ENSINAMENTOS DE UM INICIADO

MAX HEINDEL

 

 

CAPÍTULO VI

A MORTE DA ALMA

 

De tempos em tempos, aparentemente seguindo uma lei de periodicidade, as mesmas dificuldades surgem inesperadamente na mente dos estudantes. De diferentes partes do mundo, ao mesmo tempo, chegam cartas pedindo informações sobre um assunto, em outra ocasião sobre outro, mas depois de anos os mesmos assuntos ressurgem. Enquanto é dada a resposta aos que perguntam, pode ser que haja muitos outros interessados no mesmo assunto e ao mesmo tempo; daí esta lição sobre a morte da alma que parece tanto preocupar a mente, talvez porque a morte do corpo seja tão comum e freqüente.

Há alguns anos atrás, publicamos uma lição sobre "O Pecado Imperdoável e Almas Perdidas", com relação aos sacramentos que então explicávamos. Dissemos que todos os sacramentos têm relação com a transmissão dos átomos-semente que formam o núcleo de nossos vários corpos. O germe de nosso corpo terrestre deve ser corretamente colocado em solo fértil para formar um veículo denso apropriado e, por essa razão, como está escrito no Gênesis, 1:27, "Elohim criou o homem varão e fêmea". As palavras hebraicas são Sacr va N'cabah. Estes são os nomes dos órgãos sexuais. Em tradução literal Sacr significa o portador do germe, portanto, casamento é um sacramento, pois abre o caminho para a transmissão do átomo-semente físico do pai para a mãe e cuida de preservar a raça contra a destruição da morte. Finalmente, a extrema unção é o sacramento que caracteriza o rompimento do Cordão Prateado e a extração do germe sagrado, até que seja novamente plantado em outra N'cabah, ou mãe.

Como-a semente e o óvulo são a raiz e a base de um desenvolvimento racial, é fácil perceber que nenhum pecado pode ser tão sério quanto o que abusa da função criadora, pois por este sacrilégio impedimos o crescimento de futuras gerações e transgredimos contra o Espírito Santo, Jeová, que é o guardião da criativa força lunar. Seus anjos anunciam nascimentos, como no caso de Isac, João Batista e Jesus. Quando Ele quis recompensar Abraão, Seu mais fiel seguidor, prometeu-lhe que sua descendência seria tão numerosa como as areias da praia. Ele também puniu terrivelmente os Sodomitas que cometeram sacrilégio usando incorretamente a função criadora, e o pecado de Onã, que a desperdiçava, é também indicação no mesmo sentido.

A Bíblia relata que o homem estava proibido de comer da árvore do Conhecimento sob pena de morrer. Mas, em vez de esperar pacientemente pelas condições interplanetárias propícias, Adão conheceu Eva e, desde então, ela deu à luz a seus filhos com dores, sofrimentos e sujeitou-os à morte prematura. Portanto, o abuso desta sagrada função para gratificação da natureza passional, e particularmente por perversão, é reconhecido pelos esotéricos como o pecado imperdoável. É a isto que se refere James, quando diz: "Há um pecado mortal. Não digo que deveis rezar para isso".

Investigações ocultas provaram neste caso, assim como em todas as outras formas de comunicação, que Deus e a natureza são muito mais clementes e misericordiosos para com o homem, do que o homem para com seus iguais. Embora a punição justa aplicada aos que viveram uma vida de pecados e vícios tenha sido realmente severa em todos os casos, nada ocorre tão sério como a "morte da alma". Tanto quanto é do nosso conhecimento, apenas o Mago Negro abusa conscientemente da força criadora para propósitos malévolos, e enfrenta algo tão terrível como o subentendido na frase acima. Realmente não haveria necessidade de abordar o assunto, a não ser porque projeta uma luz sobre outros temas valiosos para o estudante.

Para bem entender isto devemos relembrar as precisas definições dos termos espírito, alma e corpo dadas no "Conceito Rosacruz do Cosmos". Lá se diz que no princípio da manifestação do Espírito Virginal, uma centelha do Divino envolveu-se em um tríplice véu de espírito-matéria e tornou-se o Ego.

O espírito tríplice moldou uma sombra tríplice no reino material, e assim o corpo denso desenvolveu-se como uma contraparte do Espírito Divino, o corpo vital como uma réplica do Espírito de Vida, e o corpo de desejos como a imagem do Espírito Humano. Finalmente, e o que é mais importante, formou-se o elo da mente entre o tríplice espírito e seu tríplice corpo. Esse foi o princípio da consciência individual, e marca o ponto onde a involução do espírito na matéria termina e começa o processo evolucionário pelo qual o espírito se retira da matéria. A involução envolve a cristalização do espírito em corpos, mas a evolução depende da dissolução dos corpos, da extração da substância da alma de dentro deles, e da amalgamação alquímica desta alma com o espírito.

No começo da evolução, o homem era constituído apenas de espírito e corpo - não tinha alma - mas, desde então, cada vida vivida na Terra, na grande escola da experiência, tornou-o mais e mais sensível, conforme o uso que fez de suas oportunidades. Isto se verifica nas diferentes gradações entre o selvagem e o santo que vemos ao nosso redor. É a perda da alma que está implicada na experiência que descrevemos como a morte da alma. É claro que o verdadeiro espírito nunca pode morrer, sendo ele uma centelha do Divino sem princípio nem fim. Como falar na morte da alma e qual o verdadeiro sentido da palavra? Este é um assunto sobre o qual o autor não gosta de repisar, mas como lança uma importante luz para o avanço espiritual, recordaremos alguns fatos.

Vimos que o tríplice espírito projetou um tríplice corpo e que o objetivo da evolução é a extração da tríplice alma deste tríplice corpo e a amalgamação com o tríplice espírito. Prestem atenção sobre esta parte, pois é o ponto crucial de todo o assunto, uma importante e valiosa informação que ajudará os estudantes a entender mais profundamente tudo que já ficou dito aqui. Fala-se muito na literatura ocultista sobre "O Caminho", e, embora o iniciado já tenha recebido afirmações abundantes do que é isto e onde está, esta informação nunca foi dada antes ao estudante exotérico. Paulo diz que estar mentalizado na carne é a morte, mas estar espiritualmente mentalizado é vida e paz. Esta é a verdade exata, pois a mente é o elo entre o espírito e o corpo, é o caminho ou ponte, o único meio de transmissão da alma para o espírito. Enquanto o homem estiver mentalizando a matéria e dirigindo sua atenção para os sucessos mundanos, acalentando como sua nota tônica o provérbio: "Vamos comer, beber e divertir-nos, pois amanhã morreremos", todas as suas atividades estarão centralizadas na parte inferior do seu ser, a personalidade, e ele vive e morre como os animais, inconsciente das reservas magnéticas do espírito. Entretanto, chega uma ocasião em que os anseios do espírito são sentidos e a personalidade vê a luz e propõe-se a atingir seu Eu Superior através da ponte da mente. E como a carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, o corpo é crucificado para que a alma possa ser libertada e juntar-se ao seu Pai no Céu, o tríplice espírito, o Eu Superior.

A tendência geral é para que o superior eleve o inferior. Mas, infelizmente, há exemplos do oposto, onde a personalidade inferior se torna tão forte em seu materialismo e onde a mente se mostra tão fortemente enredada com os veículos inferiores, que a personalidade se recusa a sacrificar-se pelo espírito, resultando que a ponte da mente finalmente se quebra. A personalidade sem alma pode continuar a viver por muitos anos depois que esta separação se efetuou, e pode executar os mais violentos atos de crueldade e astúcia até sucumbir. Magia Negra envolvendo o uso pervertido da semente obtida de outros, geralmente é usada por essas personalidades desalmadas com o propósito de satisfazer seus desejos demoníacos. Freqüentemente, eles obtêm poderes numa nação ou numa sociedade, que depois se comprazem em destruir.

Enquanto isso, o espírito permanece desnudo; não tem átomos-semente com os quais possa construir corpos adicionais e, então, automaticamente, gravita para o planeta Saturno e depois para o Caos; onde deve permanecer até a aurora de um novo dia de criação. A primeira vista, pode parecer injusto que o espírito seja assim condenado a sofrer, embora não tenha cometido qualquer perversidade, mas, por outro lado, compreendemos que, sendo a personalidade uma criação do Eu Superior, a responsabilidade existe e não pode ser evitada. Felizmente, porém, esses casos são cada vez mais raros à medida que avançamos no caminho da evolução. Apesar disso, é necessário que todos se voltem seriamente para esse objetivo, para que a luz no caminho que leva ao nosso ideal espiritual, a união com o Eu Superior, resplandeça cada vez mais.

 

CAPÍTULO VII

O NOVO SENTIDO DA NOVA ERA

 

No fim da Idade de Taurus, há mais ou menos 4.000 anos atrás, o "Povo de Deus" fugiu da ira que ia cair sobre o Egito, a terra onde esse povo adorava o touro. Era guiado, em sua fuga rumo à terra prometida, por Moisés, cuja cabeça em antigas representações esotéricas está adornada com chifres de carneiro, simbolizando o fato de que era o precursor dos 2.100 anos da Época Ária, durante os quais, em cada manhã de Páscoa, o Sol vernal tingia de vermelho as soleiras das portas como se fosse o sangue da ovelha quando passa pelo Equador na constelação (não no signo) do Carneiro, Áries. De igual modo, quando o Sol, por precessão, se aproximava da constelação aquosa de Pisces, os Peixes, João mergulhava nas águas do Jordão os convertidos à religião Messiânica, e Jesus chamava seus discípulos de "pescadores" de homens. Assim como a "ovelha" foi sacrificada na Páscoa enquanto o Sol passava pela constelação de Áries, o Carneiro, também os fiéis, em obediência aos mandamentos de sua igreja, alimentavam-se de peixe durante a Quaresma no atual ciclo de Pisces, os Peixes.

Na época em que o Sol, por precessão, deixou a constelação de Taurus, o Touro, o povo que adorava esse animal foi considerado pagão e idólatra. Um novo símbolo do Salvador ou Messias foi encontrado no cordeiro, que correspondia à constelação de Áries. Mas quando o Sol, por precessão, deixou esse signo, o judaísmo passou a ser uma religião do passado. Desde então, os bispos da nova religião Cristã usaram uma mitra com a forma de uma cabeça de peixe para indicar sua posição como ministros da igreja durante a Era de Pisces, que agora está chegando ao seu final.

Considerando o futuro pela perspectiva do passado, é evidente que uma nova era deverá iniciar-se quando o Sol transitar pela constelação de Aquarius, o Portador da água, daqui a algumas centenas de anos. A julgar pelos acontecimentos do passado, é razoável esperar-se que uma nova fase religiosa suplantará nosso presente sistema, revelando maiores e mais nobres ideais do que a nossa presente concepção da religião Cristã. Portanto, é certo que, se nesse dia não formos incluídos entre os idólatras e pagãos, devemos cerrar fileiras com estes novos ideais.

João Batista pregou o evangelho da preparação, sem palavras ambíguas, advertindo o povo que o machado deve ser colocado na raiz da árvore. Advertiu-os também para fugir da ira que se aproximava quando chegasse o Filho de Deus (o Sol), para separar o trigo do joio e queimá-lo. Cristo comparou o evangelho ao fermento que leveda uma medida de farinha.

A primeira vista, o método de João parece ser muito mais drástico, colocando o machado na base de toda a estrutura social, enquanto o processo de levedura mencionado por Cristo parece ser mais suave. Mas, na realidade, é mais severo e drástico, como tornar-se-á evidente se observarmos cuidadosamente o que acontece quando preparamos o pão. E uma revolução química, uma guerra em miniatura, envolvendo uma completa transformação de cada átomo de farinha. Nenhum escapa à ação do fermento, e há um som como de um contínuo canhoneiro, explosões de bombas e granadas, até que a força do fermento se esvai e a massa fica esponjosa. Mas, esta guerra dos átomos, esta revolução química, é absolutamente indispensável na fabricação do pão, pois se fosse omitido o processo da fermentação, o resultado seria um produto pesado, intragável, indigesto. E a transformação processada pelo fermento que torna o pão saudável e nutritivo.

O processo de preparação para a Era de Aquarius já começou, e como se trata de um signo aéreo, científico e intelectual, conclui-se inevitavelmente que a nova fé basear-se-á na razão, e será capaz de resolver o mistério da vida e da morte de maneira a satisfazer tanto a mente como o sentimento religioso.

Tal é a Sabedoria da Religião Ocidental divulgada pela Fraternidade Rosacruz que, como o fermento no pão, está dissipando o medo da morte. Está demonstrando que a vida e a consciência continuam sob leis tão imutáveis como Deus, as quais tendem a elevar o homem à condições de espiritualidade

cada vez mais elevadas, nobres e sublimes. Acendem o farol da luz da esperança no coração humano assegurando que, por termos no passado desenvolvido os cinco sentidos pelos quais contatamos o atual mundo visível, poderemos num futuro não muito distante, desenvolver um outro sentido que nos possibilitará ver os habitantes das regiões etéricas, bem como os nossos entes queridos que abandonaram os corpos físicos e habitam o éter e o mundo dos desejos inferiores durante o primeiro estágio no reino espiritual. A missão de Aquarius está representada apropriadamente pelo símbolo do homem esvaziando o cântaro d'água.

Aquarius é um signo aéreo regendo especialmente o éter. O Dilúvio tornou o ar parcialmente seco, depositando a maior parte de sua umidade no mar. Mas quando o Sol entrar em Aquarius, por precessão, o restante da umidade será eliminado e as vibrações visuais, transmitidas mais facilmente numa atmosfera etérica seca, serão mais intensas. Assim, as condições serão particularmente propícias para produzir a ligeira extensão de nossa atual visão, necessária para abrir os nossos olhos à região etérica. O aparecimento de sensitivos na Califórnia é um exemplo desse efeito de uma atmosfera seca e elétrica, embora não tanto como será na Era de Aquarius.

A fé será complementada pelo conhecimento, e todos poderemos lançar o brado triunfal: "Oh! morte, onde está teu aguilhão? Oh! tumba, onde está tua vitória?" Mas é mister compreender que, pela aspiração e meditação, aqueles que esperam ansiosamente por esse dia não devem deixar a oportunidade escapar, podendo facilmente superar seus companheiros que estão inconscientes do que lhes está reservado. Por outro lado, estes últimos podem retardar o desenvolvimento da visão acreditando que -estão sofrendo de alucinações quando começarem a ter os primeiros vislumbres das entidades etéricas, temendo ser considerados loucos se contarem o que viram.

Portanto, a Fraternidade "a cruz foi incumbida pelos Irmãos Maiores da missão de promulgar o Evangelho da Era Aquariana e de dirigir uma campanha educativa e iluminadora para que o mundo se possa preparar para o que lhe está reservado. O mundo deve ser fermentado com as seguintes idéias:

(1) As condições na terra dos mortos que vivem não estão envoltas em mistério, mas o conhecimento delas é tão válido como o sabermos algo a respeito de países estrangeiros através das descrições dos viajantes.

(2) Encontramo-nos próximos do limiar onde conheceremos estas verdades.

(3) O mais importante é apressarmos o dia, em nosso caso pessoal, por meio do conhecimento dos fatos concernentes à existência "post-mortem" e às coisas que podemos esperar ver. Então, saberemos o que procurar, e quando começarmos a obter vislumbres dessas coisas não teremos medo, não nos surpreenderemos e não mais seremos incrédulos.

Embora esse desenvolvimento seja maravilhoso, ele vem acompanhado de uma grande responsabilidade. Os estudantes devem compreender que uma séria responsabilidade é inerente à posse do conhecimento, porque "a quem muito é dado, muito será exigido". Se enterramos nosso talento, não devemos esperar uma merecida condenação? A Fraternidade Rosacruz poderá cumprir sua missão somente quando cada membro fizer a sua parte, difundindo os Ensinamentos e vivendo a vida. Portanto, esperamos que isto alerte os estudantes quanto aos seus deveres individuais.

A visão etérica é semelhante ao Raio X, que capacita a quem a possui ver através dos objetos, mas ela é ainda muito mais poderosa e torna tudo transparente como o vidro. Sendo assim, na Era de Aquarius muitas coisas serão diferentes, por exemplo, será muito fácil estudar anatomia e detectar um tumor maligno, uma luxação ou um estado patológico do corpo. Atualmente, médicos eminentes pesarosamente admitem que seus diagnósticos muitas vezes estão errados, como se observa por exames feitos depois da morte do paciente. Mas, quando tiverem desenvolvido a visão etérica, serão capazes de estudar tanto a estrutura anatômica como o processo fisiológico, sem obstáculos.

A visão etérica não nos capacitará a ler o pensamento dos outros, pois ele é formado de matéria mais sutil ainda, porém, ser-nos-á impossível levar uma vida dupla e agir em nossas casas diferentemente do que o fazemos em público. Se soubéssemos que entidades invisíveis freqüentam as nossas casas, ficaríamos envergonhados das coisas que fazemos, mas, na Era de Aquarius, não haverá privacidade que não possa ser violada por quem nos quiser observar. Não adiantará mandar a criada dizer a uma visita indesejável que "não estamos". Isto significa que na Nova Era a honestidade e a retidão serão as únicas condutas válidas, pois não poderemos agir mal e esperar fugir ao è ermos descobertos. Haverá, tanto como agora, pessoas cujas características básicas leva-las-ão ao caminho da maldade, mas serão pelo menos reconhecidas e assim poderão ser evitadas.

O estudante pode tecer conjecturas sobre outras condições resultantes da ampliação da visão que ocorrerá na Era Aquariana: Vivendo o mais próximo possível essa realidade, estará em posição de tornar-se um dos pioneiros dessa era, quando "não haverá noite", e a "árvore da vida" florescerá constantemente pelo etérico "mar de vidro" transparente, que impregna todas as coisas.

 

CAPÍTULO VIII

O POVO ESCOLHIDO DE DEUS

 

Quando estudamos a história dos Hebreus, como está descrita na Bíblia e em relatos da Idade Média e Moderna pelos vários povos que habitam o mundo ocidental, um fato incontestável se destaca com grande clareza. Eles foram conduzidos ao exílio e à escravidão, odiados em todos os países por onde se espalharam e perseguidos em qualquer parte onde a característica das nações, nas quais viviam, permitia recorrer a essas medidas. De acordo com a Bíblia e respeitada "a Palavra de Deus" pelos povos ocidentais, os judeus são "o povo escolhido de Deus" num sentido especial. Mesmo assim, entre essas mesmas nações, os judeus são menosprezados. Quando investigamos a razão dessa tragédia, dois fatos relevantes se apresentam:

(1) Em toda a parte os judeus proclamaram-se "o povo escolhido de Deus", destinados por escolha divina a se tornarem com o tempo os senhores do mundo, a quem todas as nações terão finalmente de prestar homenagem e tributo.

(2) Seu procedimento com os não judeus quase que invariavelmente se caracteriza pela astúcia e, na mente popular, o personagem Shyloc, de Shakespeare, cobrando seu "meio quilo de carne" corrobora o conceito geral sobre sua natureza.

Assim, inconscientemente, estabeleceu-se na mente de outros povos um ressentimento contra a pretensão dos judeus de se considerarem os filhos divinamente favorecidos de Deus e de classificarem os demais como enteados, pagãos e idólatras, que aguardam o dia da ira quando Israel virá triunfalmente governá-los com bastão de ferro. Esse ressentimento se acentua pela observação dos hábitos atuais dos judeus.

Se os judeus tivessem justificado a sua pretensão de serem os favoritos da divindade por vidas nobres e conduta elevada, provavelmente teriam atraído a admiração de muitos dos povos com os quais têm estado em contato. Se tivessem despertado em alguns o espírito da emulação, mesmo aqueles que invejavam suas convicções, provavelmente seriam mais respeitados. Mas, por ser sua crença tão elevada e seus hábitos tão discordantes com ela, é lamentável, mas não admira, que sejam perseguidos por tantos.

Advertimos os estudantes para não considerarem o exposto como uma crítica aos judeus. É errado comentar as faltas alheias e criticá-las, a não ser que se tenha em vista um fim construtivo. É sempre fácil notar o cisco no olho de nosso próximo, mas é muito mais fácil ignorar uma trave no nosso próprio. A razão para abordarmos o assunto dos judeus com suas crenças elevadas e seus hábitos discordantes, é para perguntar se, procurando com a lanterna o cisco em seus olhos, não encontraremos a trave nos nossos. Se assim for, teremos conseguido algo realmente valioso, colocando-nos em posição de remover essa trave.

Enquanto vivermos ao nível do mundo, fazendo as coisas que os outros fazem, boas, más e indiferentes, ninguém toma conhecimento de nós, mas, no momento em que, como os judeus, afirmamos que somos diferentes, a sociedade imediatamente escolhe-nos como objetos de observação para avaliar a coerência entre nossas crenças e nossas ações. Seremos observados onde estivermos e o que quer que façamos. Portanto, uma grande responsabilidade pesa sobre nós, para que desempenhemos bem os nossos deveres, justificando assim os Ensinamentos de nossos Irmãos Maiores e estimulando no próximo o desejo de abraçar esta filosofia.

Por isso, devemos parar e avaliar nossos atos e realizações no ano passado. Depois, tomemos as resoluções que julgarmos necessárias para tornar o futuro mais proveitoso do ponto de vista da alma.

Em primeiro lugar, devemos reconhecer que fomos especialmente agraciados, muito além de nossos merecimentos, em receber de nossos Irmãos Maiores os Ensinamentos Rosacruzes. Esperamos ter-lhes expressado a nossa gratidão durante todo o ano que passou, e mandemo-lhes, neste momento, especiais pensamentos de carinho e gratidão. Não é preciso dizer que eles não necessitam da nossa gratidão, pois estão acima disso, mas, sendo gratos, progrediremos espiritualmente.

Avaliemos como aproveitamos esses ensinamentos preciosos no ano passado: temos tratado com justiça nosso próximo? Esforçamo-nos por controlar nosso temperamento, desenvolver nosso equilíbrio, e superar qualquer que seja nossa falha preponderante?

Quanto sucesso obtivemos? Esperemos que nossas conquistas tenham sido pelo menos razoáveis, pois como a sinceridade das elevadas crenças dos judeus tem sido julgada pela sua atuação, do mesmo modo, certos ou errados, os Ensinamentos dos Irmãos Maiores serão avaliados na comunidade pelos atos dos que se confessam seus seguidores.

No entanto, há uma conclusão que teremos de admitir no final de nossa retrospecção. Estamos muito aquém dos sublimes ideais que nos foram apresentados. E sempre um momento crítico quando nosso caminho espiritual corre risco de soçobrar nos rochedos da pusilanimidade, isto é, se tivermos o temperamento de ficar chocados ou exagerar um fracasso. Tal atitude mental antecipa o desastre, pois rouba-nos a vontade de vencer, leva-nos a acreditar que não vale a pena lutar, que as desvantagens contra nós são muito grandes. Encontramos desculpas no antagonismo dos amigos e da família sobre nossas crenças, nos deveres que nos ocupam o tempo, etc. Mas, na verdade, o problema está dentro de nós e, se cedermos, vamos constatar que nossos amigos irão desprezar-nos, embora não o demonstrem abertamente como o fazem no caso dos judeus.

Ao contrário, longe de fazer-nos abandonar o caminho do progresso, nossos fracassos deveriam servir como incentivos para esforços maiores, e deveríamos tomar nossas resoluções com maior determinação, para que no próximo ano sejamos invencíveis.

Todos conhecem seus próprios defeitos, "o pecado que tão facilmente nos domina" e, naturalmente, cada qual deve formular as suas próprias resoluções. Mas, para conseguir cumpri-las, para que sejam benéficas para o crescimento de nossa alma e nos ajudem a tecer o Dourado Manto Nupcial, será de muita ajuda fixarmos nossos olhos e pensamentos em alguém que possua a virtude que estamos procurando cultivar. Temos um magnífico exemplo em Cristo, que "foi tentado de todos os modos como nós, porém, não cometeu pecado". Tenhamo-Lo bem perto de nós durante o próximo ano, e certamente nossa alma crescerá muito. Esta será também a melhor divulgação que poderemos fazer dos Ensinamentos Rosacruzes, pois é vivendo de acordo com eles que poderemos despertar nos outros o desejo de partilhar de suas bênçãos.

 

CAPÍTULO IX

LUZ MÍSTICA NA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Parte I - Fontes Secretas

Os estudantes dos Ensinamentos Rosacruzes sabem muito bem que nós como espíritos somos imortais, sem princípio e sem fim; que já estivemos na grande escola da experiência da vida muitos dias no passado, cada vez revestidos de um novo corpo melhor constituído, no qual vivemos por determinado tempo variando desde algumas horas até uma vida longa.

Quando um dia da escola da vida se completa, descartamo-nos desse invólucro mortal desgastado e decrépito, e retornamos ao nosso lar celestial para repouso e assimilação das lições aprendidas. Mais tarde, renasceremos e retomaremos nossas lições onde as deixamos no período anterior da escola da vida, quando fomos chamados de volta ao lar.

Durante cada dia dessa escola, encontramos outros espíritos e estabelecemos laços de amor e ódio. Em vidas futuras encontrar-nos-emos novamente, para que as dívidas do destino, então contraídas, possam ser liquidadas. Assim, nossos amigos de hoje são aqueles com quem travamos amizade na vida anterior, e nossos inimigos são aqueles com quem nos indispusemos no passado esquecido. Desse modo, estamos continuamente tecendo a teia do destino no tear do tempo e criando, para nós mesmos, um manto de glória ou de trevas, conforme tenhamos agido bem ou mal.

Mas nós não realizamos apenas nosso destino individual, pois como diz o provérbio: "Nenhum homem vive só". Somos agrupados em famílias, tribos, raças e nações e, além de nosso destino individual, estamos unidos pelos destinos de família e de nação, porque estamos sob a guarda dos Anjos e Arcanjos que atuam respectivamente como espíritos de família e de raça. São estes grandes espíritos que fixam em nossos átomos-semente a forma racial e as características do corpo físico. Eles também implantam nos átomos-semente de nossos mais refinados veículos, as simpatias e ódios nacionais, porque o espírito de raça paira como uma nuvem sobre a terra habitada por seus tutelados, que absorvem dessa atmosfera as matérias para seus corpos mais sutis. Verdadeiramente, eles vivem, movem-se e formam seus seres neste espírito de raça. Disto são formados seus veículos. Sim, em cada sopro, eles respiram este espírito de raça, sendo totalmente verdadeiro o fato deste sentimento estar mais próximo deles do que seus pés e mãos. É este espírito de raça que os impregna de amor ou ódio por outras nações, determinando assim o relacionamento inamistoso e desconfiado que predomina entre certos povos, e a confiança e amizade existentes entre outros.

Segundo os Ensinamentos Rosacruzes, todo espírito renasce duas vezes durante o tempo que o Sol, por precessão, transita por um signo do zodíaco, uma vez como homem e outra como mulher. Isso acontece para que possa ter as experiências que são adquiridas nesse signo, do ponto de vista de ambos os sexos. Há muitas exceções a esta regra, de acordo com as necessidades individuais do espírito, pois a lei não é cega, mas está sob a administração de grandes seres chamados os Anjos do Destino na terminologia cristã, que têm a obrigação de zelar pelo Relógio do Destino e verificar quando a ocasião é propícia para colher a safra do passado. Isso se aplica tanto para indivíduos como para nações. Portanto, se estudarmos as características das nações recentemente empenhadas numa luta titânica, bem como os objetivos pelos quais estão lutando, e lançarmos um olhar retrospectivo pelas páginas da história, não há necessidade do dom da visão nem mesmo o da intuição para localizar e ver como as fontes da recente guerra foram geradas num passado distante.

Sugerem os historiadores que os filhos de Albion são uma reencarnação dos antigos romanos. Sob a luz das investigações ocultistas não é a verdade completa, pois há muitas raças estranhas presentes. Mas, elas têm-se mesclado com a raça dominante, podendo-se quase dizer que isso constitue um fato.

Recordemos a história de Roma e lembremos que o espírito democrático, depois do reinado dos sete primeiros reis, manifestou-se pela formação de uma república. Então, iniciou-se uma guerra de conquista para obter o domínio do mundo e, no decurso dessas operações militares, houve luta contra Cartago numa violenta disputa pelo domínio do Mar Mediterrâneo. Para expandir-se para o oeste, os romanos lutaram para expulsar os cartagineses da Sicília. Nessa época, Cartago era uma grande potência marítima, mas foi vencida pelos romanos em 260 A.C. em seu próprio elemento. Em seguida a esta vitória, Roma levou a guerra para a África e no princípio foi bem sucedida, mas Régulo, o cônsul que lá ficou, foi derrotado e feito prisioneiro. Seguiu-se uma série de desastres navais para Roma, e Cartago esteve na iminência de ganhar mais do que havia perdido na Sicília. Foi quando Tétulus, o cônsul romano, obteve outra vitória decisiva sobre os cartagineses em 241 A.C., e, em conseqüência, procedeu a evacuação da Sicília e ilhas adjacentes. Este foi o fim da primeira Guerra Púnica que durou vinte anos.

Mas Cartago não seria conquistada tão facilmente. Considerando Roma um real adversário no mar, retomou as hostilidades adquirindo uma posição segura na Espanha. O grande general cartaginês, Aníbal, que odiava Roma profundamente, tentou sua conquista durante a segunda Guerra Púnica declarada em 218 A.C. Seus planos, elaborados em segredo, foram executados com rapidez nunca vista. Cruzou os Pirineus da Espanha para a França, lutou através dos Alpes contra todos os obstáculos, e invadiu a Gália Cisalpina com apenas 26.000 sobreviventes de seu exército de 59.000 homens. Depois de várias derrotas dos romanos, sobreveio a grande batalha de Cannas em 216 A.C., onde a vitória de Aníbal foi completa. A Macedonia e a Sicília uniram-se aos conquistadores e Aníbal avançou até a porta das colinas de Roma. Considerando essa cidade muito poderosa, recuou para o sul da Itália onde foi derrotado e Cartago viu-se obrigada a pedir a paz. Roma tornou-se a senhora do Mediterrâneo.

Mas o ódio de Aníbal não arrefeceu, e quando ele e seus compatriotas, os cartagineses, renasceram na Prússia, os antigos romanos, como senhores dos mares, ocupavam as Ilhas Britânicas e era inevitável que com o tempo um grande conflito acontecesse. Como as antigas Guerras Púnicas geraram o recente conflito, também esta guerra, no seu devido tempo, trará a renovação da luta, a não ser que demonstremos um espírito de bondade ao tratar com o adversário vencido, ao invés de tratá-lo como fez Roma no passado, sem misericórdia, nem consideração. O poder de agredir os outros deve ser eliminado dos militaristas dessas nações. E absolutamente imperativo que o mundo seja salvo da repetição dessa catástrofe. As medidas tomadas para assegurar este desejável fim deveriam ser tais, que não só garantissem a paz para a vida atual como também para as futuras vidas, quando encontraremos, com outra aparência, aqueles com os quais estivemos recentemente em guerra.

Deveria ser feita justiça, mas deveria ser equilibrada com clemência para evitar a perpetuidade do ódio. Portanto, são erradas as medidas severas como, por exemplo, o boicote industrial. Bastaria que as nações envolvidas tivessem apenas uma parcela justa do comércio mundial. A nova nação americana, ainda não dominada por qualquer espírito racial, vê com maior imparcialidade e portanto com maior clareza do que qualquer outra, o que é correto. Esperemos que as idéias americanas de justiça prevaleçam. Lembremo-nos de que um erro nunca poderá corrigir e justificar outro, e que devemos viver e deixar viver.

 

CAPÍTULO X - LUZ MÍSTICA NA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

 

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