O CORPO DE DESEJOS
Max Heindel
Parte III
Capítulo IV
A Influência do Pensamento
É uma lei no Mundo de Desejos que, como o homem pensa, assim ele é - literalmente e sem restrição.
Um corpo denso, formado pela substância inerte da Região Química, animado e vitalizado pelo corpo vital composto pelos éteres da Região Etérea, recebe o incentivo para a ação do corpo de desejos, incentivo este que os animais seguem incondicionalmente, mas que no homem é refreado por outro fator, a razão, que às vezes o leva a agir contrário ao desejo. Se não existissem outros mundos na Natureza além do Mundo Físico e do Mundo de Desejos, a razão não existiria. Teríamos o mineral, a planta e o animal, porém, o homem, um ser que pensa e raciocina, seria uma impossibilidade na Natureza.
Nós, como Egos que somos, funcionamos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato, que especializamos dentro da periferia de nossa aura individual. Dali visualizamos as impressões feitas pelo mundo externo sobre o corpo vital através dos sentidos, juntamente com os sentimentos e emoções gerados por elas no corpo de desejos e refletidas na mente.
Destas imagens mentais, tiramos nossas conclusões na substância da Região do Pensamento Abstrato. Estas conclusões são idéias. Pelo poder da vontade, projetamos uma idéia através da mente, onde ela toma uma forma concreta como um pensamento-forma, envolto em matéria da Região do Pensamento Concreto.
A mente é como as lentes projetoras de um estereoscópio. Ela projeta a imagem em uma das três direções, de acordo com a vontade do pensador que anima o pensamento-forma:
1 - Pode ser projetada contra o corpo de desejos num esforço de despertar sentimento que conduzirá à ação imediata.
a) Se o pensamento despertar Interesse, uma das duas forças, Atração ou Repulsão, será provocada.
Se a Atração, a força centrípeta, é despertada, ela domina o pensamento, fazendo-o girar dentro do corpo de desejos, dá vida à aquela imagem e reveste-a com matéria de desejos. Então, o pensamento está pronto para agir no cérebro e impelir a força vital através dos centros e nervos cerebrais aos músculos voluntários que praticam a ação correspondente. Assim, a força do pensamento é gasta e a imagem permanece no éter do corpo vital como memória da ação e do sentimento que o causou.
b) Repulsão é a força centrífuga e, se esta é despertada pelo pensamento, haverá uma luta entre a força espiritual (a vontade do homem) dentro do pensamento-forma e o corpo de desejos. Esta é a batalha entre a consciência e o desejo, a natureza superior e a inferior. A força espiritual, apesar da resistência, tentará envolver o pensamento-forma com a matéria de desejo necessária para manipular o cérebro e os músculos. A força de Repulsão se esforçará em dispensar o respectivo material e expulsar o pensamento. Se a energia espiritual é forte, ela pode forçar seu caminho através dos centros cerebrais e manter sua envoltura de matéria de desejos enquanto manipula a força vital, deste modo impelindo à ação e, então, deixará sobre a memória uma impressão vivida da luta e da vitória. Se a energia espiritual é esgotada antes que a ação se concretize, ela será vencida pela força de Repulsão e será armazenada na memória como estão todos os outros pensamentos-forma após esgotarem sua energia. Temos, no nosso corpo, dois sistemas nervosos - o voluntário e o involuntário. O primeiro é operado diretamente pelo corpo de desejos, controla os movimentos do corpo, leva à exaustão e destruição, sendo somente parcialmente refreado pela mente nas suas obras cruéis. É essa luta entre o corpo vital e o corpo de desejos que produz consciência no mundo físico, mas se a mente não atuasse como um freio sobre o corpo de desejos, nossas horas de vigília e nossa vida seriam mais curtas. O corpo vital seria superado em seus benéficos esforços pelo descuidado corpo de desejos, como evidencia a exaustão que se segue após um ataque de ira. A ira é uma condição onde o homem perde "seu controle" e o corpo de desejos reina desenfreado.
A enfermidade se apresenta de muitas formas: uma é a insanidade, a qual também tem diferentes tipos. Quando a conexão entre os centros dos sentidos do corpo denso e do corpo vital está descentralizada, onde, às vezes, a cabeça do corpo vital está mais acima da cabeça do corpo denso ao invés de estar concêntrica, o corpo vital fica desajustado entre os veículos superiores e o corpo denso. Então nós temos o idiota dócil. Se o corpo denso e o vital estão ajustados, mas a ruptura é entre o corpo vital e o de desejos, uma condição semelhante se verifica, porém, quando a desconexão é entre o corpo de desejos e a mente, temos um maníaco delirante, que é mais incontrolável do que um animal selvagem, porque é governado pelo Espírito-Grupo. Neste caso, todas as tendências animais são seguidas cegamente.
A tendência natural do corpo de desejos é endurecer e consolidar tudo que entre em contato com ele. O pensamento materialista acentua esta tendência de tal forma que muito freqüentemente resulta, nas vidas subseqüentes, em doença muito séria, tuberculose, que é um endurecimento dos pulmões. Estes órgãos devem permanecer brandos e elásticos. Às vezes, também acontece que o corpo de desejos pressiona o corpo vital na vida seguinte, de forma que este corpo falha ao contrarrestar o processo enrijecedor e então nós temos a tuberculose. Em alguns casos, o materialismo faz o corpo de desejos ficar frágil. Então, ele não pode fazer seu trabalho no corpo denso e, como resultado, temos o "raquitismo", onde os ossos ficam fracos. Assim, vemos que perigo corremos por abrigarmos tendências materialistas: ou endurecendo certas partes do corpo, como na tuberculose, ou enfraquecendo os ossos, como no raquitismo. Naturalmente, nem todos os casos de tuberculose mostram que o doente foi materialista numa vida anterior, mas a ciência oculta nos ensina que freqüentemente isto acontece.
Nossos pensamentos são muito mais importantes que nossos atos, pois, se pensarmos sempre corretamente, agiremos sempre certo. O homem que tenha pensamentos de amor para seus amigos, que esquematize em sua mente como ajudá-los espiritualmente, mentalmente ou fisicamente, irá pôr em prática estes pensamentos em alguma ocasião em sua vida e, se nós só cultivarmos tais pensamentos, em breve teremos a luz do sol em torno de nós. Encontraremos pessoas com um estado de espírito igual ao nosso e, se compreendermos que o corpo de desejos (que nos envolve e se estende mais ou menos de 16 a 18 polegadas além da periferia do corpo físico) contém todos estes sentimentos e emoções, entraremos em contato com as pessoas de maneira diferente. Então, entenderemos que tudo que vemos é visto através da atmosfera que criamos em torno de nós, a qual colore tudo o que contemplamos nos outros.
Se o astrônomo focaliza o telescópio de acordo com a sua vontade terá os resultados que deseja e o trabalho será um sucesso; porém, se as lentes e o mecanismo do telescópio tivessem vontade mais forte que o próprio astrônomo, este estaria tolhido em obter resultado satisfatório, pois as figuras estariam embaçadas, sendo de pouco ou nenhum valor.
O mesmo acontece com o Ego. Ele trabalha com um corpo triplo, o qual controla, ou devia controlar, através da mente. Mas, é triste dizer, este corpo tem sua própria vontade e é freqüentemente ajudado e induzido pela mente, frustrando assim os propósitos do Ego.
Esta antagônica "vontade inferior" é uma expressão da parte superior do corpo de desejos. Quando a separação do Sol, Lua e Terra aconteceu, no início da Época Lemúria, a porção mais adiantada da humanidade em formação sofreu a divisão do corpo de desejos em parte superior e parte inferior. O resto da humanidade o fez no início da Época Atlante.
Esta parte superior do corpo de desejos tornou-se um tipo de alma animal. Construiu o sistema nervoso cérebro-espinhal e os músculos voluntários, controlando a parte do tríplice corpo até que o elo da mente foi dado. Então, a mente uniu-se com esta alma animal e tornou-se uma co-regente.
A mente está, assim, atada ao desejo, emaranhada na natureza inferior egoísta, dificultando ao Espírito o controle do corpo. A mente focalizadora, que devia ser a aliada da natureza superior, está alienada, ligada à natureza inferior e escravizada pelo desejo. A lei das Religiões de Raça foi trazida para emancipar o intelecto do desejo. O "medo de Deus" veio para se opor aos "desejos da carne". Isto, no entanto, não foi suficiente para capacitar o ser humano a se tornar senhor do corpo e assegurar sua cooperação voluntária. Tornou-se necessário para o Espírito encontrar no corpo um ponto de apoio que não estivesse sob a influência da natureza de desejos. Todos os músculos são expressões do corpo de desejos e um caminho livre para a traiçoeira mente que reina suprema, aliada ao desejo.
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