniciáticas para a luz.”. 

Depois do encontro, o visitante o deixa. Max Heindel arma seu despertador e decididamente resolve voltar,  mas permanece por mais algum tempo e cerca de um mês depois, o Mestre aparece-lhe novamente e lhe diz: 

“ Venceste. Mereces a Verdade. Se houvesses aceitado e querido a chave do Templo só para ti, a terias perdido. A chave dos Grandes Mistérios da Ordem Rosacruz não se cede aos egoístas nem aos que tratam de dominar sob sua tutela a grandeza dos outros”. 

Quando há no homem caráter e sinceridade, a busca é assim – na humildade. Estes são os que encontram a luz. Os outros perdem-se na ilusão das sombras. 

A Ordem Rosacruz preparou assim um emissário para a Idade de Aquário, a fim de que se cumpra a palavra do Homem do Cântaro, para o amor universal que a Idade de Aquário atingirá, não em seus primórdios, pois, antes que nela entremos, precisamos liquidar tudo o que nesta Idade, que está terminando, devemos deixar. Por isso, a humanidade se encontra sob nervosismo,  inquietação e agonia. Aproxima-se o fim da Idade de Peixes, idade de superstição, fanatismo e de muitas forças mal empregadas que terão que ser invertidas e utilizadas antes que entremos na nova Idade  e então, junto ao Homem do Cântaro, preparemos a Páscoa, a ressurreição e a libertação de todas estas vasilhas onde a humanidade pretendeu alimentar-se com o ouro puro da alma. 

Indubitavelmente, não há nada perdido no Reino de Deus e cada um de nós está amalgamando as experiências úteis que nos conduzem a despertar uma inteligência maior, uma capacidade mais profunda junto à vontade de buscar em suas entranhas a luz da verdade. Palavras tão simples que a Bíblia nos diz: “Ide pelo caminho adiante”  -  Segui, humanidade, ascendendo   - “... e onde encontreis um homem com um cântaro...”  -  a figura da Idade de Aquário  -  “ ... ali realizaremos a Páscoa”. 

A paz seja com todos, muita alegria no coração e a luz não faltará nunca se aquele que a busca o faz para verdadeiramente “ver”.

 

 

Nota do Editor:

Como Iniciados nas Escolas de Mistérios, os precursores da humanidade na Era de Aquário terão a aportunidade de "encontrar o Senhor nos Ares", faculdade que a humanidade como um todo só alcançará numa nova Era  identificada nos Ensinamentos Rosacruzes como a  Nova Galiléia, que não deve ser confundida com a Era de Aquário.

 

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