O Ensino do Mestre
O Mestre, pela boca da solidão, fala muitas vezes à alma cansada da fatuidade do mundo e ansiosa por nova vida. E diz-lhe:
“Não escutes as vozes enganosas que vêm de fora. Vem para mim no retiro do teu coração e terás o verdadeiro conhecimento. Não penses deste modo: se eu estivesse num ermo, num vale profundo, numa paragem solitária, poderia realmente encontrar-me, poderia conhecer minha verdadeira vocação.’
“Não é preciso que te afaste para me encontrar. Também habito na tua consciência tranqüila, na tua mente sossegada, na tua alma desprendida, nos teus sentidos sabiamente dominados, Eu, a perfeita solidão. Se me buscas, podes encontrar-me em tua casa, no teu lugar de trabalho, entre o ruído da cidade, entre a confusão dos homens.
E, então, quando recolhida em ti, atingires tua ínfima cela, ouvirás a Voz Divina. Saberás que teu primeiro dever é transformar-te e esquecer o passado, bom ou mau, deleitoso ou amargurado, seus triunfos e fracassos.”
A alma, ao receber as sugestões destes belos pensamentos, acende-se em entusiasmo. Faz promessas fáceis e precipitadas. A doçura desses momentos já lhe parece o fim do Caminho, quando não é mais que mínima prenda da promessa divina. No entanto, clama, suspira, geme e canta. E diz: “Conduze-me, Senhor, por este brilhante caminho de luz. Abre meus olhos para que veja a Tua beleza. Não te ocultes jamais da minha vista. Transforma a minha vida para que concentre na única vida, a Tua, Senhor. Que se queime este corpo antigo, para vestir um traje de glória. Tenho trocado tanta vez de bandeira! Quero, agora, esta nova bandeira, a que é feita de castidade, de renúncias e de sacrifícios. Senhor, por Ti desejaria sofrer todas as provas, todas as dores, padecer mil mortes, passar por mil suplícios, conhecer o martírio por que passa os Teus servidores mais fiéis – só para ser digno do Teu amor! Que se acenda já a chama da minha alma e, quando estiver em flama, que abarque todo o meu ser. Senhor, não me deixes agora. Não posso estar só e nem a minha vida é vida sem Ti. Não vês, Sumo Bem, que tenho fome e sede de Ti, cada vez mais ardentes? Já comecei a buscar-Te e não posso mais deter-me, como a flecha que foi arremessada. Fala, Senhor. Que queres de mim? Dize-me, para cumprir somente a Tua vontade.
Pobre alma! Quanto pede e quanto promete! Não sabe como são duros os espinhos e cortantes as pedras que há de encontrar no Caminho! O Divino Mestre, que a observa com suma ternura, cobre os olhos com as santas mãos, compadecidamente, ao ver, no porvir, todas as suas quedas. Quantas vezes terá que levantá-la, chagada! Quantas vezes terá de curar-lhe as feridas e afastar de sua mente as nuvens de desencanto e do desespero! Então, o Mestre lhe fala:
“Não te levantes, ainda, oh alma, em grandes vôos.
Não prometas maravilhas nem aspires aos altos cumes da santidade.
Contenta-te em viver bem o teu dia e em santificar as pequenas obras diárias.
Segue-me com submissão e simplicidade.
Modifica a tua vida sem que nada ou ninguém o note e mantèm-te exatamente como antes ainda que teu íntimo esteja completamente transformado.
Começa a procurar-Me por toda a parte, todo o dia e sempre.
Que teus olhos Me vejam no rosto de todos os homens e, como um véu, suspenso ante todas as coisas.
Vê-Me no rico e no pobre, na criança e no ancião, no santo e no pecador, na flor e no céu, no dia e na noite, no trabalho que te desgosta e na festa que te alegra.
Todas as coisas tem alguma beleza quando miradas com olhos serenos, desapaixonados, vistas lá do fundo da solidão interior, da secreta morada.
Depois, oh alma, quando a compaixão vibrar em ti e te faça doce e manso, sossegado e discreto, compreensivo e prudente; quando a dor alheia arder em tua própria carne – então, Me verás.
Une-te com a dor, une-te ao Amor, une-te ao saber e à ação – e Me encontrarás.
Porém, mais uma vez te recomendo: enquanto esperas, simplifica a tua existência , dia a dia, hora a hora; torna-a a cada vez mais suave e mais humilde.
Nunca diga:daí-me! Que a tua palavra de ordem seja sempre: Tome!
Compreendes, meu filho?”
A alma ficou serena e tranqüila. Aos arranques do entusiasmo, sucederam, em seu coração, a serenidade e a paz profundas. Tendo atingido o umbral da solidão e ouvido a voz do Mestre, começa, o seu Caminho. Reina o silêncio em volta. Esta é a hora eterna.
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