ENSINAMENTOS DE UN INICIADO
MAX HEINDEL

 



CAPÍTULO XVI

MÉTODO CIENTÍFICO DO DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL

Parte II - Retrospecção - Um meio de evitar o Purgatório

 

Vimos no capítulo anterior que um registro de nossa vida, desde o berço até o túmulo, está gravado num pequeno átomo no coração pela ação do éter que inalamos em cada respiração, e que leva consigo os quadros do mundo exterior no qual estamos vivendo e nos movendo agora. Isto forma a base de nossa existência "post-mortem". O registro das ações más é erradicado numa dolorosa experiência purgatorial causada pelo fogo do remorso, que cauteriza a alma à medida que o filme se desenrola sob nossa contemplação, tornando-nos menos propensos a repetir em vidas futurais os mesmos atos reprováveis. A .reação diante das imagens das boas ações praticadas é uma alegria celestial, cuja lembrança subconsciente estimulará a alma a agir melhor ainda em vidas futuras. Mas esse processo é necessariamente lento e pode ser comparado à atividade e operação da velha roda d'água. Contudo, é essa a maneira designada pela natureza para ensinar aos homens a andar prudentemente e observar suas leis. Por esse processo lento, a maior parte da humanidade está gradativamente evoluindo do egoísmo para o altruísmo. Embora extremamente lento, parece ser o único método pelo qual poderá aprender.

Há outra classe que, no relance de uma visão, percebem no distante futuro uma humanidade gloriosa expressando os atributos divinos e vivendo uma vida de amor e paz. Esta classe tem as estrelas como alvo de suas aspirações, e está tentando alcançar em uma ou em poucas vidas curtas, o que seus semelhantes necessitarão de centenas de reencarnações para conquistar. Como os pioneiros ao captar as águas e transmitir cientificamente a eletricidade, eles também estão à procura de um método científico que possa eliminar a perda de tempo e energia envolvidas no lento processo de evolução, e capacitando. os a levar avante a grande obra de seu próprio desenvolvimento de forma científica. Este era o problema que os primeiros Rosacruzes se propuseram a resolver e, tendo descoberto este método, agora o estão ensinando a seus fiéis seguidores para a prosperidade eterna de todos os que desejam e perseveram. Já vimos como os engenheiros se incumbiram de aperfeiçoar a primitiva roda do moinho e conseguiram transmitir a eletricidade para pontos distantes, alcançando seus objetivos pelo estudo dos efeitos e defeitos do primitivo mecanismo. Assim também, os Irmãos Maiores da Rosacruz estudaram antes, com auxílio de sua visão espiritual, todas as fases da evolução humana no estado "post-mortem", bem como no mundo físico, para que pudessem assim determinar como o progresso através de muitas vidas é gradativamente alcançado. Estudaram também os grifos e símbolos dados à humanidade através dos séculos para ajudá-la no crescimento da alma, notadamente o Tabernáculo no Deserto que, como disse Paulo, era "uma sombra das boas coisas que virão". Encontraram o segredo do crescimento da alma oculto nos vários utensílios e acessórios usados naquele antigo local de adoração. As cenas do panorama da vida que se desenrolam diante dos olhos da alma depois da morte, causam um sofrimento no purgatório e livram a alma do desejo de repetir as ações que originaram essas imagens. 0 sal, com o qual se friccionavam as vítimas imoladas no Altar dos Sacrifícios antes de serem colocadas nesse altar, e o fogo, no qual eram consumidas, simbolizavam a dor abrasadora semelhante ao sofrimento que a alma sente no purgatório. Confiando no axioma hermético "Como é em cima, assim é embaixo", eles concluíram que o método da 'Retrospecção" se harmoniza com as leis cósmicas do crescimento da alma, sendo capaz de realizar cada dia o que a experiência purgatorial só faz uma vez numa vida, isto é, purificar a alma do pecado pelo fogo do remorso.

Mas, quando dizemos "Retrospecção", freqüentemente ouvimos as pessoas dizerem: "Oh, isso é ensinado por outro grupos religiosos e eu o fiz durante toda minha vida; eu examino meus atos diários todas as noites antes de dormir".

Porém, isso não é suficiente. Para poder realizar esta prática cientificamente é necessário seguir os processos da natureza, como o fez o eletricista quando precisou isolar a corrente elétrica do solo e descobriu que o vidro, a porcelana e a fibra agiam como obstáculos à sua passagem. Devemos procurar seguir, em cada detalhe, os processos da natureza nos seus métodos de obter o crescimento anímico. Quando estudamos a expiação purgatorial, aprendemos que `ó panorama da vida se desenrola em ordem inversa", do túmulo para o berço. Cenas que se passaram no fim da vida são expiadas antes, e as que aconteceram no começo da juventude são as últimas a serem revistas. Isto serve para mostrar à alma como certas conseqüências na vida foram ocasionadas por causas originadas num período anterior. Do mesmo modo, o método científico do desenvolvimento da alma exige do aspirante que examine sua vida todas as noites antes de dormir, começando pelas últimas ações imediatamente antes de se recolher, continuando gradativamente em ordem inversa para os atos praticados durante a tarde, depois para os da manhã até o momento de acordar. Mas, e isto é muito importante, não é suficiente examinar essas cenas de maneira descuidada e admitir estar arrependido ao defrontar-se com uma cena em que agiu mal ou injustamente para com outra pessoa. Sobre isso os grifos gravados no Altar dos Sacrifícios oferecem instruções precisas. Assim como a carne oferecida era friccionada com sal - como é do conhecimento de todos, o sal num ferimento provoca sensação dolorosa - e como o fogo ateado às ofertas nesse Altar consumia-as, assim também o aspirante ao desenvolvimento da alma deve entender que ele é, ao mesmo tempo, sacerdote e sacrifício; o altar e o fogo. Ele deve permitir que o sal e a chama do remorso queimem e cauterizem no mais recôndito de seu coração todas as falhas cometidas, uma verdadeira contrição ao pensar em qualquer erro, porque unicamente esse profundo e sério procedimento apagará o registro do átomo-semente no coração, deixando-o limpo. A menos que isso seja feito, nada se conseguirá. Mas, se o aspirante ao desenvolvimento científico da alma conseguir tornar bastante intenso este fogo do remorso e da contrição, então, o átomo-semente será purificado dos pecados diários cometidos durante a vida, e mesmo as coisas que aconteceram antes que ele começasse estes exercícios irão gradativamente sendo consumidas por esse fogo purificador, para que, no fim da existência, quando o cordão prateado se romper, o aspirante esteja livre de qualquer panorama de sua vida passada, o que não acontece com as pessoas comuns que não tiveram a felicidade de aprender e praticar este método científico. Como resultado, o aspirante que, ao invés de passar um período de expiação purgatorial equivalente a mais ou menos um terço do tempo que viveu num corpo denso, incansável e decididamente praticar este método, encontrar-se-á desimpedido no mundo invisível, liberto das limitações que prendem e escravizam, e livre para trabalhar pela humanidade sofredora durante o tempo que estiver nas regiões inferiores. Mas há uma grande diferença entre as oportunidades que se oferecem. Aqui, um terço de nossa vida é empregado em repouso e recuperação, outro terço empregado no trabalho para obter recursos para manter nosso corpo denso alimentado, vestido e abrigado; e apenas o outro terço estará disponível para os propósitos de descanso, recreação ou desenvolvimento da alma. É diferente no Mundo do Desejo, para onde o espírito se dirige após a morte. Os corpos em que lá atuamos não necessitam de alimento, vestuário, nem de abrigo; também não estão sujeitos ao cansaço. Assim, em lugar de passar dois terços do seu tempo provendo o necessário para o corpo, o espírito encontra-se livre para usar seus instrumentos durante as vinte e quatro horas, dia após dia. Portanto, o tempo disponível nos mundos internos por termos vivido diariamente o nosso purgatório aqui, é equivalente ao período de toda uma vida dispendida em trabalhos na Terra. Por outro lado, durante o tempo assim poupado, não devemos manter outro pensamento ou preocupação que não seja como colaborar no aperfeiçoamento do esquema de evolução e ajudar nossos irmãos mais jovens e menos afortunados. Assim, colheremos uma abundante safra e teremos um crescimento maior nessa existência "post-mortem" do que seria possível em muitas vidas comuns. Quando renascermos, traremos conosco todas essas forças da alma assim desenvolvidas, e estaremos muito mais adiantados no caminho da evolução do que poderíamos estar em circunstâncias usuais.

Note-se que outros métodos de desenvolvimento da alma ensinados por outras escolas são perigosos, podendo, algumas vezes, levar os que os praticam ao manicômio. O método científico de desenvolvimento anímico difundido pelos Irmãos Maiores da Fraternidade Rosacruz sempre beneficiam os que o praticam e sob nenhuma circunstância pode causar mal a alguém. Podemos também dizer que há outros meios que aqui não mencionamos, mas que são comunicados àqueles que provaram ser dignos por sua persistência. Mesmo que não aspirem diretamente a evolução da visão espiritual, esta também será desenvolvida por todos que a praticarem com a fidelidade necessária.

 

CAPÍTULO XVII

OS CÉUS PROCLAMAM A GLÓRIA DE DEUS

 

"Os Céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento exibe Sua obra. Dia após dia enunciou Sua palavra, e noite após noite mostrou Seu conhecimento. Não há fala ou língua onde Sua voz não se faça ouvir. Suas formas espalharam-se por toda a Terra e Suas palavras até o fim do mundo. Neles colocou um templo para o Sol, que é como o noivo saindo de sua alcova, que se regozija como um homem forte ao disputar uma competição".

Em toda parte, por milhas ao nosso redor, vemos o glorioso nascer do Sol trazendo luz e vida para todos. Depois, a estrela do dia ascende nos céus para então declinar no horizonte ocidental numa gloriosa explosão de luminosidade quando mergulha no mar, deixando um arrebol de indescritíveis e variadas nuances colorindo os céus como fogo dos mais suaves e belos matizes que o pincel do artista jamais poderá reproduzir com perfeição. Depois a Lua, o astro da noite, nasce sobre as colinas do leste conduzindo para cima, como séquito, as estrelas e constelações em direção ao zênite, ao redor do Sol, em sua perpétua dança circular. Os caracteres estelares descrevem sobre o mapa do céu a evolução passada, presente e futura do homem no seu meio ambiente, o mundo concreto, sem descanso ou paz enquanto o tempo durar.

Neste caleidoscópio em constante mutação dos céus, uma única estrela permanece comparativamente estacionária e, para todos, os efeitos e do ponto de vista de nossa vida efêmera de cinqüenta, sessenta ou cem anos, é um ponto de referência: A Estrela do Norte. Quando o marinheiro navega na vastidão das águas, nutre uma fé absoluta de que enquanto se guiar por esse sinal, chegará a salvo ao porto desejado. Também não desanima quando as nuvens encobrem sua luz orientadora, pois dispõe de uma bússola magnetizada por um poder misterioso que, chova ou faça sol, com neblina ou garoa, aponta infalivelmente para essa estrela fixa e permite que ele guie seu navio tão seguramente como se, na realidade, estivesse vendo a própria estrela. Realmente, os céus proclamam as maravilhas do Senhor.

Assim como é no macrocosmo, o grande mundo fora de nós, também é em nossas vidas. Quando nascemos, o sol da vida desponta e começamos a ascensão através dos anos da infância e da juventude em direção ao zênite da vida adulta. O mundo em constante mutação, que constitui o nosso ambiente incluindo pais, irmãos e familiares, circunda-nos. Com amigos, conhecidos e adversários, enfrentaremos a batalha da existência com a força que adquirimos em nossas vidas passadas, pagando as dívidas contraídas, suportando os encargos diários, talvez para torná-los mais pesados consoante nossa sabedoria ou falta dela. Mas, entre todas as variáveis circunstâncias da vida e as vicissitudes da existência, há um grande e magnífico guia que, como a Estrela do Norte, nunca nos falha. Um guia que está sempre pronto, como a fixa estrela no céu, para nos ajudar a navegar no barco de nossa vida em águas serenas - Deus. É significativo lermos na Bíblia que os Reis Magos quando procuravam o Cristo (NOSSO GRANDE MESTRE ESPIRITUAL), também seguiram uma estrela que os conduziu para esta grande Luz espiritual. O que pensaríamos do capitão de um navio que amarrasse a roda do leme e deixasse o seu navio à deriva, entregando-o às mudanças do vento ou do destino? Surpreender-nos-ia se o navio finalmente naufragasse e o capitão perdesse sua vida nas rochas? Certamente não. O extraordinário seria se conseguisse alcançar a margem.

Uma grande e maravilhosa alegoria que se estampa nos céus em caracteres cósmicos também está escrita em nossas próprias vidas, advertindo-nos a abandonar a material vida fugaz e procurar a vida eterna de Deus. Assim como não ficamos abandonados, sem um guia, embora o véu da carne, o orgulho e a luxúria nos ceguem por algum tempo, assim também o espírito irá atrair-nos para a sua fonte com um anseio e um apelo ardentes que não podem ser inteiramente sufocados, não importa quão submergidos estejamos no materialismo. Presentemente há muitos tateando, procurando, tentando achar uma solução para este íntimo desassossego; algo parece impelí-los, embora não o entendam; algo que continuamente os arrasta para a frente à procura do espiritual, tentando alcançar algo superior -nosso Pai no Céu.

Davi disse: "Se eu subir ao céu, Tu estarás lá; se eu fizer minha cama na tumba, Tu estarás lá; Tua mão direita me guiará e me segurará". No vigésimo oitavo Salmo, ele diz: "Quando considero Teus céus, o trabalho de Teus dedos, a Lua e as estrelas que ordenaste, o que é para Ti o homem que Tu cuidas tanto, e o filho do homem para que Tu o visitasses? Pois Tu o fizeste um pouco mais baixo do que os anjos, e o coroaste de glória e honra. Tu o fizeste para que dominasse as obras de Tuas mãos, Tu puseste todas as coisas sob seus pés".

Tudo isso não é novidade para os que estão procurando a Luz, que estão dando o melhor de si mesmos para viver a vida; mas o perigo está naqueles que se tornam indiferentes, pois podem tornar-se espiritualmente fracos. Portanto, como o timoneiro ao leme do navio está constantemente alerta e vigiando a bússola orientadora, também é muito importante que continuamente nos movimentemos para não adormecer e não deixar que o barco de nossa vida saia do curso. Encaremos firmemente essa estrela da esperança, essa grande luz espiritual, a verdadeira e única coisa realmente importante - a vida de Deus.

 

CAPÍTULO XVIII

RELIGIÃO E CURA

 

Em várias épocas e de maneiras diferentes têm sido dadas à humanidade religiões apropriadas para estimulá-la no caminho da evolução. O ideal de cada uma delas era suficientemente elevado para despertar as aspirações da classe de pessoas a quem eram destinadas, mas não tão elevadas que estivessem além de sua compreensão e deixassem de despertar seu interesse. O selvagem, por exemplo, precisa de um Deus forte, aquele que empunhe a espada flamejante do raio com mão poderosa. Ele irá encarar esse Deus com medo e desprezará um Deus que mostre amor e misericórdia.

Portanto, as religiões foram mudando à medida que o homem evoluiu; o ideal vem sendo elevado lentamente e atingiu o ponto mais alto em nossos ensinamentos cristãos. A flor das religiões é sempre oferecida à flor da humanidade. Numa época futura, uma religião ainda mais elevada será dada a uma raça mais desenvolvida. A evolução é eterna; mas afirmamos que os invisíveis guias da humanidade dão a cada nação os ensinamentos que melhor se apliquem às suas condições. O Hinduísmo ajuda nossos irmãos menores no Leste, mas o Cristianismo é o Ensinamento Ocidental, particularmente adequado aos povos do Oeste.

Vemos que a massa da humanidade fica aos cuidados da religião ensinada publicamente em seu país de origem. Mas sempre há pioneiros cuja precocidade exige um ensinamento superior e a eles é ministrada uma doutrina mais profunda através da Escola de Mistérios de seu país. (guando apenas uns poucos estão aptos a receber esses ensinamentos preparatórios, eles são ministrados particularmente. Porém, a medida que o número aumenta, os conhecimentos são ensinados publicamente.

É o que acontece atualmente no mundo ocidental.

Os Irmãos da Rosacruz ministraram ao autor uma filosofia como a que foi publicada em nossas várias obras, e aprovaram a fundação da Fraternidade Rosacruz para propagar esses ensinamentos. O propósito é colocar as almas aspirantes em contato com o Mestre quando, pelo serviço aqui no mundo físico, mostrarem sua sinceridade e derem provas suficientes de que usarão sua força e conhecimento para servir no mundo espiritual quando forem iniciados nele.

Os ensinamentos superiores nunca são ministrados com fins lucrativos. No passado, Pedro repreendeu Simão, o feiticeiro, que queria comprar o poder espiritual para prostituí-lo com ganhos materiais. Os Irmãos Maiores também se recusam a abrir as portas aos que prostituem a ciência espiritual distribuindo horóscopos, lendo as mãos, ou dando interpretações de clarividência profissionalmente, por dinheiro. A Fraternidade Rosacruz apóia o estudo da astrologia e da quiromancia, e proporciona, gratuitamente, um curso de astrologia, para que todos os seus membros possam estar conscientemente habilitados nessa ciência, e não sejam enganados por profissionais que são quase sempre charlatães.

Durante os últimos anos, desde que começamos a divulgar os Ensinamentos Rosacruzes, estes espalharam-se rapidamente pelo mundo civilizado. São estudados avidamente desde o Cabo da Boa Esperança até o Círculo Ártico e ainda além. Têm encontrado resposta nos corações de toda classe de pessoas - nas cabanas cobertas de neve dos mineiros do Alasca, nas casas governamentais onde um vento tropical desfralda o Leão Britânico, nas capitais das autocracias turcas, do mesmo modo que nas democracias americanas. Nossos adeptos podem ser encontrados tanto em instituições governamentais como nas mais modestas esferas da vida, todos correspondendo-se ativamente conosco, em íntimo contato com nosso movimento e trabalhando para a divulgação das verdades profundas referentes à vida e aos seres que os estão ajudando.

 

OS PRINCÍPIOS ROSACRUZES DE CURA

 

Um ditado comum diz que "o homem tem breves dias e longos problemas". Entre todas as vicissitudes da vida, nenhuma nos afeta tão poderosamente como a perda da saúde. Podemos perder a fortuna ou amigos com relativa equanimidade, mas, quando a saúde falha e a morte ameaça, o mais forte vacila. Compreendendo a impotência humana, ficamos mais inclinados a procurar socorro no poder divino do que o fazemos em outras ocasiões. Daí, o papel do conselheiro espiritual estar sempre mais ligado ao padre.

Entre os selvagens, o sacerdote era também "curandeiro". Na Grécia antiga, Esculápio era muito procurado pelos que necessitavam de cura. A Igreja seguiu essa linha. Algumas ordens católicas prosseguem no mister de aliviar a dor desde séculos passados até o presente. Em tempos de doença, o "bom padre" vinha como representante de nosso Pai do Céu, e o que lhe faltava em perícia, sobrava-lhe em amor e compaixão - se ele fosse deveras um verdadeiro e santo padre - e pela fé transmitida ao paciente pelos ritos sacerdotais, conseguia anima-lo. Seus cuidados com o paciente não começavam à sua cabeceira quando doente, nem terminavam com sua recuperação. A gratidão do paciente para com o médico era somada à veneração sentida para com o conselheiro espiritual e, conseqüentemente, o poder em ajudar e animar seu paciente ficava grandemente aumentado, e o laço entre eles tornava-se mais forte do que quando as atividades de conselheiro espiritual e médico se encontravam separadas.

Não podemos negar que o duplo encargo enseja ao curador um poder imensamente perigoso sobre as pessoas, e que, muitas vezes, ele abusou desse poder. É evidente que a medicina atingiu um grau de eficiência que não seria possível se não houvesse também o devotamento a este específico fim de curar. A promulgação de leis sanitárias, a extinção dos insetos transmissores de moléstias, e a conseqüente imunidade à certas doenças são testemunhos monumentais do valor dos métodos científicos modernos. Parece, de certa forma, que tudo está bem e que não há necessidade de maiores esforços. Mas, na realidade, até que toda a humanidade goze de perfeita saúde, não há problema mais importante do que: "Como podemos conseguir e manter a saúde?"

Além das escolas regulares de cirurgia e medicina, que contam exclusivamente com meios físicos para cuidar das enfermidades, apareceram outros sistemas que dependem inteiramente da cura mental. É hábito das organizações que defendem a "cura pela mente", "cura pela natureza" e outros métodos semelhantes, fazerem relatos de experiências e publicá-los em revistas com testemunhos dos partidários que foram beneficiados por esses tratamentos. Se os médicos das escolas tradicionais fizessem o mesmo, não haveria falta de testemunhos semelhantes sobre a sua eficiência.

A opinião de milhares é de grande valia, mas isso nada prova, pois milhares podem ter um ponto de vista diferente. Ocasionalmente, um homem pode estar certo e o resto do mundo errado, como quando Galileu afirmou que a Terra se movia. Hoje todo o mundo está ciente dessa verdade pela qual ele foi perseguido como herege. Nós afirmamos que como o homem é um ser composto, as curas terão sucesso na proporção em que se previnam males nos planos físico, moral e mental da pessoa. Afirmamos também que é possível obter resultados com maior facilidade em determinadas épocas, quando os raios estelares são propícios para a cura de uma determinada doença ou para tratamento com remédios previamente preparados sob condições favoráveis.

O médico moderno bem sabe que as condições do sangue, e portanto o estado geral de todo o organismo, muda em concordância com o estado mental do paciente, e quanto mais o médico usar a sugestão como um auxílio para a medicina, maior sucesso terá. Talvez poucos admitam o fato de que tanto o estado mental como o físico sejam influenciados pelos raios planetários que mudam à medida que os planetas se movimentam. Atualmente, desde que se estabeleceu o princípio da radioatividade, sabemos que todas as pessoas lançam no espaço inúmeras pequenas partículas. A telegrafia sem fio ensinou-nos que as ondas etéricas se propagam rápida e firmemente pelos espaços sem fim e operam numa faixa segundo a nossa vontade. Sabemos também que os raios do Sol afetam as pessoas de maneira diferente pela manhã, quando as atingem horizontalmente, do que ao meio dia, quando são perpendiculares. Se os raios luminosos do Sol, que se movimentam velozmente, produzem modificações físicas e mentais, não podem os raios persistentes dos planetas mais lentos produzir também um efeito? Se eles podem, são fatores capazes de influir na saúde, o que não deve ser desprezado pelo médico que segue a linha inteiramente científica.

Doença é uma manifestação de ignorância, o único pecado. Curar é a demonstração do conhecimento aplicado, a única salvação. Cristo é a incorporação dos Princípios da Sabedoria e, à proporção que Cristo se forma em nós, alcançamos a saúde. Portanto, o curador deveria ser espiritual e tentar transmitir altos ideais a seu paciente para que, conseqüentemente, ele aprenda a respeitar as leis de Deus que governam o universo, e assim alcançar saúde permanente tanto agora como em vidas futuras.

Contudo, a fé sem obras é morte. Se persistirmos em viver sob condições de insalubridade, a fé não nos livrará do tifo. Quando usamos medidas preventivas adequadas ou remédios para as doenças, estamos de fato mostrando nossa fé por atos.

Como outras ordens de Mistérios, a Ordem Rosacruz também objetiva ajudar a humanidade na conquista da saúde do corpo. Já foi mencionado em várias obras que os membros da Ordem fizeram voto de auxílio de cura gratuitamente. Esta declaração está incompleta. Os Irmãos Leigos faziam voto de servir aos outros com o melhor de suas possibilidades, gratuitamente. Este voto incluía a cura e, naturalmente, no caso de homens, como Paracelso, que possuíam a capacidade de combinar o método de medicamentos físicos usados sob influências estelares propícias e conselho espiritual, eram altamente bem sucedidos. Outros não estavam qualificados para curar, mas trabalhavam em outras áreas prestando vários e abnegados serviços. Mas todos se igualavam num pormenor: jamais cobravam por seus serviços, e sempre trabalhavam em segredo sem o soar das trombetas ou o rufar dos tambores.

 

CAPÍTULO XIX

DISCURSO NA COLOCAÇÃO DA PEDRA FUNDAMENTAL EM MT. ECCLESIA

 

Cristo disse: "Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, Eu estarei no meio deles" e, como tudo que Ele disse, essa declaração era a expressão da mais profunda sabedoria divina. Ela se apóia sobre uma lei da natureza, tão imutável como o próprio Deus. Quando os pensamentos de dois ou três focalizam-se sobre qualquer objeto ou pessoa determinada, gera-se uma forma poderosa de pensamento como uma expressão definida de suas mentes imediatamente projetada para seu objetivo. Seus efeitos ulteriores dependerão da afinidade entre o pensamento e a quem ele é endereçado, pois para conseguir gerar uma correspondência vibratória sobre a nota soada pelo diapasão, é necessário outro diapasão afinado no mesmo tom.

Se forem projetados pensamentos e orações de natureza inferior e egoísta, apenas criaturas inferiores e egoístas responderão a eles. Essa espécie de oração nunca chegará até Cristo, como a água não pode correr montanha acima. Gravita para os demônios ou elementais, que são totalmente indiferentes às sublimes aspirações manifestadas pelos que estão reunidos em nome de Cristo.

Como estamos reunidos hoje neste lugar a fim de assentar a pedra fundamental para a construção da Sede de uma Associação Cristã, estamos confiantes que, tão certo como a gravidade atrai uma pedra em direção ao centro da terra, o fervor de nossas aspirações unidas atrairá a atenção do Fundador de nossa fé (Cristo),. que assim estará entre nós. Tão certamente como diapasões com a mesma afinação vibram em uníssono, também o augusto Cabeça da Ordem Rosacruz (Christian Rose Cross) faz sentir sua presença nessa ocasião quando a sede da Fraternidade Rosacruz está tendo início. O Irmão Maior que inspirou este movimento está presente e visível, pelo menos para alguns de nós. Estão presentes nesta maravilhosa ocasião e diretamente interessados nos acontecimentos formando o número perfeito - 12. Isto é, há três guias invisíveis que estão além do estágio da humanidade comum, e nove membros da Fraternidade Rosacruz. Nove é o número de Adão, ou homem. Destes, cinco - número ímpar masculino - são homens, e quatro -número par feminino - são mulheres, enquanto que o número dos guias invisíveis, três, apropriadamente representa a Divindade assexuada. O número dos que atenderam ao convite não foi programado pelo orador. Os convites para tomar parte nesta cerimônia foram enviados a muitas pessoas, mas apenas nove aceitaram. E, como não acreditamos no acaso, o comparecimento deve ter sido conduzido de acordo com os desígnios de nossos Guias invisíveis. Pode ser entendido também como a expressão da força espiritual por trás deste movimento, e não é necessária maior prova do que observarmos a extraordinária expansão dos Ensinamentos Rosacruzes, que se disseminaram por todas as nações da Terra nos últimos anos, despertando aprovação, admiração e amor nos corações de todas as classes e condições de pessoas, especialmente entre os homens.

Enfatizamos isto como um fato notável, pois enquanto todas as outras organizações religiosas compõem-se em sua maioria de mulheres, os homens são maioria entre os membros da Fraternidade Rosacruz. Também é significativo que nossos membros médicos sejam mais numerosos que os de outras profissões, e que, em seguida, estejam os ministros religiosos. Isto prova que aqueles que têm a prerrogativa de cuidar do corpo enfermo estão conscientes que causas espirituais geram fraqueza física, e estão tentando compreendê-las para melhor ajudar os enfermos. Demonstra também que aqueles cujo trabalho é cuidar do espírito doente, estão tentando socorrer mentes inquisidoras com explicações razoáveis sobre os mistérios espirituais. Reforçam assim sua fé esmorecida e tentam firmar seus laços com a Igreja, ao invés de responder com máximas e dogmas não sustentadas pela razão, o que abriria totalmente as comportas para o mar agitado do ceticismo, afastando aqueles que procuram a luz através do porto seguro da Igreja, e levando-os para a escuridão do desespero materialista.

É um abençoado privilégio da Fraternidade Rosacruz socorrer a muitos que buscam sinceramente a verdade e que, embora ansiosos, são incapazes de acreditar no que lhes parece contrário à razão. Recebendo explicações razoáveis sobre a fundamental harmonia entre os dogmas e doutrinas apresentadas pela Igreja e as leis da natureza, muitos retornaram á sua congregação, regozijando-se com os companheiros, tornando-se mais fortes e melhores membros do que antes de se afastarem.

Qualquer movimento para perdurar deve possuir três qualidades divinas: Sabedoria, Beleza e Força. Ciência, arte e religião, cada uma possui, de certa forma, uma dessas qualidades. O objetivo da Fraternidade Rosacruz é unir e harmonizar umas com as outras, ensinando uma religião que é tanto científica como artística, e reunir todas as igrejas numa só grande Irmandade Cristã. Presentemente, o relógio do destino marca um momento auspicioso para o início das atividades da construção, erigindo um centro visível de onde os Ensinamentos Rosacruzes possam irradiar sua benéfica influência para aumentar o bem estar de todos que estão física, mental ou moralmente enfermos.

Portanto, agora ergamos a primeira pá de terra no local da construção com uma prece pela Sabedoria, para guiar esta grande escola no caminho certo. Cavemos o solo uma segunda vez, com uma súplica ao Mestre Artista pelo direito de introduzir aqui a Beleza da vida superior, de tal maneira a torná-la atrativa para toda humanidade. Cavemos pela terceira e última vez com relação a esta cerimônia, murmurando uma prece pela Força, para que, paciente e diligentemente, possamos continuar o bom trabalho em perseverar e tornar este lugar um maior fator de elevação espiritual do que qualquer dos que nos antecederam.

Cavado o local do primeiro prédio, continuaremos agora plantando o símbolo maravilhoso da vida e do ser, o emblema da Escola de Mistérios Ocidentais. O emblema consiste da cruz, representando a matéria, e das rosas, que envolvem e rodeiam o tronco, representando a vida em evolução subindo cada vez mais alto pela crucificação. Cada um de nós, os nove membros, participará deste trabalho de escavação para este primeiro e maior ornamento de Mt. Ecclesia. Vamos fixá-lo numa posição que os braços apontem um para Leste e outro para Oeste, enquanto o Sol do meridiano projeta-o inteiramente em direção ao Norte. Assim, ele estará diretamente no caminho das correntes espirituais que vitalizam as formas dos quatro reinos da vida: mineral, vegetal, animal e humano.

Sobre os braços e a parte superior desta cruz podemos ver três letras douradas, "C.R.C", Christian Rosenkreuz, ou Christian Rose Cross, as iniciais do Chefe Augusto da Ordem. O simbolismo desta cruz está parcialmente explicado aqui e também em nossa literatura, mas seriam necessários volumes para dar uma explicação completa. Vamos olhar um pouco mais longe sobre o significado da lição que nos oferece este maravilhoso emblema.

Quando vivíamos na densa atmosfera aquosa da antiga Atlântida, estávamos sob leis completamente diferentes das que nos regem hoje. Quando deixávamos o corpo, não o percebíamos, pois nossa consciência estava focalizada mais no mundo espiritual do que nas densas condições da matéria. Nossa vida era uma existência contínua; não percebíamos nem o nascimento nem a morte.

Ao emergirmos para as condições aéreas da Época Ária, o mundo de hoje, nossa consciência do mundo espiritual desvaneceu-se e a forma tornou-se mais proeminente. Então, começou uma existência dupla, cada fase definidamente diferenciada da outra pelos eventos do nascimento e da morte. Uma dessas fases é a vida do espírito livre no reino celestial; a outra, um aprisionamento num corpo terrestre, que é virtualmente a morte do espírito, como está simbolizado na mitologia grega de Castor e Pólux, os gêmeos celestiais.

Já foi elucidado em diversos pontos de nossa literatura, como o espírito livre ficou emaranhado na matéria pelas maquinações dos espíritos de Lúcifer, aos quais Cristo se referiu como as falsas luzes. Isso ocorreu na ígnea Lemúria. Portanto, Lúcifer pode ser chamado o Gênio da Lemúria.

O efeito de seu erro não ficou totalmente aparente até a Época de Noé, compreendendo o período final Atlante e o da nossa presente Época Ária. O arco-íris, que não poderia existir sob as condições atmosféricas anteriores, pairou com suas cores sobre as nuvens como uma inscrição mística quando a humanidade entrou na Época de Noé, onde a lei dos ciclos alternantes trouxe enchente e vazante, verão e inverno, nascimento e morte. Durante esta era, o espírito não pode fugir permanentemente do corpo mortal gerado pela paixão satânica primeiramente inculcada por Lúcifer. Suas repetidas tentativas de fugir para seu lar celestial são frustradas pela lei da periodicidade, pois, ao livrar-se de um corpo pela morte, será trazido para renascer quando o ciclo se completar.

Engano e ilusão não podem perdurar eternamente. Surgiu, portanto, o Redentor para purificar o sangue cheio de paixão, para pregar a verdade que nos libertará deste corpo de morte. Surgiu para inaugurar a imaculada concepção ao longo das linhas grosseiramente indicadas na ciência da eugenia, para profetizar uma nova era, um novo céu e uma nova terra, onde Ele, a verdadeira Luz, será o Gênio; uma era em que florescerão a virtude e o amor, pelos quais toda a humanidade suspira e procura.

Tudo isto e a maneira de evoluir estão simbolizados na cruz de rosas que temos em frente. A rosa, na qual a seiva da vida está inativa no inverno e ativa no verão, ilustra com clareza o efeito da lei dos ciclos alternantes. A tonalidade da flor e seus órgãos reprodutores lembram o nosso sangue. No entanto, a seiva que flui é pura, e a semente é gerada imaculadamente, sem paixão:

Quando alcançarmos a pureza de vida assim simbolizada, estaremos libertos da cruz da matéria, e as condições etéricas do milênio estarão presentes. A aspiração da Fraternidade Rosacruz é apressar esse dia feliz, quando a tristeza, a dor, o pecado e a morte desapareçam e nós sejamos redimidos das fascinantes mas escravizantes ilusões da matéria, e despertados para a suprema verdade da realidade do Espírito. Que Deus apresse e frutifique nossos esforços.

 

CAPÍTULO XX - NOSSO TRABALHO NO MUNDO

 

 

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